domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘Oops!… I Did It Again’ consagra Britney Spears como a popstar que a conhecemos hoje

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Um ano depois de ter feito história com ‘…Baby One More Time’, Britney Spears retornou aos holofotes com a estreia do antecipadíssimo ‘Oops!… I Did It Again’. Lançada em maio do ano 2000, a produção, composta por doze faixas na versão padrão comercializada na América do Norte, não apenas fez um estrondo nas paradas estadunidenses (debutando com o altíssimo número de 1.4 milhões de cópias, recorde que segurou durante uma década e meia), mas também caiu no gosto do público e da crítica que reconhecia um novo lado da já consagrada Princesa do pop. Apesar de se manter fiel à icônica identidade desfrutada com o disco anterior, Spears ousou explorar territórios desconhecidos que se afastavam das meras narrativas românticas e que abriam espaço para discussões iniciais sobre liberdade e empoderamento.

Assim como a obra de 1999, ‘Oops!… I Did It Again’ alcançou um sucesso mercadológico óbvio, principalmente pelo fato de a cantora retomar parceria com nomes como Max Martin, Per Magnusson e Rami Yacoub, por exemplo – um trio de habilidades bastante reconhecíveis. Além deles, inúmeros outros produtores uniram forças para dar vida à produção e, enquanto alguns poderiam esperar uma miscelânea profusa e problemática, o resultado beira a perfeição sonora e até mesmo ousada, que se ramifica para progressões e escolhas artísticas não muito comuns à época. Talvez a faixa que mais represente esse vanguardismo recém-nascido, que seria melhor fomentado em ‘In the Zone’ (2003), é a que empresta o nome ao título – uma amálgama alicerçada em pesados sintetizadores e no pináculo do dance-pop, cujos familiares temas ganham uma dimensão mais épica e memorável.



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Ao longo do álbum, inflexões sonoras diversas despontam como elementos que nos chamam a atenção – algo muito bom para uma carreira que estava apenas dando o passo inicial no complexo mundo fonográfico. Na semi-balada “One Kiss from You”, que abusa das características do teen pop em uma narrativa romântica que beira o colegial, temos mergulhos em uma espécie de reggae desconstruído, cortesia de Steve Lunt; “Where Are You Now” é eternizado em uma pessoalidade tocante e apaixonante; “Don’t Let Me Be the Last to Know”, por sua vez, se beneficia da elegância de Robert John “Mutt” Lange e da presença pungente de Shania Twain na composição de versos que nos arremessam de volta para meados da década de 1990, rodeada de originalidades. E, criando um elo que une os dois atos do CD, temos a incrível rendição de “What U See (Is What U Get)”.

Assista também:
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Em outro espectro, Spears empresta seus vocais para hinos de autodescobrimento e de independência que apresentam aos ouvintes uma nova faceta de sua personalidade – como “Don’t Go Knockin’ on My Door”, um electro-dance vibrante em que a artista reencontra a confiança em si mesma após um trágico término; “Stronger”, facilmente um dos grandes pontos altos do álbum, é infundido em distorções envolventes e sedutoras que fundem o synth-pop ao R&B, declarando uma emancipação que ficou marcada para as eras; e o lírico conto de fadas de “Lucky” esconde mensagens críticas por trás de uma narrativa muito comum ao show business – a de uma jovem que é engolfada pela fama e que, mesmo no centro dos holofotes, se sente sozinha e desamparada nos momentos de crise.

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Como se não bastasse o êxtase das tracks supracitadas, Britney não nos deixa descansar nas pistas de dança e expande o microcosmos que arquitetou com tanta cautela – algo que abre uma camada ainda mais envolvente com as canções que concluem a jornada: “Can’t Make You Love Me”, uma subestimada ode ao Europop oitentista que merecia ter sido transformada em single promocional; a etérea construção em hip-hop “When Your Eyes Say It”, definindo um gênero que estaria muito mais em voga nos anos seguintes; e “Dear Diary”, resgatando o classicismo das fábulas encantadas de amor, cuja modesta produção é pincelada suavemente pelo piano e pelos violinos e fecha com chave de ouro o disco. Em meio a tantas joias, até mesmo deixamos de lado a esquecível regravação de “(I Can’t Get No) Satisfaction” – que não tem qualquer lugar dentro do enredo que Spears oferece aos fãs.

‘Oops!… I Did It Again’ faz algo extraordinário e consegue repetir os feitos da estreia espetacular de Britney Spears na música – quiçá os supera com magistral ovação. Beirando os quarenta e cinco minutos de energia sônica e pura segurança performática, o álbum estende aos dias de hoje todas as barreiras que quebrou com um legado incomparável e invejável.

