quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | O Esquadrão Suicida – James Gunn entrega uma obra-prima

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Quando “Esquadrão Suicida” chegou aos cinemas em 2016, as altas expectativas acerca do projeto se esvaíram logo no primeiro final de semana, quando a audiência percebeu o tamanho da bomba pela qual pagou para assistir. O desperdício de vilões conhecidos dos quadrinhos foi quase revoltante, dada a falta de criatividade, coragem e ousadia do roteiro e também da direção. Conduzido por David Ayer como se fosse um videoclipe, o longa foi uma verdadeira tragédia que praticamente sepultou outros futuros projetos do DCU que fugissem do núcleo básico da Liga da Justiça. Na época, uma crítica popular associada ao filme foi que ele falhava em tentar replicar o estilo dos Guardiões da Galáxia, sucesso da Marvel que adaptou personagens de pouco nome nos quadrinhos para as telonas. Então, com a polêmica envolvendo o diretor desse filme, James Gunn, que ocasionou sua temporária demissão da Disney, a Warner correu atrás dele para tentar seduzi-lo a dirigir um filme do Superman. O diretor recusou a oferta, mas se disse interessado em dar uma segunda chance ao Esquadrão, contanto que tivesse a liberdade para fazê-lo conforme achasse melhor. O estúdio deu sinal verde e assim começou a se desenhar o filme mais ousado de todo o Universo DC nos cinemas: O Esquadrão Suicida.

O filme estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas de todo o Brasil. Sendo oficialmente uma sequência, mas com jeitão de reboot, O Esquadrão Suicida é um resumo fantabuloso da carreira de James Gunn, tanto como diretor quanto roteirista. Sem usar como base um arco das HQs, o diretor e roteirista teve a liberdade de trazer vários elementos de épocas distintas dos Esquadrões dos quadrinhos e usou todos os elementos clássicos de seus filmes pré-Marvel, como a violência gore, típica dos filmes de terror B, o humor politicamente incorreto, a tensão, a sexualidade e um uso caricato de cores que casa muito bem com a proposta dos filmes dos quadrinhos. Além, claro, da trilha musical afiada que, apesar de não funcionar como uma personagem, embala as sequências de ação sem parecer um videoclipe. E os diálogos flertam entre a bobeira e o genial numa linha tênue, o que garante muitos risos, mesmo que saiam de forma desconfortável.



E esse desconforto, seja nas cenas mais cômicas ou nas cenas mais tensas, é o grande diferencial do filme. Ele consegue desenvolver seus personagens com a mesma facilidade que tem para descartá-los com mortes terrivelmente explícitas. E aí que fica interessante. Porque mesmo sendo cenas terríveis de massacre, a direção as conduz como se fossem uma dança mortal que te instiga a ver e a torcer para que seu personagem favorito não morra na próxima cena. Afinal, qual o sentido de ter um “Esquadrão Suicida” se a equipe criativa por trás não tiver a coragem de justificar esse “Suicida” aí no título? Então, não adianta se apegar aos personagens porque as chances deles terminarem a história bem são poucas.

Ao abraçar esse contexto de que todos eles são descartáveis para a inescrupulosa Amanda Waller (Viola Davis), o filme consegue trazer esse perigo de que ninguém está a salvo para as telas, mas em momento algum tenta se levar a sério. Nesse ponto, chega a ser louvável como a direção se preocupa em desenvolver e trabalhar personagens que não voltarão a aparecer novamente. Isso mostra um carinho muito grande envolvido no projeto, feito por gente que gosta do Esquadrão Suicida e gosta de cinema. É uma aventura macabra, divertida e com personalidade que choca e entretém na mesma medida. É um festival espalhafatoso e sombrio que deixa um gosto agridoce na boca e introduz personagens que ganharão um novo patamar no panteão dos ícones da Cultura Pop.

Falando especificamente dos personagens, alguns retornam da bomba original, apesar de viverem em situações diferentes agora, enquanto dezenas de novos vilões são apresentados para a equipe. Cada um tem sua particularidade e todos contribuem para o espetáculo. O grande destaque é a Caça-Ratos II, vivida pela portuguesa Daniela Melchior. Ela é a “Millennial” do grupo, então consegue trazer uma profundidade bem grande para si e para outros membros mais velhos do time, como o Tubarão Rei. Falando nele, a interpretação de Sylvester Stallone no peixão de bermudinha é muito divertida e vai cativar a muitos com a violência brutal mais fofa do DCU. Por fim, vale destacar o uso da Arlequina, que não é sexualizada, não é forçada e conta com uma interpretação incrível de Margot Robbie, que fica sempre muito à vontade na pele da doidinha favorita de todos. Inclusive, não é absurdo nenhum dizer que ela se emancipou muito mais nesse filme do que em sua última aparição. E não ter essa necessidade de ser a protagonista da história, que não se curva a ela o tempo todo, deu uma leveza fantástica para a personagem. Claro que há muitos outros personagens incríveis no filme, como o Pacificador (John Cena) e tantos mais. No entanto, vamos nos ater a falar somente desses três para evitar spoilers.

Enfim, O Esquadrão Suicida é uma sequência que não te obriga a ver o anterior para entender a história. Ele se sustenta sozinho e aumenta o panteão de personagens memoráveis da DC nas telonas. A estrutura narrativa, a forma de abordagem dos personagens e o estilo de direção de James Gunn transformam essa aventura praticamente episódica em um clássico instantâneo dos filmes baseados em quadrinhos. Repleto de violência, personalidade, ação, membros decepados, zero slow motion e uma mensagem política mais que pertinente, O Esquadrão Suicida é mais um acerto da DC nos cinemas. O que nos faz lamentar que tenham perdido tantos anos seguindo um estilo contrário ao de 80% de seus personagens retratados em tela.  Por outro lado, abre-se todo um novo horizonte para filmes verdadeiramente ousados e novos dentro do gênero no UDC. Basta que mantenham essa proposta de diretores realmente bons, como Gunn, que trabalhem de acordo com os personagens escolhidos e tenham liberdade para trazerem suas visões para as telonas.

