domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Destino de uma Nação – Alguém dê um Oscar para Gary Oldman

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Direto do TIFF, Festival de Toronto

Dunkirk, por trás dos panos

O mundo do cinema é verdadeiramente mágico. Os filmes nos afetam, mas nós também podemos afetar e influenciar um filme. Com as mídias sociais, o burburinho é cada vez mais alto, e o hype por certas obras podem fazê-la aumentar seu status. Os prêmios da sétima arte são dados por homens, e os tais estão e precisam ficar antenados à voz do povo. Os dois caminham juntos. E assim temos filmes indicados e vencedores de diversos prêmios, como o Oscar, o maior deles.



A verdade é que quando um filme sai das mãos de um diretor ou estúdio para o mundo, ele passa a ser do povo, que irá decidir se vai trata-lo a pão de ló ou a chibatadas. Justamente por isso, o hype, ou uma campanha de marketing bem feita, é o pontapé inicial para uma bela carreira. E O Destino de uma Nação contou justamente com isso. Quando a primeira foto do talentoso veterano Gary Oldman caracterizado de forma irreconhecível como o Primeiro Ministro Britânico Winston Churchill pipocou na rede, gritos de prêmios começaram a ser dados.

É claro também que não é só de hype que se vende um filme, e ele precisa corresponder minimamente. E aqui, é seguro dizer que não apenas Oldman e O Destino de uma Nação cumprem o prometido, como o excedem. Na trama, Oldman vive Churchill, um político britânico nomeado ao cargo máximo do país, na era mais sombria para a Inglaterra, quando Hitler dominava a França durante a Segunda Guerra Mundial. Milhares de soldados britânicos ficaram ilhados, precisando ser resgatados por barcos civis, trecho da história narrado no blockbuster recente Dunkirk, de Christopher Nolan – que forma com este uma dobradinha histórica interessante, independente dos tons díspares das duas produções.

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A maquiagem que transforma Oldman em Churchill é impressionante, mostrando que agora finalmente a técnica talvez tenha atingido a perfeição. É seguro dizer que sairá vitoriosa no Oscar. Já Oldman, não se segura somente nela para compor o autoritário político. Essa é uma performance daquelas únicas, mesmo num currículo como o do ator, que injustamente só tem uma indicação ao prêmio máximo do cinema – por O Espião que Sabia Demais (2011). Oldman confecciona todo um trabalho de voz, enfatizando os murmúrios de Churchill, além de um trabalho de postura (imposição) e um trabalho corporal (na forma como se move ou simplesmente se posiciona sentado no escuro). Fato que coloca o ator na dianteira desta corrida pela glória.

O novo filme do cineasta Joe Wright, especializado em cinema britânico classudo e de grande escopo (vide Orgulho & Preconceito e Desejo e Reparação), é um thriller político que remete aos clássicos do cinema. O longa cria grandes momentos, através de diálogos intensos, desenvolvimento de personagens e densas atuações, mais uma vez destaque absoluto para o rouba cenas Oldman. Mas também temos interpretações sólidas de Kristin Scott Thomas na pele da esposa do protagonista, Ben Mendelsohn como o Rei George VI (o mesmo defendido por Colin Firth e que lhe rendeu um Oscar em O Discurso do Rei – aqui totalmente curado de seu problema de fala), e mais vistosamente as atuações de Lily James, exalando carisma na pele da secretária Elizabeth Layton, e Stephen Dillane (Game of Thrones) como o Visconde Halifax.

Inicialmente, O Destino de uma Nação era vendido como um filme sobre o relacionamento entre Churchill e sua secretária, inclusive apresentando tudo do ponto de vista da jovem mulher. Não é isso que ocorre, ainda bem. Apesar de uma atuação muito interessante, a personagem de James (e que ano a atriz teve, entre este filme e Em Ritmo de Fuga) é somente uma nota de rodapé. Oldman e seu Churchill são o peso dessa balança. Wright humaniza seu protagonista e cria cenas especialmente significativas para que possamos conhecê-lo cada vez mais – como a belíssima cena do metrô. O diretor consegue transmitir o equilíbrio perfeito entre uma obra de personagem, no qual a biografia de Churchill é o destaque, com um filme histórico, que decide narrar um único momento, com seus dias contados na forma de calendário na tela, como uma espécie de 24 Horas da década de 1940.