Nota por faixa:

1. Oops!… I Did It Again – 5/5
2. Stronger – 5/5
3. Don’t Go Knockin’ on My Door – 5/5
4. (I Can’t Get No) Satisfaction – 2/5
5. Don’t Let Me Be the Last to Know – 4,5/5
6. What U See (Is What U Get) – 5/5
7. Lucky – 5/5
8. One Kiss from You – 4,5/5
9. Where Are You Now – 4,5/5
10. Can’t Make You Love Me – 5/5
11. When Your Eyes Say It – 4,5/5
12. Dear Diary – 4/5

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Assim como a obra de 1999, ‘Oops!… I Did It Again’ alcançou um sucesso mercadológico óbvio, principalmente pelo fato de a cantora retomar parceria com nomes como Max Martin, Per Magnusson e Rami Yacoub, por exemplo – um trio de habilidades bastante reconhecíveis. Além deles, inúmeros outros produtores uniram forças para dar vida à produção e, enquanto alguns poderiam esperar uma miscelânea profusa e problemática, o resultado beira a perfeição sonora e até mesmo ousada, que se ramifica para progressões e escolhas artísticas não muito comuns à época. Talvez a faixa que mais represente esse vanguardismo recém-nascido, que seria melhor fomentado em ‘In the Zone’ (2003), é a que empresta o nome ao título – uma amálgama alicerçada em pesados sintetizadores e no pináculo do dance-pop, cujos familiares temas ganham uma dimensão mais épica e memorável.

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Ao longo do álbum, inflexões sonoras diversas despontam como elementos que nos chamam a atenção – algo muito bom para uma carreira que estava apenas dando o passo inicial no complexo mundo fonográfico. Na semi-balada “One Kiss from You”, que abusa das características do teen pop em uma narrativa romântica que beira o colegial, temos mergulhos em uma espécie de reggae desconstruído, cortesia de Steve Lunt; “Where Are You Now” é eternizado em uma pessoalidade tocante e apaixonante; “Don’t Let Me Be the Last to Know”, por sua vez, se beneficia da elegância de Robert John “Mutt” Lange e da presença pungente de Shania Twain na composição de versos que nos arremessam de volta para meados da década de 1990, rodeada de originalidades. E, criando um elo que une os dois atos do CD, temos a incrível rendição de “What U See (Is What U Get)”.

Em outro espectro, Spears empresta seus vocais para hinos de autodescobrimento e de independência que apresentam aos ouvintes uma nova faceta de sua personalidade – como “Don’t Go Knockin’ on My Door”, um electro-dance vibrante em que a artista reencontra a confiança em si mesma após um trágico término; “Stronger”, facilmente um dos grandes pontos altos do álbum, é infundido em distorções envolventes e sedutoras que fundem o synth-pop ao R&B, declarando uma emancipação que ficou marcada para as eras; e o lírico conto de fadas de “Lucky” esconde mensagens críticas por trás de uma narrativa muito comum ao show business – a de uma jovem que é engolfada pela fama e que, mesmo no centro dos holofotes, se sente sozinha e desamparada nos momentos de crise.

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Como se não bastasse o êxtase das tracks supracitadas, Britney não nos deixa descansar nas pistas de dança e expande o microcosmos que arquitetou com tanta cautela – algo que abre uma camada ainda mais envolvente com as canções que concluem a jornada: “Can’t Make You Love Me”, uma subestimada ode ao Europop oitentista que merecia ter sido transformada em single promocional; a etérea construção em hip-hop “When Your Eyes Say It”, definindo um gênero que estaria muito mais em voga nos anos seguintes; e “Dear Diary”, resgatando o classicismo das fábulas encantadas de amor, cuja modesta produção é pincelada suavemente pelo piano e pelos violinos e fecha com chave de ouro o disco. Em meio a tantas joias, até mesmo deixamos de lado a esquecível regravação de “(I Can’t Get No) Satisfaction” – que não tem qualquer lugar dentro do enredo que Spears oferece aos fãs.

‘Oops!… I Did It Again’ faz algo extraordinário e consegue repetir os feitos da estreia espetacular de Britney Spears na música – quiçá os supera com magistral ovação. Beirando os quarenta e cinco minutos de energia sônica e pura segurança performática, o álbum estende aos dias de hoje todas as barreiras que quebrou com um legado incomparável e invejável.

Nota por faixa:

1. Oops!… I Did It Again – 5/5
2. Stronger – 5/5
3. Don’t Go Knockin’ on My Door – 5/5
4. (I Can’t Get No) Satisfaction – 2/5
5. Don’t Let Me Be the Last to Know – 4,5/5
6. What U See (Is What U Get) – 5/5
7. Lucky – 5/5
8. One Kiss from You – 4,5/5
9. Where Are You Now – 4,5/5
10. Can’t Make You Love Me – 5/5
11. When Your Eyes Say It – 4,5/5
12. Dear Diary – 4/5

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