A segunda temporada de Os 3 Lá Embaixo, parte de Os Contos de Arcadia, criado por Guillermo del Toro (A Forma da Água) e sequência de Caçadores de Trolls (com três temporadas), chegou neste mês de julho à Netflix.
Na primeira parte o público teve a oportunidade de conhecer a realeza de Arikidion, que precisou fugir após o golpe de Morando (Alon Aboutboul) para assumir o trono. Aja (Tatiana Maslany), Krel (Diego Luna) e Varvatos Vex (Nick Offerman) embarcam na Mãe (Glenn Close), a nave de inteligência artificial da família, juntamente aos núcleos de seus pais, e vão parar em Arcadia Oaks, uma cidadezinha na Terra. Antes da chegada dos extraterrestres, a cidade já havia sido vítima de uma espécie malvada de trolls.
A segunda temporada começa com nossos protagonistas tentando encontrar uma forma de fazer com que a Mãe funcione, já que a mesma se encontra danificada após os conflitos da season finale passada, para que assim possam voltar para Arikidion. Enquanto Krel tenta resolver essa equação, Aja está preocupada em encontrar Varvatos e trazê-lo de volta para casa.
Aqui nesta etapa o público se encontra familiarizado com os personagens que compõem a história em volta de Os 3 Lá Embaixo, portanto, é ainda mais interessante conferir o quanto os arikidions aprendem com os terráqueos e vice-versa. O roteiro consegue estar ainda melhor devido a familiaridade daqueles que acompanham a produção, é como se o mesmo estivesse apenas retornando novamente para casa.
Além de manter a qualidade nas cenas de ação, esta temporada conta com nossos protagonistas e secundários crescendo diante da tela, e desenvolvendo ainda mais suas personalidades, amadurecendo conforme a trama aumenta. É aberto espaço para que o espectador conheça melhor Eli (Cole Sand) e Toby (Charlie Saxton), mais uma vez, levando em conta a participação do último em Caçadores de Trolls, ganhando as telas e os corações de todos. Quem também se destaca e se torna a ponte entre a realeza e a rebelião é Zadra (que leva a voz da espetacular Hayley Atwell). Por outro lado, Coronel Kubritz (Uzo Aduba) se torna uma antagonista ainda mais insuportável.
A dramaturgia está no ponto certo, recheada de reviravoltas e respondendo algumas perguntas que sequer o espectador tinha pensado em fazer. Outro detalhe intrigante e que só acrescenta em positivo para a história é como eles interligam a trama com a parte anterior através da presença de Toby. Desta vez, a sensação nostálgica invade durante o episódio onze ao ser revisitado o Mercado de Trolls, agora vazio e destruído após os acontecimentos passados.
A evolução e crescimento não atinge somente os personagens em “carne e osso”, como a inteligência artificial Mãe que, através da sua observação dos humanos, adquire aquilo que nomeamos sentimentos. É fascinante acompanhar esse processo de como os roteiristas foram capazes de estabelecer uma ligação entre o público e a personagem, ao ponto de se encontrar diante de uma cena bastante dolorosa mais à frente. A segunda temporada não se conteve e exibiu uma enxurrada de elementos que tornam uma produção espetacular: cenas bem produzidas, diálogos inesquecíveis, piadas capazes de fazer toda a família se divertir e uma storyline que não provoca cansaço em momento algum.
Ademais, em quesitos técnicos, a animação mantém os excelentes gráficos já exibidos na primeira temporada e uma trilha sonora que dá vontade de sair dançando junto. Sem contar que não há hesitação alguma em pegar elementos modernos da sociedade e inserir na dramaturgia. É, de fato, um dos melhores desenhos atualmente.
Se a primeira já foi boa, posso te garantir que a segunda está melhor ainda. E fique atento para todos os momentos em que as três partes são ligadas ou mencionadas (afinal, a última etapa chamada Wizards está prevista para este ano). Os 3 Lá Embaixo encerra sua jornada em grande estilo.