“Os Mercenários” encontram o ET
A franquia “Predador” é adorada pelo mundo geek, mesmo tendo mais baixos do que altos. Muito disso se deve ao espírito oitentista do filme original, que cativou gerações e enfim está de volta nesta nova aventura do monstrão nos cinemas.
É interessante reparar os elementos clássicos presentes no longa. Tudo que você gostou no filme de 87 está de volta. A violência “brucutu”, as piadas militares imbecis, ação na selva… A diferença é que o personagem “viril até demais” passa de principal a secundário em questão de segundos. O machão fica de background, porque quem realmente rouba a cena é o pequeno Jacob Tremblay. Tudo gira ao seu redor e isso reflete muito a ideia moderna do herói.
Além da ação, um elemento que destoa dos capítulos anteriores da bagunçada franquia é o humor. O filme dos anos 80 tinha um humor próprio, muito puxado pro lado “machão” do exército. O segundo tentou puxar isso para o grande astro da época, Danny Glover, mas ficou meio forçado. Os outros quatro filmes foram mais sérios e acabaram se perdendo nesse rumo.
É complicado levar a sério uma história com um ET invisível que caça pessoas. O conceito da franquia já é meio galhofa, “O Predador” se apega a isso e faz um tipo de humor que funcionou muito bem em “Os Mercenários 2” (2012). E muito disso se deve ao elenco de apoio: uma tropa de soldados fugida de um centro de reabilitação para loucos.
Eles tomam atitudes condizentes com aquilo que é proposto aos seus personagens e acabam tendo diálogos tipicamente dos anos 80. Está longe de ser um filme socialmente progressista, – não que alguém busque isso num filme de ação sobre ETs, mas é sempre bom ressaltar. É uma ação de humor agressivo que pode incomodar pessoas mais engajadas em causas sociais.
Nada muito pesado, mas um gracejo ou outro pode gerar cara feia em alguns – mas é um prato cheio para os fãs da ação “suave” da Era Stallone – Schwarzenegger, clássicas das sessões vespertinas da TV aberta.
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O roteiro não ousa muito e abusa de referências aos capítulos anteriores. E o humor é compensado com violência gráfica explícita, incluindo tripas expostas e sangue pra doar e vender. É o típico filme que seu pai e seu avô vão curtir por lembrar os “filmes legais” de quando eles eram mais jovens.
Em suma, é uma ação que flerta por um tempinho com o terror, mas se encontra mesmo na galhofa. Certeza de boas risadas, adrenalina e um pouquinho de constrangimento, “O Predador” é a pedida certa para o saudosista dos anos 80 e fã dos clássicos da Sessão da Tarde. Arrisco a dizer que seja o melhor da franquia desde o original.