domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Favorito – Hugh Jackman e Jason Reitman em eleição para… prêmios

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Altos e baixos são inerentes de todas as carreiras profissionais. E para diretores de cinema não é diferente. Jason Reitman, cineasta de 41 anos, considerado menino prodígio ao surgir em cena na década passada, sabe muito bem disso. Quando emergiu em Hollywood, seu cinema logo foi considerado questionador, incorreto e subversivo – todas as qualidades admiradas pelos avaliadores. De fato, até Ivan Reitman (Os Caça-Fantamas), seu progenitor, reconheceu que o filho tem mais talento na arte que dominam. Muitos concordam que não é papo de paizão coruja.

Depois de um início de carreira banhado em obras relevantes e bastante cínicas, Jason Reitman se enveredou por projetos cuja temática e teor caminhavam pela tênue linha da pieguice. Recobrando seu posto como um dos cineastas mais interessantes da nova geração, Reitman teve um ano de 2018 muito produtivo, que o colocou novamente no topo da cadeia alimentar. Sua veia amarga voltou a pulsar e o diretor abraçou novamente temas polêmicos, abordando-os de forma extremamente identificável. Tully, com Charlize Theron é indubitavelmente um dos pontos altos da primeira metade do ano, e agora ele completa a boa fase com O Favorito.



Na trama, Hugh Jackman (Logan) oferece um dos melhores desempenhos de sua carreira na pele de Gary Hart, senador americano, candidato à presidência dos EUA pelo partido democrata. Favorito dentro do partido e para ocupar a vaga na Casa Branca como o homem mais poderoso do mundo, a trajetória do político sofre uma guinada inacreditável quando ele se retira da disputa devido a um escândalo extraconjugal envolvendo seu nome.

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Aqui no Brasil, onde o país passa por uma era extremamente politizada, na qual jovens procuram estar por dentro de certos temas como nunca antes – muito devido ao advento das redes sociais -, o novo longa de Reitman se mostra instantaneamente um material de estudo compelativo.

Fosse apenas por seu material fonte, baseado no livro ‘All The Truth is Out’, de Matt Bai, O Favorito já valeria a sessão. As questões levantadas pelo texto são realmente atemporais e dizem muito a respeito de políticos, vida pública, imprensa e o cidadão comum. Se formos levar em conta que o ocorrido se deu em 1988 e que desde então tais fatores apenas se intensificaram providos pela internet, o filme se cimenta ainda mais como reflexo premonitório, mostrando que, apesar de nossa evolução como sociedade em variados aspectos, muito ainda permanece estagnado. Julgamentos de falso moralismo e preservação ideológica – que se restrinjam à vida pessoal de um representante e não firam qualquer ideologia alheia – tidos como postura essencial para um governante, sobressaindo à suas capacidades administrativas, pulsam como forte tópico a ser discutido na produção.

Fora isso, Reitman exibe plena forma narrativa, criando uma atmosfera naturalista em muitas cenas que soam como improviso, adquirindo ares quase documentais. Suas escolhas de ângulos e posicionamento de câmera – às vezes mantendo um distanciamento estratégico e outras nos levando por trás das cortinas – são usadas como contraponto a grandes confecções de cenas, donas de embates virtuosos remanescentes dos filmes emblemáticos de Hollywood. São muitos momentos que desde já são cravados na memória e prometem não sair tão cedo.

Servindo os trechos mais poderosos estão performances do calibre das de Jackman, Vera Farmiga (em especial) e o restante do elenco. O protagonista realmente nunca esteve melhor do que seu retrato do senador em saia justa- a tensão crescente é notável em seu semblante através de explosões verborrágicas e momentos introspectivos, nos quais a atuação se dá de forma minimalista e contemplativa. Farmiga segue de perto, num delicioso bate bola.

O Favorito é o filme mais maduro da carreira de Jason Reitman, no qual o cinismo evolui de sátira para um patamar inquisidor, demonstrando o potencial, dever e responsabilidade que o cinema político, mesmo que moldado num formato de entretenimento mainstream, pode assumir.

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Depois de um início de carreira banhado em obras relevantes e bastante cínicas, Jason Reitman se enveredou por projetos cuja temática e teor caminhavam pela tênue linha da pieguice. Recobrando seu posto como um dos cineastas mais interessantes da nova geração, Reitman teve um ano de 2018 muito produtivo, que o colocou novamente no topo da cadeia alimentar. Sua veia amarga voltou a pulsar e o diretor abraçou novamente temas polêmicos, abordando-os de forma extremamente identificável. Tully, com Charlize Theron é indubitavelmente um dos pontos altos da primeira metade do ano, e agora ele completa a boa fase com O Favorito.

Na trama, Hugh Jackman (Logan) oferece um dos melhores desempenhos de sua carreira na pele de Gary Hart, senador americano, candidato à presidência dos EUA pelo partido democrata. Favorito dentro do partido e para ocupar a vaga na Casa Branca como o homem mais poderoso do mundo, a trajetória do político sofre uma guinada inacreditável quando ele se retira da disputa devido a um escândalo extraconjugal envolvendo seu nome.

Aqui no Brasil, onde o país passa por uma era extremamente politizada, na qual jovens procuram estar por dentro de certos temas como nunca antes – muito devido ao advento das redes sociais -, o novo longa de Reitman se mostra instantaneamente um material de estudo compelativo.

Fosse apenas por seu material fonte, baseado no livro ‘All The Truth is Out’, de Matt Bai, O Favorito já valeria a sessão. As questões levantadas pelo texto são realmente atemporais e dizem muito a respeito de políticos, vida pública, imprensa e o cidadão comum. Se formos levar em conta que o ocorrido se deu em 1988 e que desde então tais fatores apenas se intensificaram providos pela internet, o filme se cimenta ainda mais como reflexo premonitório, mostrando que, apesar de nossa evolução como sociedade em variados aspectos, muito ainda permanece estagnado. Julgamentos de falso moralismo e preservação ideológica – que se restrinjam à vida pessoal de um representante e não firam qualquer ideologia alheia – tidos como postura essencial para um governante, sobressaindo à suas capacidades administrativas, pulsam como forte tópico a ser discutido na produção.

Fora isso, Reitman exibe plena forma narrativa, criando uma atmosfera naturalista em muitas cenas que soam como improviso, adquirindo ares quase documentais. Suas escolhas de ângulos e posicionamento de câmera – às vezes mantendo um distanciamento estratégico e outras nos levando por trás das cortinas – são usadas como contraponto a grandes confecções de cenas, donas de embates virtuosos remanescentes dos filmes emblemáticos de Hollywood. São muitos momentos que desde já são cravados na memória e prometem não sair tão cedo.

Servindo os trechos mais poderosos estão performances do calibre das de Jackman, Vera Farmiga (em especial) e o restante do elenco. O protagonista realmente nunca esteve melhor do que seu retrato do senador em saia justa- a tensão crescente é notável em seu semblante através de explosões verborrágicas e momentos introspectivos, nos quais a atuação se dá de forma minimalista e contemplativa. Farmiga segue de perto, num delicioso bate bola.

O Favorito é o filme mais maduro da carreira de Jason Reitman, no qual o cinismo evolui de sátira para um patamar inquisidor, demonstrando o potencial, dever e responsabilidade que o cinema político, mesmo que moldado num formato de entretenimento mainstream, pode assumir.

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