sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | O Homem Perfeito – Comédia com Luana Piovani discute a Mulher Moderna

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Os Opostos NÃO se atraem

Com uma carreira na TV que já dura 25 anos e no cinema há 15, a jovem veterana Luana Piovani volta aos holofotes nas telonas como protagonista após um hiato de quase cinco anos. Uma das mais belas e carismáticas estrelas de nosso país – dona de personalidade forte e pura presença -, Piovani escolhe como novo projeto este longa de Marcus Baldini, cuja proposta é discutir relacionamentos modernos, e o lugar da mulher de hoje na sociedade e dentro de tal estrutura afetiva.

Na trama, Piovani é Diana, bem sucedida ghost writer, cujo relacionamento com Rodrigo (Marco Luque) chega ao fim por motivo de incompatibilidade, aspirações profissionais e visão de mundo. Bem, às vezes só gostar não basta. Assim, este desequilíbrio entre o pilar de força e vontade que é a mulher, e o retrato do comodismo e síndrome de Peter Pan que é o homem, pende e vira, derrubando a frágil redoma de vidro.



Curando a ressaca moral do término, a madura protagonista resolve focar no trabalho, mas não encontra alívio em sua próxima empreitada: confeccionar a autobiografia de um roqueiro problemático, machista e libertino (papel do ótimo Sergio Guizé). Ao mesmo tempo, Diana, sofrendo da mais pura dor de cotovelo, resolve tomar o caminho mais baixo e azucrinar o novo relacionamento do ex com uma dançarina de espírito livre, bem mais nova e relativamente desapegada – papel de Juliana Paiva. Para isso, ela cria uma falsa identidade virtual e romanceia a “rival”.

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O título “O Homem Perfeito” tem duplo sentido no longa. Ao mesmo tempo em que serve como ideia para os atos perversos da protagonista em relação ao seu desafeto, criando o reflexo de tudo que a menina Mel idealiza em um possível companheiro, também é a missão quase impossível de Diana em seu novo livro: limpar a barra de Caique, o tal roqueiro, transformando-o em uma figura mais palatável ao público.

O Homem Perfeito é o segundo longa do diretor Baldini este ano, após Uma Quase Dupla, comédia escrachada com Tatá Werneck e Cauã Reymond. Baldini é um profissional estabelecido na área, tendo assinado a direção de longas como Bruna Surfistinha (2011) – a qual recebe uma ironizada do novo filme – e Os Homens São de Marte… E é pra Lá que Eu Vou (2014). Ao contrário de Uma Quase Dupla, filme com uma premissa pra lá de interessante, mas que ficou entre erros e acertos, nunca atingindo devidamente um tom coeso, O Homem Perfeito existe numa forma mais harmoniosa, indo do ponto A ao B sem grandes trepidações.

O texto favorece os talentos performáticos deste grande elenco, que faz jus ao material e acrescenta muito frescor aos personagens em atuações chamativas. Dona de um talento indiscutível, Luana Piovani cria uma protagonista talvez muito próxima de sua própria personalidade – como brincou a mesma. Mas o resto do elenco coadjuvante não fica atrás, trazendo bons desempenhos de gente como Juliana Paiva, Sergio Guizé, Marco Luque e Eduardo Sterblitch.

Em entrevista, o elenco e diretor afirmaram que um dos motes do longa, escrito por duas mulheres (as roteiristas Tati Bernardi e Patricia Corso), é forma como as redes sociais interferem em nosso cotidiano ditando regras e criando a artificialidade de uma vida fantasiosa. O Homem Perfeito sem dúvida toca em tais pontos, mas eles são apenas reflexo de relações cada vez mais duvidosas, incompatíveis, egoístas e ególatras.

Curiosamente, o que chama mais atenção em O Homem Perfeito – e que pode ser achado nas entrelinhas – é o libelo feminista. Ao lado do subestimado Mulheres Alteradas, O Homem Perfeito fala através do humor sobre as insatisfações da mulher moderna, exigida em sociedade que compartilhe a vida com alguém. Este alguém que, muitas vezes, não está a par de suas ambições e aspirações, criando um estado de frustração para essas mulheres. Assim, o que ambos os filmes querem dizer é: até que ponto vale estar ao lado de alguém que não está de acordo com nossos objetivos?

