quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | O Gênio e o Louco – Filme marca encontro de titãs entre Mel Gibson e Sean Penn

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O Médico e o Monstro

“Um de nós é um gênio e o outro é louco. Mas quem é quem?”. Em um dos diálogos mais interessantes do drama de época O Gênio e o Louco, os astros Mel Gibson e Sean Penn transcendem seus personagens, criando um forte elemento metalinguístico que exala da cena. É precisa conhecer o histórico destas duas lendárias figuras de Hollywood para assimilar todo o significado do momento.

De fato, as carreiras e vidas pessoais, a genialidade e a loucura de Mel Gibson, 63 anos, e Sean Penn, 58 anos, se entrelaçam e se espelham – assim como seus personagens em tela. Donos de carreiras proeminentes e muitos prêmios – dois Oscar cada -, a certa altura ambos estiveram sentados no topo do mundo (leia-se no mais alto estágio da cadeia alimentar de Hollywood), migrando inclusive da frente das telas para se tornarem cineastas de mão cheia. Os dois também viram, algumas vezes, seus castelos de cartas desmoronarem devido a suas vidas íntimas conturbadas.



Na trama, baseada no livro de Simon Winchester, Sean Penn interpreta o Dr. William Chester Minor, médico brilhante que sofre de esquizofrenia e paranoia. Na cena de abertura, o vemos perseguir com sua arma um sujeito, que segundo ele, o vem ameaçando constantemente. Depois de matar o homem, percebe que sequer era seu verdadeiro alvo – que nunca existiu realmente. Condenado, ele cumpre pena no Hospício para Lunáticos Criminosos de Broadmoor, onde uma equipe médica liderada pelo Doutor Brayne (Stephen Dillane) faz de tudo para reverter seu quadro de insanidade – ainda mais quando o sujeito demonstra lucidez, sensatez e domínio sobre seu intelecto avançado por diversas situações.

Somos apresentados também ao Professor James Murray (Mel Gibson), que em uma narrativa paralela, depois de muito esforço para se mostrar à altura do desafio perante uma bancada de eruditos, conquista a liderança na tarefa de formular o dicionário mais completo da época: o dicionário da língua inglesa de Oxford. Para isso, ele terá que reunir todas as palavras – até mesmo as que já não são usadas há décadas – e seus significados, num único livro. Tarefa esta que poderia levar uma eternidade, mas que, segundo garante o mesmo, tomará menos de uma década – desde que tenha a ajuda necessária. O destino dos dois acidentalmente se cruza quando, de dentro do seu cárcere, Minor se depara com tal informação, entra em contato e começa a ser o maior colaborador do projeto.

Um dos fatores mais entusiasmantes de O Gênio e o Louco é perceber o quão dispostos e entregues ao projeto estão estes astros veteranos. Este não é um filme no qual atores de certa magnitude se encontram ligados no automático. Muito pelo contrário, suas performances soam no nível de seus melhores trabalhos. Em especial Penn mergulha de cabeça numa atuação tão intensa como as melhores que já desempenhou. O ator se abre e reflete fragilidade, força e demência com o equilíbrio perfeito, que só alguém de seu calibre consegue entregar. Penn ainda topa papéis desafiadores aos quase 60 anos, e os exibe de forma corajosa. É para olharmos e tirarmos o chapéu.

O elenco de apoio não deixa por menos, e vale destacar Eddie Marsan na pele do carcereiro Muncie, um dos mais humanos que o cinema já viu. Outra que precisa ser enaltecida dentre os coadjuvantes é a jovem Natalie Dormer. Vinda de séries de TV (como Tudors e Game of Thrones), a atriz ainda não havia tido chance de demonstrar grande parte de seu alcance dramático – é seguro dizer que aqui, Dormer dá um grande passo em sua carreira, segurando as rédeas ao lado de monstros intimidadores como Penn e Gibson.

O roteiro conta com a assinatura do cineasta veterano John Boorman (Amargo Pesadelo e Excalibur) – o que faz de O Gênio e o Louco um filme com ares de clássico – e do próprio diretor do longa, o iraniano Farhad Safinia, colaborador de Gibson em Apocalypto (2006), no qual assinou roteiro e produção.

Mantendo a estigma de “garotos problema”, o lançamento de O Gênio e o Louco não está sendo suave. Gibson, dono dos direitos do livro ‘The Surgeon of Crowthorne‘ desde 1999, processou a produtora do filme Voltage Pictures, que devido a problemas orçamentários precisou cortar filmagens na verdadeira Oxford, Inglaterra. Gibson deixou a produção, ao lado do diretor Safinia (que foi substituído por Todd Komarnicki, terceiro roteirista do longa), perdeu a briga judicial e se recusou a promover o lançamento. O resultado, no entanto, é um drama humano e emotivo acima da média.