Ah, importante avisar: se você tiver medo, nojo, asco, trauma ou fobia de ratos, passe longe desse filme. Praticamente toda cena do longa tem um roedor sendo mostrado.

O Esquadrão Suicida estreia em 5 de agosto de 2021.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O filme estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas de todo o Brasil. Sendo oficialmente uma sequência, mas com jeitão de reboot, O Esquadrão Suicida é um resumo fantabuloso da carreira de James Gunn, tanto como diretor quanto roteirista. Sem usar como base um arco das HQs, o diretor e roteirista teve a liberdade de trazer vários elementos de épocas distintas dos Esquadrões dos quadrinhos e usou todos os elementos clássicos de seus filmes pré-Marvel, como a violência gore, típica dos filmes de terror B, o humor politicamente incorreto, a tensão, a sexualidade e um uso caricato de cores que casa muito bem com a proposta dos filmes dos quadrinhos. Além, claro, da trilha musical afiada que, apesar de não funcionar como uma personagem, embala as sequências de ação sem parecer um videoclipe. E os diálogos flertam entre a bobeira e o genial numa linha tênue, o que garante muitos risos, mesmo que saiam de forma desconfortável.

E esse desconforto, seja nas cenas mais cômicas ou nas cenas mais tensas, é o grande diferencial do filme. Ele consegue desenvolver seus personagens com a mesma facilidade que tem para descartá-los com mortes terrivelmente explícitas. E aí que fica interessante. Porque mesmo sendo cenas terríveis de massacre, a direção as conduz como se fossem uma dança mortal que te instiga a ver e a torcer para que seu personagem favorito não morra na próxima cena. Afinal, qual o sentido de ter um “Esquadrão Suicida” se a equipe criativa por trás não tiver a coragem de justificar esse “Suicida” aí no título? Então, não adianta se apegar aos personagens porque as chances deles terminarem a história bem são poucas.

Ao abraçar esse contexto de que todos eles são descartáveis para a inescrupulosa Amanda Waller (Viola Davis), o filme consegue trazer esse perigo de que ninguém está a salvo para as telas, mas em momento algum tenta se levar a sério. Nesse ponto, chega a ser louvável como a direção se preocupa em desenvolver e trabalhar personagens que não voltarão a aparecer novamente. Isso mostra um carinho muito grande envolvido no projeto, feito por gente que gosta do Esquadrão Suicida e gosta de cinema. É uma aventura macabra, divertida e com personalidade que choca e entretém na mesma medida. É um festival espalhafatoso e sombrio que deixa um gosto agridoce na boca e introduz personagens que ganharão um novo patamar no panteão dos ícones da Cultura Pop.

Falando especificamente dos personagens, alguns retornam da bomba original, apesar de viverem em situações diferentes agora, enquanto dezenas de novos vilões são apresentados para a equipe. Cada um tem sua particularidade e todos contribuem para o espetáculo. O grande destaque é a Caça-Ratos II, vivida pela portuguesa Daniela Melchior. Ela é a “Millennial” do grupo, então consegue trazer uma profundidade bem grande para si e para outros membros mais velhos do time, como o Tubarão Rei. Falando nele, a interpretação de Sylvester Stallone no peixão de bermudinha é muito divertida e vai cativar a muitos com a violência brutal mais fofa do DCU. Por fim, vale destacar o uso da Arlequina, que não é sexualizada, não é forçada e conta com uma interpretação incrível de Margot Robbie, que fica sempre muito à vontade na pele da doidinha favorita de todos. Inclusive, não é absurdo nenhum dizer que ela se emancipou muito mais nesse filme do que em sua última aparição. E não ter essa necessidade de ser a protagonista da história, que não se curva a ela o tempo todo, deu uma leveza fantástica para a personagem. Claro que há muitos outros personagens incríveis no filme, como o Pacificador (John Cena) e tantos mais. No entanto, vamos nos ater a falar somente desses três para evitar spoilers.

Enfim, O Esquadrão Suicida é uma sequência que não te obriga a ver o anterior para entender a história. Ele se sustenta sozinho e aumenta o panteão de personagens memoráveis da DC nas telonas. A estrutura narrativa, a forma de abordagem dos personagens e o estilo de direção de James Gunn transformam essa aventura praticamente episódica em um clássico instantâneo dos filmes baseados em quadrinhos. Repleto de violência, personalidade, ação, membros decepados, zero slow motion e uma mensagem política mais que pertinente, O Esquadrão Suicida é mais um acerto da DC nos cinemas. O que nos faz lamentar que tenham perdido tantos anos seguindo um estilo contrário ao de 80% de seus personagens retratados em tela.  Por outro lado, abre-se todo um novo horizonte para filmes verdadeiramente ousados e novos dentro do gênero no UDC. Basta que mantenham essa proposta de diretores realmente bons, como Gunn, que trabalhem de acordo com os personagens escolhidos e tenham liberdade para trazerem suas visões para as telonas.

Ah, importante avisar: se você tiver medo, nojo, asco, trauma ou fobia de ratos, passe longe desse filme. Praticamente toda cena do longa tem um roedor sendo mostrado.

O Esquadrão Suicida estreia em 5 de agosto de 2021.

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