O ano era 2017 e o mundo ficou estarrecido com uma notícia que passou a circular no jornal com alguma frequência: uma espécie de jogo se tornava uma febre pela internet na Rússia, e, aos poucos, estava se expandido no mundo inteiro. Mas não era um jogo comum. Primeiramente, a atividade, anônima, focava em lançar desafios diários para que a pessoa se expusesse, se mutilasse e, eventualmente, era conduzida ao suicídio através de uma intensa e constante manipulação emocional e psicológica.
E esse jogo, chamado de Baleia Azul, tinha como público-alvo majoritariamente jovens adolescentes. Foram dezenas de centenas de notícias de crianças e adolescentes que perderam suas vidas seguindo a esse desafio, e agora, partindo desse mote, o filme russo de terror ‘O Jogo da Morte’ chega aos cinemas reacendendo o alerta.
Dana (Anna Potebnya) e Yulya (Diana Shulmina) são irmãs, mas, apesar disso, brigam muito. Yulya tem um jeitinho especial de manipular a mãe e fazer com que a matriarca sempre decida a seu favor, o que enfurece Dana. Mas, alguns meses depois, Yulya é encontrada morta, e a mãe passa a projetar em Dana todas as suas frustrações e culpas.
Decidida a esclarecer o mistério da morte da irmã, Dana entra no computador da jovem e descobre que ela estava envolvida em uma espécie de jogo mortal, gerenciado por uma tal de Ava. Quando a polícia se mostra ineficiente, Dana decide ela mesma entrar no jogo e participar de todas as etapas do desafio, com o intuito de revelar a verdadeira identidade dos envolvidos na trama. Porém, seu maior desafio, para além de sobreviver ao jogo, será convencer sua mãe de que está falando a verdade.
Duas coisas ficam evidentes logo no início de ‘O Jogo da Morte’: se trata de um filme de baixo orçamento e que fora realizado durante o início da pandemia. A partir do momento em que se percebe esses dois fatores, impressiona o quanto a produção conseguiu realizar dadas as duas circunstâncias limitadoras para fazer o filme acontecer – a questão financeira e a pandemia viral mundial.
Assim, o roteiro de Evgeniya Bogomyakova, Olga Klemesheva e Anna Zaytseva faz um malabarismo grande para inserir elementos e manter a atenção do espectador durante os noventa minutos do longa, conectando o enredo ao universo jovem a partir de elementos cibernéticos. Para tal, a edição e o roteiro se juntam em concepções que se originam na estética de computadores e celulares para demonstrar a investigação da protagonista e suas conversas com amigos e participantes do jogo.
Considerando que todo o drama começa por causa e dentro da internet, é muito interessante a solução encontrada pela diretora Anna Zaytseva em construir um filme que se calca nesse cenário – demonstrando que o espectador, ao desconfiar por encontrar um filme nesse formato, pode ficar tranquilo pois o nosso inconsciente está acostumado a essas telas virtuais e não se cansa de vê-la por uma hora e meia de filme.
Bem realizado dada a realidade da produção e partindo de um argumento relevante e comum no mundo inteiro, ‘O Jogo da Morte’ alerta para os perigos de pais e responsáveis não estarem presente e não ouvirem seus filhos com relação às suas dificuldades e o uso da internet. Embora seja terror, ‘O Jogo da Morte’ assusta por se basear num jogo que ainda acontece no vasto mundo da internet…