segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | O Mandaloriano – Segunda Temporada É Uma Jornada Épica Tal Como A Trilogia Original de ‘Star Wars’

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Muitas gerações cresceram se maravilhando nos cinemas com os filmes de ‘Star Wars’ entre as décadas de 1970 e 2000, e, desde a compra da Lucasfilm pela Disney, em 2002, a empresa do Mickey Mouse tem se dedicado a literalmente expandir o universo da galáxia muito, muito distante. De lá para cá, novos filmes foram lançados, surgiu a plataforma exclusiva Disney Plus e, nela, uma série totalmente inédita, com o enigmático e poderoso nome de ‘O Mandaloriano’. E, mesmo tendo estreado quando a plataforma ainda não estava disponível no Brasil, os fãs brasileiros puderam acompanhar a partir de novembro a metade final da segunda temporada, cujos capítulos estreavam semanalmente como as novelas, e que termina hoje em um tom épico e nostálgico.



Depois de conhecer seu verdadeiro inimigo, Mogg Gideon (Giancarlo Esposito), Din Djarin (Pedro Pascal) continua perambulando pela galáxia atrás de trabalhos que lhe tragam recompensas, só que agora ele também tem dois novos objetivos: encontrar outros Mandalorianos como ele; e encontrar um jedi para poder treinar a criança (que o público carinhosamente chamou de Baby Yoda). Nessa sua jornada, Mando irá receber diversas tarefas, que nem sempre o guiarão na direção de seus objetivos, porém na qual ele contará com a ajuda de parceiros confiáveis que ele vem conhecendo ao longo dos episódios, como Cara Dune (Gina Carano), Greef Karga (Carl Weathers), Bo-katan (Katee Sackhoff) e outros dois personagens especiais, interpretados por Rosario Dawson e Temuera Morrison.

Nesta segunda temporada, ao contrário da primeira, os oito episódios que compõem o arco são marcados por apenas duas etapas no roteiro de George Lucas, Jon Favreau e outros colaboradores: os primeiros cinco episódios têm um ritmo mais lento, meio mecânico até, com o protagonismo centrado no heroísmo de Mando e suas intermináveis missões – tal como ‘Os Doze Trabalhos de Hércules’, em que a conclusão de um desafio leva a outro; e os três episódios finais, recheados de nostalgia, para fazer emocionar o fã raiz, que conduz a um epopeico capítulo final em que é impossível segurar as lágrimas.

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Quando pensamos que ‘O Mandaloriano’ é uma produção da Lucasfilm já dentro do conglomerado da Disney, é impossível não ver as influências de outras produções de sucesso da empresa, como o efeito da arma de Yondo em uma arma de Mando, cena de disputa já vista similarmente em ‘Guardiões da Galáxia’, etc. E, claro, como é, acima de tudo, uma história de George Lucas, é bem bonito identificar como ele resgata e recicla temas e argumentos já desenvolvidos por ele anteriormente (a missão de um indivíduo ter que entregar um bebê e protegê-lo durante a jornada foi primeiramente desenvolvida por ele em ‘Willow – Na Terra da Magia’), e como ele não esconde sua admiração e influência por outros grandes mestres da fantasia, como Tolkien (afinal, o que é o Baby Yoda se não o próprio Um Anel?) e George Martin e seu ‘Game of Thrones’, além de colocar influências da cultura japonesa e oriental no episódio 7, com ambientação que remete ao Japão Feudal, batalhas que lembram os clássicos episódios de Jaspion e Power Rangers, e monstrengos cujas silhuetas se assemelham ao Godzilla original.

Porém, nada disso conseguiria causar impacto no espectador se não fossem duas coisas essenciais para o universo de ‘Star Wars’: uma história emocionante e a entrega dos atores – e, em ‘O Mandaloriano’, esses dois quesitos casam muito bem. A título de exemplo, Pedro Pascal, mesmo debaixo de uma armadura, transmite o misto de sentimentos de um homem que desperta para a paternidade; e Rosario Dawson exibe todo o mistério, a destreza e a doçura de uma personagem muito amada pelos fãs. E a história – reforçada pelo carisma do boneco Baby Yoda, que faz o espectador sorrir toda vez que aparece – se conecta com o coração do espectador, que passa a sentir os mesmos dilemas do protagonista e torce por ele. Apesar disso, é importante ressaltar que embora Mando seja o herói da trama, ele não é perfeito, e o roteiro também aponta as falhas desse personagem para que tanto protagonista quanto espectador reflitam sobre como a questão dos princípios e das convicções, mesmo nas pessoas mais honradas, podem ser flexíveis diante de escolhas difíceis.

Por fim, todo o mérito deve rendido a Jon Favreau, que entregou para os fãs duas temporadas impecáveis, cheias de ensinamentos e que dialoga diretamente com os anseios dos fãs – seja fazendo piada dos defeitos dos Stormtroopers (e melhorando-os), seja trazendo cenas paralelas i-guai-zi-nhas a outras já vistas pelos fãs e de facílimo reconhecimento (o que é a cena final???), e por fim, presenteando-nos com um último episódio catártico, épico, nostálgico e zero defeitos.

A série ‘O Mandaloriano’ é um belíssimo presente para os fãs de ‘Star Wars’, com direito a cena pós-crédito que deixa todo mundo de queixo caído e ansioso pelo que vem por aí na próxima década!

