quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | O Velho e a Arma – Robert Redford se despede da atuação em filme inédito

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Filmes com criminosos da terceira idade estão em voga, se tornando quase um subgênero dentro do cinema policial – a maioria dono de um teor cômico -, vide Amigos Inseparáveis (2012), Despedida em Grande Estilo (2017) e o próprio O Irlandês, de Martin Scorsese. Este é justamente o tipo de filme que o veterano Robert Redford escolheu para encerrar sua carreira como ator, no auge de seus gloriosos e muito bem vividos 83 anos.

É curioso notar atores da velha guarda escolhendo tais tipos de projetos “fora-da-lei” como despedida. O mesmo ocorreu com Clint Eastwood – que prometeu A Mula (2018) como sua última aparição nas telonas (o lendário ator está com 89 anos). O que ambos A Mula e O Velho e a Arma possuem é muito coração, e elementos humanos que os tornam extremamente identificáveis, e até, de certa forma, filmes doces. Ambos também são baseados em histórias reais. A diferença é que O Velho e a Arma faz sua estreia diretamente em vídeo no Brasil, e já está em cartaz na rede Telecine, onde pudemos conferi-lo.



Em entrevistas, Redford afirmou que queria se despedir com um filme leve e divertido, e O Velho e a Arma tem seus toques cômicos. Este é um projeto que o ator perseguia desde 2003, quando leu pela primeira vez o artigo sobre o verdadeiro Forrest Tucker, e desde então tenta levar sua história para as telonas. O ator também produz o longa. De fato, foi o próprio Redford que convenceu o jovem colega David Lowery (com quem havia trabalhado no live-action da Disney Meu Amigo, o Dragão, de 2016) a não apenas dirigir o filme, como conduzi-lo de forma menos intensa e mais humorística. O primeiro impulso de Lowery era comandá-lo como um thriller criminal mais voltado ao drama.

Todo filmado com câmeras super 16, criando perfeitamente o sentimento de algo antigo e fora do seu tempo (já que o período retratado são os anos 1980), O Velho e a Arma acompanha o assaltante Forrest Tucker (Redford), um ladrão septuagenário, extremamente educado e simpático – que realiza roubos a banco basicamente sem o uso de armas e sem se expor demais. Questionados pelos policiais, os funcionários dos locais assaltados só possuem elogios ao sujeito. Ele é o verdadeiro bandido boa-praça.

A história por trás de Tucker, no entanto, é ainda mais incrível. O sujeito aderiu à vida de pequenos crimes desde cedo e foi apenas escalando dentro de sua “área profissional”. A trajetória dele constantemente o colocava atrás das grades, e esta foi talvez a parte que mais gostava, tendo realizado nada menos do 18 fugas de presídios, das formas mais inusitadas (inclusive construindo um barco numa das ocasiões).

O Velho e a Arma também é uma história de amor, e coloca o veterano para contracenar pela primeira vez com outra lendária intérprete, a vencedora do Oscar Sissy Spacek (a eterna Carrie – A Estranha), de 70 anos. Ela interpreta uma viúva que herdou a fazenda do marido, e agora toca o lugar sozinha. Os dois se conhecem e começam a desenvolver um relacionamento puro e honesto – bem, até onde a vida do sujeito permite a honestidade. Ver Redford e Spacek juntos em cena, atuando em seus anos dourados, é absorver o que a arte tem de melhor a oferecer – um talento amadurecido transbordando da tela. Obras que valorizam intérpretes desta magnitude precisam sempre ser valorizadas e destacadas.

Na cola do sujeito está o detetive desmotivado de Casey Affleck, usual colaborador de Lowey em quase todos os seus trabalhos anteriores. Este é, aliás, a segunda produção elogiada do cineasta a chegar diretamente em vídeo em nosso país, depois do seminal Sombras da Vida (A Ghost Story, 2017).

Acima de tudo, O Velho e a Arma é uma bela homenagem à carreira de Robert Redford, recheado de “easter eggs” (as surpresas escondidas) pontuando cada frame. O filme é como as superproduções de heróis da Marvel para os fãs de Robert Redford, que conhecem sua carreira de cabo a rabo. Este longa só existe devido ao ator, e nada mais natural que o cineasta fizesse uma obra voltada para o universo deste grande artista no cinema para sua despedida. Assim, temos a frase de abertura de Butch Cassidy (1969) iniciando a narrativa aqui também, o gestual que remete ao código usado em Golpe de Mestre (1973), e até mesmo uma cena tirada diretamente de Caçada Humana (1966), por exemplo.

