sábado , 2 novembro , 2024

Crítica | Os 3 Infernais – Terror desperdiça ideias, reciclando a mesmice

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Mais um filme intragável de Rob Zombie

O diretor Rob Zombie é o Tyler Perry do terror! Assim como o citado cineasta americano não consegue ser engraçado em suas comédias e recai sempre na pieguice em seus dramas, Rob Zombie quase nunca acerta em seus filmes de terror. De fato nem é justo chamar esta produção de Zombie de terror, já que investe mais no choque do grotesco do que em qualquer elemento assustador de fato.

Assim como Perry, a única coisa que Zombie parece acertar constantemente é no mau gosto. No caso de Zombie, pelo menos, este alvo é intencional. Os 3 Infernais, seu mais recente trabalho, é a terceira parte de uma pseudo franquia, iniciada com seu primeiro filme, A Casa dos 1000 Corpos (2003) e continuada com Rejeitados pelo Diabo (2005). E para quem pegou o bonde andando, o que o cineasta criou aqui foi uma homenagem ao clássico absoluto do gênero O Massacre da Serra Elétrica (1974), chegando inclusive a escalar para a “trilogia”, num dos papeis principais, o ator Bill Moseley, que interpretou Chop-Top em O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986), do mesmo Tobe Hooper. Na “saga” de Zombie, ele vive o cabeludo Otis.

Ou seja, na trama do filme original, dois casais viajam pelo interior e se deparam com o circo de horrores de uma família de psicopatas, no melhor estilo do clã de Leatherface. A partir do segundo filme, o foco sai das vítimas e cai nos psicopatas.

Rob Zombie é um aficionado por terror, e isso fica claro em seus filmes, seja nesta trilogia, ou na felicidade que teve ao refilmar outro clássico imortal: Halloween (2007). O problema é que o diretor não é, por assim dizer, muito talentoso, e suas referências se tornam óbvias demais, marteladas na cabeça do público, ou completamente deslocadas.

A cada novo trabalho, o cineasta se leva mais a sério, como se estivesse fazendo um épico do gênero, e termina esquecendo o primordial em um filme desses: se divertir! Ao invés de criar uma obra despretensiosa, já que não tem muito a dizer mesmo em seus filmes, Zombie enche o longa com pretensões inalcançáveis a cada frame – seja na estética ou no roteiro. O diretor tenta criar uma pretensa poesia em momentos trash, como filmar raios de sol entre os dedos de um personagem que dá tchau enquanto esfaqueia uma vítima no gramado de um jardim. Imagine se o próximo Sexta-Feira 13 fosse rodado por Terrence Malick, e você tem o resultado estético de Os 3 Infernais.

Quanto ao roteiro, o mesmo acontece. Zombie, que é o autor da ideia, insiste em meter filosofia de boteco em seus diálogos, como se estes personagens tivessem realmente uma mensagem importante ou relevante a ser passada. Não têm. Então o caminho a seguir deveria ser outro. Ao invés, o diretor tenta fazer uma crítica social do nível de Assassinos por Natureza (1994), de Oliver Stone, e mais uma vez termina morrendo na praia. A pretensão do cineasta foge ao seu controle consecutivamente. Caso não fosse tão ambicioso, poderia entregar um terror verdadeiramente divertido.

Os 3 Infernais se torna difícil de assistir, e não me refiro pelo quesito desagradável das torturas sem sentido ou propósito apresentadas em tela – sei que existe público para isso, como existe para os trocentos torture porn por aí. O que quero dizer é que como em todo subgênero, Os 3 Infernais recai entre os filmes ruins do seu. As partes que deveriam trazer certo alívio cômico também não funcionam, mostrando que o timing para este quesito também está off – em especial a parte com o palhaço que chega na pior hora possível, vivido por Clint Howard – irmão do diretor Ron Howard, e tio da atriz Bryce Dallas Howard.

Por falar em parentescos, o diretor utiliza mais uma vez sua esposa Sheri Moon Zombie – e parece ser o único cineasta em atividade a querer empregá-la, já que a “atriz” não possui nenhum outro crédito a não ser nos filmes do maridão. E você achava que era só na política que existia nepotismo. Também pudera, o talento de Sheri para a interpretação ainda precisa, digamos, ser muito aprimorado para ser considerada boa. E isso porque ela interpreta uma psicopata desmiolada, beirando a demência, e que se comporta como a versão raiz da Arlequina. E nem assim convence.

Numa nota triste, este é o primeiro filme póstumo lançado do ator Sid Haig, que vive o palhaço assassino Capitão Spaulding. E aqui entra em cena outra artimanha do diretor. Haig adoeceu e estava muito abatido, havia perdido muito peso, e Zombie ficou assustado, percebendo que o ator poderia não concluir o projeto. Os investidores por outro lado não dariam o sinal verde para o dinheiro sem Haig no elenco. Assim, o cineasta deu um jeito de adicionar o ator somente numa cena inicial, e logo tirá-lo de jogada, substituindo-o por um novo parente saído do nada, apelidado de O Lobisomem (Richard Brake). Assim, Zombie pôde manter seu título, não substituir Haig e ainda vender a obra como último trabalho do ator falecido – coisa que igualmente não foi, já que existem pelo menos dois outros filmes a serem lançados com ele de forma póstuma.

