segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | O Homem Água: Netflix lança emocionante aventura dramática sobre luto e esperança

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2020

Sem as cicatrizes da calejada vida adulta, as crianças são aquelas que enxergam o mundo para além de suas próprias possibilidades. Criando universos e desenhando soluções para problemas que as gerações mais velhas não conseguem resolver, elas fazem o seu imaginário infantil ganhar vida como uma forma de também controlarem suas próprias histórias, principalmente quando se torna impossível dominar o mundo ao seu redor. E extrair toda essa complexidade e simplicidade para o cinema é um desafio que o astro David Oyelowo desempenha com maestria em sua estreia na direção, em O Homem Água (The Water Man). Reunindo famílias em torno de uma temática tão delicada, ele inicia sua jornada como cineasta em uma aventura dramática que é pura catarse.



Diante de um quadro clínico onde já não há mais uma solução, Mary (Rosario Dawson) e Amos (Oyelowo) se veem forçados a esconder o diagnóstico de um câncer terminal do jovem Gunner (Lonnie Chavis). A fim de privá-lo da dura realidade do falecimento precoce da própria mãe, o casal tenta blindar seu filho de uma das piores dores do mundo, na tentativa de conservar sua pureza. Inevitavelmente, os reflexos do da doença falam mais alto e à medida em que o garoto começa a ter ciência de que o vigor de sua mãe está se esvaindo, ele acaba se deparando com a lenda do Homem Água, uma figura folclórica mágica que – com sua imortalidade – promete trazer à vida aquilo que um dia já se foi ou está indo embora.

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A vontade inestimável e inesgotável de reverter uma circunstância tão dolorosa coloca Gunner em uma jornada em meio a uma vasta floresta, que luta para se manter viva e verde diante de um poderoso incêndio que nos remete aos caóticos quadros vistos recentemente na Austrália e no estado norte-americano da Califórnia. Sua busca o conecta a uma jovem de mesma idade, que se apega ao mesmo conto folclórico para se livrar da sua própria tragédia familiar. Com dores dilacerantes demais para crianças testemunharem, ambos encontram um no outro um pequeno fio de esperança que pode transformar suas histórias.

E é com toda essa delicadeza do roteiro assinado por Emma Needel que nós, enquanto audiência, somos levados a uma profunda e inesperada epifania intimista. Conforme caminhamos com a narrativa, acompanhando a jornada aventureira de Gunner e Jo (Amiah Miller), mais somos tomados pelo seu próprio imaginário, transformando-o até mesmo na realidade que queremos crer e que esperamos ser genuína. Encantados por sua determinação em encontrar a cura para o câncer de sua mãe, ansiamos pelo mesmo desejo, buscamos a tal cura e aguardamos um final feliz.

Inebriando a audiência pela coragem, bravura e tristeza do protagonista, O Homem Água é uma aventura dramática apaixonante e extasiante. Catártica em toda a sua construção, a trama se desenvolve com presteza diante dos olhos e apela para os nossos próprios dilemas emocionais. Brincando com o imaginário infantil do começo ao fim, o longa de Oyelowo, produzido por Oprah Winfrey, é maduro e usa esse aspecto estilístico como um elemento chave para sua construção narrativa. Feito exatamente para dialogar com uma vasta audiência, a produção possui uma sensibilidade poderosa para tratar assuntos delicados com uma turma bem mais jovem. Se comunicando com precisão com o público infantil, o longa traz assuntos que raramente são abordados com os pequenos, como o luto, a perda e as rachaduras presentes em relações familiares fragilizadas.

Com atuações sensíveis que só fortalecem o nível de identificação da audiência com os personagens, a aventura familiar ainda funciona como uma jornada de autodescoberta para o público. A partir da dor de uma família, somos todos encorajados à uma sensível reflexão sobre as inevitáveis dores da vida. E embora o seu clímax seja um tanto comum, seu objetivo é de fato sustentar a verdadeira premissa de O Homem Água, que é convidar famílias inteiras a dialogarem com leveza e maturidade sobre o quanto é importante aprender a lidar com aquilo que está distante do nosso controle. Uma lição que é válida para qualquer tipo de imaginário que possa existir.

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Diante de um quadro clínico onde já não há mais uma solução, Mary (Rosario Dawson) e Amos (Oyelowo) se veem forçados a esconder o diagnóstico de um câncer terminal do jovem Gunner (Lonnie Chavis). A fim de privá-lo da dura realidade do falecimento precoce da própria mãe, o casal tenta blindar seu filho de uma das piores dores do mundo, na tentativa de conservar sua pureza. Inevitavelmente, os reflexos do da doença falam mais alto e à medida em que o garoto começa a ter ciência de que o vigor de sua mãe está se esvaindo, ele acaba se deparando com a lenda do Homem Água, uma figura folclórica mágica que – com sua imortalidade – promete trazer à vida aquilo que um dia já se foi ou está indo embora.

A vontade inestimável e inesgotável de reverter uma circunstância tão dolorosa coloca Gunner em uma jornada em meio a uma vasta floresta, que luta para se manter viva e verde diante de um poderoso incêndio que nos remete aos caóticos quadros vistos recentemente na Austrália e no estado norte-americano da Califórnia. Sua busca o conecta a uma jovem de mesma idade, que se apega ao mesmo conto folclórico para se livrar da sua própria tragédia familiar. Com dores dilacerantes demais para crianças testemunharem, ambos encontram um no outro um pequeno fio de esperança que pode transformar suas histórias.

E é com toda essa delicadeza do roteiro assinado por Emma Needel que nós, enquanto audiência, somos levados a uma profunda e inesperada epifania intimista. Conforme caminhamos com a narrativa, acompanhando a jornada aventureira de Gunner e Jo (Amiah Miller), mais somos tomados pelo seu próprio imaginário, transformando-o até mesmo na realidade que queremos crer e que esperamos ser genuína. Encantados por sua determinação em encontrar a cura para o câncer de sua mãe, ansiamos pelo mesmo desejo, buscamos a tal cura e aguardamos um final feliz.

Inebriando a audiência pela coragem, bravura e tristeza do protagonista, O Homem Água é uma aventura dramática apaixonante e extasiante. Catártica em toda a sua construção, a trama se desenvolve com presteza diante dos olhos e apela para os nossos próprios dilemas emocionais. Brincando com o imaginário infantil do começo ao fim, o longa de Oyelowo, produzido por Oprah Winfrey, é maduro e usa esse aspecto estilístico como um elemento chave para sua construção narrativa. Feito exatamente para dialogar com uma vasta audiência, a produção possui uma sensibilidade poderosa para tratar assuntos delicados com uma turma bem mais jovem. Se comunicando com precisão com o público infantil, o longa traz assuntos que raramente são abordados com os pequenos, como o luto, a perda e as rachaduras presentes em relações familiares fragilizadas.

Com atuações sensíveis que só fortalecem o nível de identificação da audiência com os personagens, a aventura familiar ainda funciona como uma jornada de autodescoberta para o público. A partir da dor de uma família, somos todos encorajados à uma sensível reflexão sobre as inevitáveis dores da vida. E embora o seu clímax seja um tanto comum, seu objetivo é de fato sustentar a verdadeira premissa de O Homem Água, que é convidar famílias inteiras a dialogarem com leveza e maturidade sobre o quanto é importante aprender a lidar com aquilo que está distante do nosso controle. Uma lição que é válida para qualquer tipo de imaginário que possa existir.

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