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De fato, as carreiras e vidas pessoais, a genialidade e a loucura de Mel Gibson, 63 anos, e Sean Penn, 58 anos, se entrelaçam e se espelham – assim como seus personagens em tela. Donos de carreiras proeminentes e muitos prêmios – dois Oscar cada -, a certa altura ambos estiveram sentados no topo do mundo (leia-se no mais alto estágio da cadeia alimentar de Hollywood), migrando inclusive da frente das telas para se tornarem cineastas de mão cheia. Os dois também viram, algumas vezes, seus castelos de cartas desmoronarem devido a suas vidas íntimas conturbadas.

Na trama, baseada no livro de Simon Winchester, Sean Penn interpreta o Dr. William Chester Minor, médico brilhante que sofre de esquizofrenia e paranoia. Na cena de abertura, o vemos perseguir com sua arma um sujeito, que segundo ele, o vem ameaçando constantemente. Depois de matar o homem, percebe que sequer era seu verdadeiro alvo – que nunca existiu realmente. Condenado, ele cumpre pena no Hospício para Lunáticos Criminosos de Broadmoor, onde uma equipe médica liderada pelo Doutor Brayne (Stephen Dillane) faz de tudo para reverter seu quadro de insanidade – ainda mais quando o sujeito demonstra lucidez, sensatez e domínio sobre seu intelecto avançado por diversas situações.

Somos apresentados também ao Professor James Murray (Mel Gibson), que em uma narrativa paralela, depois de muito esforço para se mostrar à altura do desafio perante uma bancada de eruditos, conquista a liderança na tarefa de formular o dicionário mais completo da época: o dicionário da língua inglesa de Oxford. Para isso, ele terá que reunir todas as palavras – até mesmo as que já não são usadas há décadas – e seus significados, num único livro. Tarefa esta que poderia levar uma eternidade, mas que, segundo garante o mesmo, tomará menos de uma década – desde que tenha a ajuda necessária. O destino dos dois acidentalmente se cruza quando, de dentro do seu cárcere, Minor se depara com tal informação, entra em contato e começa a ser o maior colaborador do projeto.

Um dos fatores mais entusiasmantes de O Gênio e o Louco é perceber o quão dispostos e entregues ao projeto estão estes astros veteranos. Este não é um filme no qual atores de certa magnitude se encontram ligados no automático. Muito pelo contrário, suas performances soam no nível de seus melhores trabalhos. Em especial Penn mergulha de cabeça numa atuação tão intensa como as melhores que já desempenhou. O ator se abre e reflete fragilidade, força e demência com o equilíbrio perfeito, que só alguém de seu calibre consegue entregar. Penn ainda topa papéis desafiadores aos quase 60 anos, e os exibe de forma corajosa. É para olharmos e tirarmos o chapéu.

O elenco de apoio não deixa por menos, e vale destacar Eddie Marsan na pele do carcereiro Muncie, um dos mais humanos que o cinema já viu. Outra que precisa ser enaltecida dentre os coadjuvantes é a jovem Natalie Dormer. Vinda de séries de TV (como Tudors e Game of Thrones), a atriz ainda não havia tido chance de demonstrar grande parte de seu alcance dramático – é seguro dizer que aqui, Dormer dá um grande passo em sua carreira, segurando as rédeas ao lado de monstros intimidadores como Penn e Gibson.

O roteiro conta com a assinatura do cineasta veterano John Boorman (Amargo Pesadelo e Excalibur) – o que faz de O Gênio e o Louco um filme com ares de clássico – e do próprio diretor do longa, o iraniano Farhad Safinia, colaborador de Gibson em Apocalypto (2006), no qual assinou roteiro e produção.

Mantendo a estigma de “garotos problema”, o lançamento de O Gênio e o Louco não está sendo suave. Gibson, dono dos direitos do livro ‘The Surgeon of Crowthorne‘ desde 1999, processou a produtora do filme Voltage Pictures, que devido a problemas orçamentários precisou cortar filmagens na verdadeira Oxford, Inglaterra. Gibson deixou a produção, ao lado do diretor Safinia (que foi substituído por Todd Komarnicki, terceiro roteirista do longa), perdeu a briga judicial e se recusou a promover o lançamento. O resultado, no entanto, é um drama humano e emotivo acima da média.

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