O Velho e a Arma é a despedida mais que digna para uma verdadeira lenda do cinema.

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É curioso notar atores da velha guarda escolhendo tais tipos de projetos “fora-da-lei” como despedida. O mesmo ocorreu com Clint Eastwood – que prometeu A Mula (2018) como sua última aparição nas telonas (o lendário ator está com 89 anos). O que ambos A Mula e O Velho e a Arma possuem é muito coração, e elementos humanos que os tornam extremamente identificáveis, e até, de certa forma, filmes doces. Ambos também são baseados em histórias reais. A diferença é que O Velho e a Arma faz sua estreia diretamente em vídeo no Brasil, e já está em cartaz na rede Telecine, onde pudemos conferi-lo.

Em entrevistas, Redford afirmou que queria se despedir com um filme leve e divertido, e O Velho e a Arma tem seus toques cômicos. Este é um projeto que o ator perseguia desde 2003, quando leu pela primeira vez o artigo sobre o verdadeiro Forrest Tucker, e desde então tenta levar sua história para as telonas. O ator também produz o longa. De fato, foi o próprio Redford que convenceu o jovem colega David Lowery (com quem havia trabalhado no live-action da Disney Meu Amigo, o Dragão, de 2016) a não apenas dirigir o filme, como conduzi-lo de forma menos intensa e mais humorística. O primeiro impulso de Lowery era comandá-lo como um thriller criminal mais voltado ao drama.

Todo filmado com câmeras super 16, criando perfeitamente o sentimento de algo antigo e fora do seu tempo (já que o período retratado são os anos 1980), O Velho e a Arma acompanha o assaltante Forrest Tucker (Redford), um ladrão septuagenário, extremamente educado e simpático – que realiza roubos a banco basicamente sem o uso de armas e sem se expor demais. Questionados pelos policiais, os funcionários dos locais assaltados só possuem elogios ao sujeito. Ele é o verdadeiro bandido boa-praça.

A história por trás de Tucker, no entanto, é ainda mais incrível. O sujeito aderiu à vida de pequenos crimes desde cedo e foi apenas escalando dentro de sua “área profissional”. A trajetória dele constantemente o colocava atrás das grades, e esta foi talvez a parte que mais gostava, tendo realizado nada menos do 18 fugas de presídios, das formas mais inusitadas (inclusive construindo um barco numa das ocasiões).

O Velho e a Arma também é uma história de amor, e coloca o veterano para contracenar pela primeira vez com outra lendária intérprete, a vencedora do Oscar Sissy Spacek (a eterna Carrie – A Estranha), de 70 anos. Ela interpreta uma viúva que herdou a fazenda do marido, e agora toca o lugar sozinha. Os dois se conhecem e começam a desenvolver um relacionamento puro e honesto – bem, até onde a vida do sujeito permite a honestidade. Ver Redford e Spacek juntos em cena, atuando em seus anos dourados, é absorver o que a arte tem de melhor a oferecer – um talento amadurecido transbordando da tela. Obras que valorizam intérpretes desta magnitude precisam sempre ser valorizadas e destacadas.

Na cola do sujeito está o detetive desmotivado de Casey Affleck, usual colaborador de Lowey em quase todos os seus trabalhos anteriores. Este é, aliás, a segunda produção elogiada do cineasta a chegar diretamente em vídeo em nosso país, depois do seminal Sombras da Vida (A Ghost Story, 2017).

Acima de tudo, O Velho e a Arma é uma bela homenagem à carreira de Robert Redford, recheado de “easter eggs” (as surpresas escondidas) pontuando cada frame. O filme é como as superproduções de heróis da Marvel para os fãs de Robert Redford, que conhecem sua carreira de cabo a rabo. Este longa só existe devido ao ator, e nada mais natural que o cineasta fizesse uma obra voltada para o universo deste grande artista no cinema para sua despedida. Assim, temos a frase de abertura de Butch Cassidy (1969) iniciando a narrativa aqui também, o gestual que remete ao código usado em Golpe de Mestre (1973), e até mesmo uma cena tirada diretamente de Caçada Humana (1966), por exemplo.

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