A Era das continuações e remakes parece estar longe de acabar. Toda produtora tem sua franquia para resgatar e dar uma nova roupagem para um novo público, até aí tudo bem, afinal, sempre desejamos ver mais daquilo que um dia foi bem realizado, o problema surge quando a tal sequência não agrega absolutamente nada ao universo da franquia, como é o caso de ‘Os Estranhos – Caçada Noturna’, que bebe da água do filme original, com Liv Tyler, mas que se afoga em sua própria trama mal sucedida.
Dessa vez, o sucessor espiritual do slasher movie dirigido por Bryan Bertino em 2008, traz em sua trama rasa uma família prestes a mandar a problemática filha adolescente (Bailee Madison) para um colégio interno, não antes sem embarcarem em uma última viagem em família, para um parque de trailers. Porém, claro, a diversão dá lugar ao terror quando percebem que estão sendo caçados por um trio de mascarados assassinos.
O longa de Johannes Roberts (‘Medo Profundo’) apresenta seus personagens de forma bem terror old school, há desde a adolescente rebelde até o casal sem química, que sai em uma viagem desnecessária para um lugar esquisito. Porém, a falta de originalidade não para por aí, o tempo todo o roteiro tenta, sem sucesso, replicar momentos icônicos de filmes do gênero, se esquecendo que estamos em outra época e que agora as expectativas são muito maiores.
Mesmo que o filme original tenha funcionado, sendo até mesmo cultuado e conquistado fãs há 10 anos atrás, os dias mudaram, o público está cada vez mais exigente e o tão marginalizado horror está conquistando lugar nas principais premiações mundo afora, ou seja, fica cada vez mais difícil aceitar um roteiro descuidado e fraco, que se baseia apenas no incomum para causar terror com jump scares quase que o tempo todo e clichês que soam mais cômicos que assustadores.
O elenco composto por Martin Henderson (‘Grey’s Anatomy’), Christina Hendricks (‘Mad Men’) e Lewis Pullman (‘Guerra dos Sexos’) tenta fazer o máximo que pode com o pouco que tem em mãos, nada surpreendente de fato, mas o pior fica para os misteriosos Estranhos, que funcionam quase que como entidades sobrenaturais dessa vez, afinal estão em todos os lugares e parecem saber (e até mesmo sobreviver!) de quase tudo, entregando momentos forçados, onde questionamos a veracidade dos fatos.
Apesar das baixas, há sim um estilo interessante neste filme. A trilha sonora funciona muito bem dentro do contexto, assim como a direção de fotografia, que usa os ambientes escuros de forma criativa, como a cena da piscina, extremamente bem fotografada, o que também acaba se tornando fácil com o uso de uma iluminação neon que sempre funciona. Somado aos acertos, também há um bom momento de susto em uma cena de fuga por um parquinho e, diferente do que conhecíamos da franquia até então, dessa vez os “bonzinhos” conseguem reagir e machucar os vilões, sem dar spoilers, há muito mais sangue derramado dessa vez.
No fim, ‘Os Estranhos – Caçada Noturna’ demorou muito para acontecer. Talvez se tivesse estreado alguns anos atrás, muitos erros poderiam ter sido perdoados. Hoje, o terror não vai para lugar nenhum, não entrega nada de novo e a única coisa realmente estranha é como acabou sendo realizado.