Existe muito a ser destrinchado em O Homem Perfeito, e isso sem dúvida é sua melhor qualidade. Os personagens não são superficiais, mas donos de muita humanidade e camadas. Mas tudo, obviamente, servindo numa bandeja do cinema popular nacional, disfarçado de comédia para as massas, o que por si só já afastará os mais puristas e esnobes. Não se deixe enganar, existe muito a ser tirado deste agradável filme de entretenimento.

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Na trama, Piovani é Diana, bem sucedida ghost writer, cujo relacionamento com Rodrigo (Marco Luque) chega ao fim por motivo de incompatibilidade, aspirações profissionais e visão de mundo. Bem, às vezes só gostar não basta. Assim, este desequilíbrio entre o pilar de força e vontade que é a mulher, e o retrato do comodismo e síndrome de Peter Pan que é o homem, pende e vira, derrubando a frágil redoma de vidro.

Curando a ressaca moral do término, a madura protagonista resolve focar no trabalho, mas não encontra alívio em sua próxima empreitada: confeccionar a autobiografia de um roqueiro problemático, machista e libertino (papel do ótimo Sergio Guizé). Ao mesmo tempo, Diana, sofrendo da mais pura dor de cotovelo, resolve tomar o caminho mais baixo e azucrinar o novo relacionamento do ex com uma dançarina de espírito livre, bem mais nova e relativamente desapegada – papel de Juliana Paiva. Para isso, ela cria uma falsa identidade virtual e romanceia a “rival”.

O título “O Homem Perfeito” tem duplo sentido no longa. Ao mesmo tempo em que serve como ideia para os atos perversos da protagonista em relação ao seu desafeto, criando o reflexo de tudo que a menina Mel idealiza em um possível companheiro, também é a missão quase impossível de Diana em seu novo livro: limpar a barra de Caique, o tal roqueiro, transformando-o em uma figura mais palatável ao público.

O Homem Perfeito é o segundo longa do diretor Baldini este ano, após Uma Quase Dupla, comédia escrachada com Tatá Werneck e Cauã Reymond. Baldini é um profissional estabelecido na área, tendo assinado a direção de longas como Bruna Surfistinha (2011) – a qual recebe uma ironizada do novo filme – e Os Homens São de Marte… E é pra Lá que Eu Vou (2014). Ao contrário de Uma Quase Dupla, filme com uma premissa pra lá de interessante, mas que ficou entre erros e acertos, nunca atingindo devidamente um tom coeso, O Homem Perfeito existe numa forma mais harmoniosa, indo do ponto A ao B sem grandes trepidações.

O texto favorece os talentos performáticos deste grande elenco, que faz jus ao material e acrescenta muito frescor aos personagens em atuações chamativas. Dona de um talento indiscutível, Luana Piovani cria uma protagonista talvez muito próxima de sua própria personalidade – como brincou a mesma. Mas o resto do elenco coadjuvante não fica atrás, trazendo bons desempenhos de gente como Juliana Paiva, Sergio Guizé, Marco Luque e Eduardo Sterblitch.

Em entrevista, o elenco e diretor afirmaram que um dos motes do longa, escrito por duas mulheres (as roteiristas Tati Bernardi e Patricia Corso), é forma como as redes sociais interferem em nosso cotidiano ditando regras e criando a artificialidade de uma vida fantasiosa. O Homem Perfeito sem dúvida toca em tais pontos, mas eles são apenas reflexo de relações cada vez mais duvidosas, incompatíveis, egoístas e ególatras.

Curiosamente, o que chama mais atenção em O Homem Perfeito – e que pode ser achado nas entrelinhas – é o libelo feminista. Ao lado do subestimado Mulheres Alteradas, O Homem Perfeito fala através do humor sobre as insatisfações da mulher moderna, exigida em sociedade que compartilhe a vida com alguém. Este alguém que, muitas vezes, não está a par de suas ambições e aspirações, criando um estado de frustração para essas mulheres. Assim, o que ambos os filmes querem dizer é: até que ponto vale estar ao lado de alguém que não está de acordo com nossos objetivos?

Existe muito a ser destrinchado em O Homem Perfeito, e isso sem dúvida é sua melhor qualidade. Os personagens não são superficiais, mas donos de muita humanidade e camadas. Mas tudo, obviamente, servindo numa bandeja do cinema popular nacional, disfarçado de comédia para as massas, o que por si só já afastará os mais puristas e esnobes. Não se deixe enganar, existe muito a ser tirado deste agradável filme de entretenimento.

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