sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | O Pacto – Suspense do diretor de ‘A Casa dos Espíritos’ retrata História Real de Pacto entre Escritores

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Muitos escritores se tornam bastante conhecidos em seu país de origem, entretanto, com certa frequência, a fama não se prolonga para além das fronteiras geográficas. Boa parte desses autores percorre um árduo caminho para atingir algum tipo de reconhecimento social, e, quase sempre, isso acontece já após a morte. Com o interesse cada vez maior do público por cinebiografias, aos poucos algumas dessas histórias passam a ser conhecidas pelo grande público no formato audiovisual, e um novo exemplar chega esse final de semana para aluguel sob demanda nas principais plataformas de streaming através do longa dinamarquês ‘O Pacto’.



Thorkild (Simon Bennebjerg) é um jovem poeta que quer muito construir uma carreira no meio literário, por isso, quando recebe o convite da renomada escritora Karen Blixen (Birthe Neumann) para ir à casa dela conversar sobre sua obra poética ele não contém a animação e imediatamente aceita o convite. Fascinado com o estilo de vida da Sra. Blixen e com todas as possibilidades que esse vínculo pode lhe trazer, Thorkild passa a mergulhar cegamente nesse estilo de vida, sem perceber as inúmeras consequências que isso pode trazer para sua vida com Grete (Nanna Skaarup Voss), sua esposa.

Com quase duas horas de duração, ‘O Pacto’ tem uma premissa de suspense, que conduz todo o enredo até o fim: a história do tal pacto feito pelos dois escritores, em que ambos prometem se manterem fiéis um ao outro não importa o que aconteça. Embora baseado numa história real (ambos os autores existiram de fato), a proposta do filme soa irreal, pois quem, em sã consciência, se submeteria tão livremente ao controle de outra pessoa? Mas é o que acontece em ‘O Pacto’: Karen promete alavancar a carreira de Thorkild e torná-lo um exímio escritor, lapidando seu talento; em contrapartida, ele deve obedecê-la fielmente, mesmo que não concorde com seus métodos ou com suas propostas. Esquisito, né?

Através da promessa de algum suspense – afinal, a relação de dominador/dominado socialmente deveria causar situações de desconforto –, o roteiro de Christian Thorpe baseado no livro de memórias do próprio Thorkild Bjornvig não traz nenhuma tensão ao longo de seus cento e quinze minutos. Toda vez que parece que o protagonista irá dar uma chacoalhada e retomar as rédeas da própria vida, o longa vai lá e apaga o fogo, deixando todo o elenco com as mesmas reações tanto para boas quanto para más notícias. Os métodos para melhorar a carreira se resumem a encontros com a alta sociedade e jantares vazios para se fazer presente.

O diretor Billie August não defende seus protagonistas; ao contrário, fica em cima do muro e constrói uma relação de controle que, ao ponto de vista do espectador, não se justifica. Ainda que o filme possa ter se atido fielmente aos fatos, uma ou outra dosezinha de pimenta ajudariam a tornar as relações mais críveis ficcionalmente. Do jeito que está, temos a sensação de que Karen é uma senhora rica entediada que, à beira da morte, decide usar seu dinheiro e sua influência para brincar com a vida dos outros, ao passo que Thorkild é apenas um cachorrinho encantado.

O Pacto’ é um filme interessante que nos prova que também na Dinamarca – assim como no Brasil, em Hollywood e em muitos outros lugares –, para se vencer na vida não basta talento: é preciso ter QI – ou seja, quem indica.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Thorkild (Simon Bennebjerg) é um jovem poeta que quer muito construir uma carreira no meio literário, por isso, quando recebe o convite da renomada escritora Karen Blixen (Birthe Neumann) para ir à casa dela conversar sobre sua obra poética ele não contém a animação e imediatamente aceita o convite. Fascinado com o estilo de vida da Sra. Blixen e com todas as possibilidades que esse vínculo pode lhe trazer, Thorkild passa a mergulhar cegamente nesse estilo de vida, sem perceber as inúmeras consequências que isso pode trazer para sua vida com Grete (Nanna Skaarup Voss), sua esposa.

Com quase duas horas de duração, ‘O Pacto’ tem uma premissa de suspense, que conduz todo o enredo até o fim: a história do tal pacto feito pelos dois escritores, em que ambos prometem se manterem fiéis um ao outro não importa o que aconteça. Embora baseado numa história real (ambos os autores existiram de fato), a proposta do filme soa irreal, pois quem, em sã consciência, se submeteria tão livremente ao controle de outra pessoa? Mas é o que acontece em ‘O Pacto’: Karen promete alavancar a carreira de Thorkild e torná-lo um exímio escritor, lapidando seu talento; em contrapartida, ele deve obedecê-la fielmente, mesmo que não concorde com seus métodos ou com suas propostas. Esquisito, né?

Através da promessa de algum suspense – afinal, a relação de dominador/dominado socialmente deveria causar situações de desconforto –, o roteiro de Christian Thorpe baseado no livro de memórias do próprio Thorkild Bjornvig não traz nenhuma tensão ao longo de seus cento e quinze minutos. Toda vez que parece que o protagonista irá dar uma chacoalhada e retomar as rédeas da própria vida, o longa vai lá e apaga o fogo, deixando todo o elenco com as mesmas reações tanto para boas quanto para más notícias. Os métodos para melhorar a carreira se resumem a encontros com a alta sociedade e jantares vazios para se fazer presente.

O diretor Billie August não defende seus protagonistas; ao contrário, fica em cima do muro e constrói uma relação de controle que, ao ponto de vista do espectador, não se justifica. Ainda que o filme possa ter se atido fielmente aos fatos, uma ou outra dosezinha de pimenta ajudariam a tornar as relações mais críveis ficcionalmente. Do jeito que está, temos a sensação de que Karen é uma senhora rica entediada que, à beira da morte, decide usar seu dinheiro e sua influência para brincar com a vida dos outros, ao passo que Thorkild é apenas um cachorrinho encantado.

O Pacto’ é um filme interessante que nos prova que também na Dinamarca – assim como no Brasil, em Hollywood e em muitos outros lugares –, para se vencer na vida não basta talento: é preciso ter QI – ou seja, quem indica.

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