Wright impõe bom ritmo à obra, mesclando momentos incrivelmente tensos, como uma sequência assombrosa de discussão entre Oldman e Dillane, que se estende por duas cenas, e outros bem humanos, nos quais o diretor aposta na melancolia para recriar um dos períodos mais escuros e desesperadores que o mundo já viu, não importando a sua nacionalidade. O Destino de uma Nação é cinema político necessário, que demonstra a essência de governantes cujo único propósito é a salvação de um país. Algo com que os brasileiros, infelizmente, não irão se identificar.

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A verdade é que quando um filme sai das mãos de um diretor ou estúdio para o mundo, ele passa a ser do povo, que irá decidir se vai trata-lo a pão de ló ou a chibatadas. Justamente por isso, o hype, ou uma campanha de marketing bem feita, é o pontapé inicial para uma bela carreira. E O Destino de uma Nação contou justamente com isso. Quando a primeira foto do talentoso veterano Gary Oldman caracterizado de forma irreconhecível como o Primeiro Ministro Britânico Winston Churchill pipocou na rede, gritos de prêmios começaram a ser dados.

É claro também que não é só de hype que se vende um filme, e ele precisa corresponder minimamente. E aqui, é seguro dizer que não apenas Oldman e O Destino de uma Nação cumprem o prometido, como o excedem. Na trama, Oldman vive Churchill, um político britânico nomeado ao cargo máximo do país, na era mais sombria para a Inglaterra, quando Hitler dominava a França durante a Segunda Guerra Mundial. Milhares de soldados britânicos ficaram ilhados, precisando ser resgatados por barcos civis, trecho da história narrado no blockbuster recente Dunkirk, de Christopher Nolan – que forma com este uma dobradinha histórica interessante, independente dos tons díspares das duas produções.

A maquiagem que transforma Oldman em Churchill é impressionante, mostrando que agora finalmente a técnica talvez tenha atingido a perfeição. É seguro dizer que sairá vitoriosa no Oscar. Já Oldman, não se segura somente nela para compor o autoritário político. Essa é uma performance daquelas únicas, mesmo num currículo como o do ator, que injustamente só tem uma indicação ao prêmio máximo do cinema – por O Espião que Sabia Demais (2011). Oldman confecciona todo um trabalho de voz, enfatizando os murmúrios de Churchill, além de um trabalho de postura (imposição) e um trabalho corporal (na forma como se move ou simplesmente se posiciona sentado no escuro). Fato que coloca o ator na dianteira desta corrida pela glória.

O novo filme do cineasta Joe Wright, especializado em cinema britânico classudo e de grande escopo (vide Orgulho & Preconceito e Desejo e Reparação), é um thriller político que remete aos clássicos do cinema. O longa cria grandes momentos, através de diálogos intensos, desenvolvimento de personagens e densas atuações, mais uma vez destaque absoluto para o rouba cenas Oldman. Mas também temos interpretações sólidas de Kristin Scott Thomas na pele da esposa do protagonista, Ben Mendelsohn como o Rei George VI (o mesmo defendido por Colin Firth e que lhe rendeu um Oscar em O Discurso do Rei – aqui totalmente curado de seu problema de fala), e mais vistosamente as atuações de Lily James, exalando carisma na pele da secretária Elizabeth Layton, e Stephen Dillane (Game of Thrones) como o Visconde Halifax.

Inicialmente, O Destino de uma Nação era vendido como um filme sobre o relacionamento entre Churchill e sua secretária, inclusive apresentando tudo do ponto de vista da jovem mulher. Não é isso que ocorre, ainda bem. Apesar de uma atuação muito interessante, a personagem de James (e que ano a atriz teve, entre este filme e Em Ritmo de Fuga) é somente uma nota de rodapé. Oldman e seu Churchill são o peso dessa balança. Wright humaniza seu protagonista e cria cenas especialmente significativas para que possamos conhecê-lo cada vez mais – como a belíssima cena do metrô. O diretor consegue transmitir o equilíbrio perfeito entre uma obra de personagem, no qual a biografia de Churchill é o destaque, com um filme histórico, que decide narrar um único momento, com seus dias contados na forma de calendário na tela, como uma espécie de 24 Horas da década de 1940.

Wright impõe bom ritmo à obra, mesclando momentos incrivelmente tensos, como uma sequência assombrosa de discussão entre Oldman e Dillane, que se estende por duas cenas, e outros bem humanos, nos quais o diretor aposta na melancolia para recriar um dos períodos mais escuros e desesperadores que o mundo já viu, não importando a sua nacionalidade. O Destino de uma Nação é cinema político necessário, que demonstra a essência de governantes cujo único propósito é a salvação de um país. Algo com que os brasileiros, infelizmente, não irão se identificar.

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