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Assim como Perry, a única coisa que Zombie parece acertar constantemente é no mau gosto. No caso de Zombie, pelo menos, este alvo é intencional. Os 3 Infernais, seu mais recente trabalho, é a terceira parte de uma pseudo franquia, iniciada com seu primeiro filme, A Casa dos 1000 Corpos (2003) e continuada com Rejeitados pelo Diabo (2005). E para quem pegou o bonde andando, o que o cineasta criou aqui foi uma homenagem ao clássico absoluto do gênero O Massacre da Serra Elétrica (1974), chegando inclusive a escalar para a “trilogia”, num dos papeis principais, o ator Bill Moseley, que interpretou Chop-Top em O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986), do mesmo Tobe Hooper. Na “saga” de Zombie, ele vive o cabeludo Otis.

Ou seja, na trama do filme original, dois casais viajam pelo interior e se deparam com o circo de horrores de uma família de psicopatas, no melhor estilo do clã de Leatherface. A partir do segundo filme, o foco sai das vítimas e cai nos psicopatas.

Rob Zombie é um aficionado por terror, e isso fica claro em seus filmes, seja nesta trilogia, ou na felicidade que teve ao refilmar outro clássico imortal: Halloween (2007). O problema é que o diretor não é, por assim dizer, muito talentoso, e suas referências se tornam óbvias demais, marteladas na cabeça do público, ou completamente deslocadas.

A cada novo trabalho, o cineasta se leva mais a sério, como se estivesse fazendo um épico do gênero, e termina esquecendo o primordial em um filme desses: se divertir! Ao invés de criar uma obra despretensiosa, já que não tem muito a dizer mesmo em seus filmes, Zombie enche o longa com pretensões inalcançáveis a cada frame – seja na estética ou no roteiro. O diretor tenta criar uma pretensa poesia em momentos trash, como filmar raios de sol entre os dedos de um personagem que dá tchau enquanto esfaqueia uma vítima no gramado de um jardim. Imagine se o próximo Sexta-Feira 13 fosse rodado por Terrence Malick, e você tem o resultado estético de Os 3 Infernais.

Quanto ao roteiro, o mesmo acontece. Zombie, que é o autor da ideia, insiste em meter filosofia de boteco em seus diálogos, como se estes personagens tivessem realmente uma mensagem importante ou relevante a ser passada. Não têm. Então o caminho a seguir deveria ser outro. Ao invés, o diretor tenta fazer uma crítica social do nível de Assassinos por Natureza (1994), de Oliver Stone, e mais uma vez termina morrendo na praia. A pretensão do cineasta foge ao seu controle consecutivamente. Caso não fosse tão ambicioso, poderia entregar um terror verdadeiramente divertido.

Os 3 Infernais se torna difícil de assistir, e não me refiro pelo quesito desagradável das torturas sem sentido ou propósito apresentadas em tela – sei que existe público para isso, como existe para os trocentos torture porn por aí. O que quero dizer é que como em todo subgênero, Os 3 Infernais recai entre os filmes ruins do seu. As partes que deveriam trazer certo alívio cômico também não funcionam, mostrando que o timing para este quesito também está off – em especial a parte com o palhaço que chega na pior hora possível, vivido por Clint Howard – irmão do diretor Ron Howard, e tio da atriz Bryce Dallas Howard.

Por falar em parentescos, o diretor utiliza mais uma vez sua esposa Sheri Moon Zombie – e parece ser o único cineasta em atividade a querer empregá-la, já que a “atriz” não possui nenhum outro crédito a não ser nos filmes do maridão. E você achava que era só na política que existia nepotismo. Também pudera, o talento de Sheri para a interpretação ainda precisa, digamos, ser muito aprimorado para ser considerada boa. E isso porque ela interpreta uma psicopata desmiolada, beirando a demência, e que se comporta como a versão raiz da Arlequina. E nem assim convence.

Numa nota triste, este é o primeiro filme póstumo lançado do ator Sid Haig, que vive o palhaço assassino Capitão Spaulding. E aqui entra em cena outra artimanha do diretor. Haig adoeceu e estava muito abatido, havia perdido muito peso, e Zombie ficou assustado, percebendo que o ator poderia não concluir o projeto. Os investidores por outro lado não dariam o sinal verde para o dinheiro sem Haig no elenco. Assim, o cineasta deu um jeito de adicionar o ator somente numa cena inicial, e logo tirá-lo de jogada, substituindo-o por um novo parente saído do nada, apelidado de O Lobisomem (Richard Brake). Assim, Zombie pôde manter seu título, não substituir Haig e ainda vender a obra como último trabalho do ator falecido – coisa que igualmente não foi, já que existem pelo menos dois outros filmes a serem lançados com ele de forma póstuma.

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