sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | O Pior Vizinho do Mundo – Tom Hanks está Totalmente Rabugento em Surpreendente e Emocionante Drama Cômico

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Todo mundo conhece alguém que nunca passa frio, porque a pessoa está sempre coberta de razão. É aquela pessoa que não importa o quanto você tente explicar, demonstrar ou até mesmo desenhar, ela sempre acha (ou melhor, tem certeza) que o que ela acha ou pensa é o certo, é o bom, e não há maneira de convencê-la do contrário. É, todo mundo conhece alguém cabeça dura assim, e esta é a razão pela qual o espectador irá se conectar imediatamente com o protagonista do drama cômicoO Pior Vizinho do Mundo’, que chega na última semana de janeiro aos cinemas nacionais.



Otto (Tom Hanks) tem sempre razão. Preocupado com a ordem do mundo, ele simplesmente não consegue entender por quê deve pagar por dois metros de corda, se está consumindo apenas um metro e sessenta. Ou por quê carros de não-moradores usam a via do condomínio como corta-caminho, sempre deixando o portão aberto, embora isso seja proibido. Por isso, Otto está sempre vigiando, fiscalizando, cuidando para que todos os moradores cumpram com as regras sociais, pois, para ele, todos são uns idiotas justamente por isso. Quando os novos moradores da casa da frente, Marisol (Mariana Treviño) e Tommy (Manuel Garcia-Rulfo), se mudam com suas duas filhas, Otto sente seu espaço invadido, especialmente porque por algum motivo inexplicável, Marisol parece gostar dele, e o procura com frequência, oferecendo e pedindo ajuda. Mas Otto tem seus próprios planos, e, ao ver sua rotina frequentemente frustrada por causa das cada vez mais frequentes interrupções, Otto começa a se sentir mais e mais irritado, agravando sua condição de saúde que poucos sabem.

Apesar do título em português, Otto não é ‘O Pior Vizinho do Mundo’. Ele é um cara cheio de manias (muitas das quais oriundas de transtornos psicológicos que não são trabalhados no filme, mas que sabemos que estão ali) e alguns traumas, que corroboram seus comportamentos extremamente centrados em si e na sua lógica mui particular. Inspirado no livro Fredrik Beckman, a história retrata toda uma geração de mais velhos que viveram um tipo de educação bastante rígida, recheada de normas e limites que precisavam ser respeitados; nesse sentido, é extremamente comovente ver como Tom Hanks consegue criar uma carapuça para esse personagem que, no fundo no fundo, tem um coração e tem sentimentos, mas enfrenta muita dificuldade para demonstrá-los por ser extremamente cabeça dura.

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A construção da relação de Otto com sua vizinha Marisol é muito cativante – mérito não só dos atores como também do diretor Marc Forster, cuja trajetória é de trabalhos emocionantes (‘Em Busca da Terra do Nunca’, ‘O Caçador de Pipas’) e de boas adaptações literárias. Forster baseia seu filme na relação de empatia e ódio entre os personagens e também na dicotômica relação paradoxal de Otto consigo mesmo. Mérito também do roteiro de David Magee, que costura a história desse protagonista com diversas explicações, ainda que os flashbacks sejam um pouco longos e frequentes.

Para quem gosta de filmes emocionantes e extremamente humanos, ‘O Pior Vizinho do Mundo’ é desses que você inesperada e provavelmente pode acabar chorando no fim, afinal, todo mundo conhece alguém como Otto. A proximidade e a realidade do universo desses personagens bate fundo no peito. E Tom Hanks consegue mais uma vez, por trazer humanidade a esse personagem geralmente odiado por todos. 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Otto (Tom Hanks) tem sempre razão. Preocupado com a ordem do mundo, ele simplesmente não consegue entender por quê deve pagar por dois metros de corda, se está consumindo apenas um metro e sessenta. Ou por quê carros de não-moradores usam a via do condomínio como corta-caminho, sempre deixando o portão aberto, embora isso seja proibido. Por isso, Otto está sempre vigiando, fiscalizando, cuidando para que todos os moradores cumpram com as regras sociais, pois, para ele, todos são uns idiotas justamente por isso. Quando os novos moradores da casa da frente, Marisol (Mariana Treviño) e Tommy (Manuel Garcia-Rulfo), se mudam com suas duas filhas, Otto sente seu espaço invadido, especialmente porque por algum motivo inexplicável, Marisol parece gostar dele, e o procura com frequência, oferecendo e pedindo ajuda. Mas Otto tem seus próprios planos, e, ao ver sua rotina frequentemente frustrada por causa das cada vez mais frequentes interrupções, Otto começa a se sentir mais e mais irritado, agravando sua condição de saúde que poucos sabem.

Apesar do título em português, Otto não é ‘O Pior Vizinho do Mundo’. Ele é um cara cheio de manias (muitas das quais oriundas de transtornos psicológicos que não são trabalhados no filme, mas que sabemos que estão ali) e alguns traumas, que corroboram seus comportamentos extremamente centrados em si e na sua lógica mui particular. Inspirado no livro Fredrik Beckman, a história retrata toda uma geração de mais velhos que viveram um tipo de educação bastante rígida, recheada de normas e limites que precisavam ser respeitados; nesse sentido, é extremamente comovente ver como Tom Hanks consegue criar uma carapuça para esse personagem que, no fundo no fundo, tem um coração e tem sentimentos, mas enfrenta muita dificuldade para demonstrá-los por ser extremamente cabeça dura.

A construção da relação de Otto com sua vizinha Marisol é muito cativante – mérito não só dos atores como também do diretor Marc Forster, cuja trajetória é de trabalhos emocionantes (‘Em Busca da Terra do Nunca’, ‘O Caçador de Pipas’) e de boas adaptações literárias. Forster baseia seu filme na relação de empatia e ódio entre os personagens e também na dicotômica relação paradoxal de Otto consigo mesmo. Mérito também do roteiro de David Magee, que costura a história desse protagonista com diversas explicações, ainda que os flashbacks sejam um pouco longos e frequentes.

Para quem gosta de filmes emocionantes e extremamente humanos, ‘O Pior Vizinho do Mundo’ é desses que você inesperada e provavelmente pode acabar chorando no fim, afinal, todo mundo conhece alguém como Otto. A proximidade e a realidade do universo desses personagens bate fundo no peito. E Tom Hanks consegue mais uma vez, por trazer humanidade a esse personagem geralmente odiado por todos. 

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