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Muitas gerações cresceram se maravilhando nos cinemas com os filmes de ‘Star Wars’ entre as décadas de 1970 e 2000, e, desde a compra da Lucasfilm pela Disney, em 2002, a empresa do Mickey Mouse tem se dedicado a literalmente expandir o universo da galáxia muito, muito distante. De lá para cá, novos filmes foram lançados, surgiu a plataforma exclusiva Disney Plus e, nela, uma série totalmente inédita, com o enigmático e poderoso nome de ‘O Mandaloriano’. E, mesmo tendo estreado quando a plataforma ainda não estava disponível no Brasil, os fãs brasileiros puderam acompanhar a partir de novembro a metade final da segunda temporada, cujos capítulos estreavam semanalmente como as novelas, e que termina hoje em um tom épico e nostálgico.

Depois de conhecer seu verdadeiro inimigo, Mogg Gideon (Giancarlo Esposito), Din Djarin (Pedro Pascal) continua perambulando pela galáxia atrás de trabalhos que lhe tragam recompensas, só que agora ele também tem dois novos objetivos: encontrar outros Mandalorianos como ele; e encontrar um jedi para poder treinar a criança (que o público carinhosamente chamou de Baby Yoda). Nessa sua jornada, Mando irá receber diversas tarefas, que nem sempre o guiarão na direção de seus objetivos, porém na qual ele contará com a ajuda de parceiros confiáveis que ele vem conhecendo ao longo dos episódios, como Cara Dune (Gina Carano), Greef Karga (Carl Weathers), Bo-katan (Katee Sackhoff) e outros dois personagens especiais, interpretados por Rosario Dawson e Temuera Morrison.

Nesta segunda temporada, ao contrário da primeira, os oito episódios que compõem o arco são marcados por apenas duas etapas no roteiro de George Lucas, Jon Favreau e outros colaboradores: os primeiros cinco episódios têm um ritmo mais lento, meio mecânico até, com o protagonismo centrado no heroísmo de Mando e suas intermináveis missões – tal como ‘Os Doze Trabalhos de Hércules’, em que a conclusão de um desafio leva a outro; e os três episódios finais, recheados de nostalgia, para fazer emocionar o fã raiz, que conduz a um epopeico capítulo final em que é impossível segurar as lágrimas.

Quando pensamos que ‘O Mandaloriano’ é uma produção da Lucasfilm já dentro do conglomerado da Disney, é impossível não ver as influências de outras produções de sucesso da empresa, como o efeito da arma de Yondo em uma arma de Mando, cena de disputa já vista similarmente em ‘Guardiões da Galáxia’, etc. E, claro, como é, acima de tudo, uma história de George Lucas, é bem bonito identificar como ele resgata e recicla temas e argumentos já desenvolvidos por ele anteriormente (a missão de um indivíduo ter que entregar um bebê e protegê-lo durante a jornada foi primeiramente desenvolvida por ele em ‘Willow – Na Terra da Magia’), e como ele não esconde sua admiração e influência por outros grandes mestres da fantasia, como Tolkien (afinal, o que é o Baby Yoda se não o próprio Um Anel?) e George Martin e seu ‘Game of Thrones’, além de colocar influências da cultura japonesa e oriental no episódio 7, com ambientação que remete ao Japão Feudal, batalhas que lembram os clássicos episódios de Jaspion e Power Rangers, e monstrengos cujas silhuetas se assemelham ao Godzilla original.

Porém, nada disso conseguiria causar impacto no espectador se não fossem duas coisas essenciais para o universo de ‘Star Wars’: uma história emocionante e a entrega dos atores – e, em ‘O Mandaloriano’, esses dois quesitos casam muito bem. A título de exemplo, Pedro Pascal, mesmo debaixo de uma armadura, transmite o misto de sentimentos de um homem que desperta para a paternidade; e Rosario Dawson exibe todo o mistério, a destreza e a doçura de uma personagem muito amada pelos fãs. E a história – reforçada pelo carisma do boneco Baby Yoda, que faz o espectador sorrir toda vez que aparece – se conecta com o coração do espectador, que passa a sentir os mesmos dilemas do protagonista e torce por ele. Apesar disso, é importante ressaltar que embora Mando seja o herói da trama, ele não é perfeito, e o roteiro também aponta as falhas desse personagem para que tanto protagonista quanto espectador reflitam sobre como a questão dos princípios e das convicções, mesmo nas pessoas mais honradas, podem ser flexíveis diante de escolhas difíceis.

Por fim, todo o mérito deve rendido a Jon Favreau, que entregou para os fãs duas temporadas impecáveis, cheias de ensinamentos e que dialoga diretamente com os anseios dos fãs – seja fazendo piada dos defeitos dos Stormtroopers (e melhorando-os), seja trazendo cenas paralelas i-guai-zi-nhas a outras já vistas pelos fãs e de facílimo reconhecimento (o que é a cena final???), e por fim, presenteando-nos com um último episódio catártico, épico, nostálgico e zero defeitos.

A série ‘O Mandaloriano’ é um belíssimo presente para os fãs de ‘Star Wars’, com direito a cena pós-crédito que deixa todo mundo de queixo caído e ansioso pelo que vem por aí na próxima década!

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