‘Os Incríveis’ foi lançado em 2004, no auge da Era Moderna da animação, e se tornou o filme favorito de muitas pessoas. Trazendo uma família com superpoderes e super problemas, o filme conseguiu se conectar com o espectador por trazer personagens de personalidades distintas compondo uma família – algo muito comum para todo mundo.
A animação arrecadou US$ 633 milhões mundialmente e figura na lista dos melhores filmes de super-heróis de muitos cinéfilos, mesmo com grandes franquias e dezenas de filmes do gênero criados pela Fox, DC e Marvel.
Após a Pixar se render e começar a fazer sequências de seus sucessos, parecia óbvio que ‘Os Incríveis’ entraria na lista. Após o mediano ‘Carros 2‘, o maravilhoso ‘Toy Story 3‘ e o competente ‘Procurando Dory‘, ficou claro que o estúdio perdeu seu toque de Midas e começou a sofrer altos e baixos em seu currículo – que por anos foi impecável.
Agora, com ‘Os Incríveis 2‘, dá aquela sensação que a Pixar devia voltar a fazer apenas filmes originais. Usando o mesmo roteiro do primeiro filme como base, a sequência traz as mesmas situações – dessa vez apenas invertendo os papeis. Ao invés de Beto (Craig T. Nelson) aceitar um emprego misterioso para salvar o mundo, a sequência torna Helena (Holly Hunter) a protagonista.
A decisão é certeira, visando que o cinema está mudando e dando mais destaque para as mulheres, mas o roteiro abusa da falta de criatividade deixando uma sensação de Déjà vu: um emprego bom demais para ser verdade, um chefe misterioso, uma plot twist que coloca a família em perigo e voilà… todos os membros da família se reunem novamente para provar que juntos são mais fortes.
Dessa vez, Helena decide iniciar uma pedindo a volta dos super-heróis, enquanto Beto vive um dia a dia normal de dono de casa cuidando de Violeta, Flecha e do bebê Zezé, cujos superpoderes estão prestes a serem descobertos. A missão deles sofre uma reviravolta, quando um novo vilão surge com um brilhante e perigoso plano que ameaça acabar com o mundo. Mas a família Pêra não foge do desafio, ainda mais com Gelado combatendo o vilão ao seu lado.
Levar 14 anos para produzir uma sequência e reciclar o roteiro do primeiro filme chega a ser um afronte, mas mesmo assim ‘Os Incríveis 2‘ tem seus bons momentos.
A animação evoluiu muito nos últimos anos e é incrível analisar cada detalhe minucioso colocado na telona, desde os tecidos nas camisas do Beto até a textura dos uniformes e as cenas de ação extremamente realistas… Por alguns momentos, parece que estávamos assistindo a um filme live-action.
O roteirista e diretor Brad Bird se mostra pouco inspirado para os diálogos do filme (que são piorados na dublagem com gírias brasileiras como ‘A Casa Caiu’ e ‘Eu vim do Acre’), mas toma um cuidado extra com o visual impecável da produção.
Com Beto e Helena bastante apáticos, quem rouba a cena são os coadjuvantes. Como no primeiro filme, a personagem mais cativante e divertida é a Edna Moda, que infelizmente tem pouquíssimo tempo em tela. Uma decisão mais acertada seria fazer um spin-off centrada na personagem.
Depois, temos o carismático bebê Zezé, que mesmo sem diálogos é mais divertido que seus irmãos. Violeta e Flecha estão chegando na puberdade, e mais uma vez mostram para os pais que a família unida é mais forte (será que essa é a mensagem do filme?).
‘Os Incríveis 2‘ é um filme divertido feito para a família, mas pode decepcionar os fãs mais antigos que estão esperando a sequência há mais de uma década. Ele une humor e ação na medida certa, com uma dose de nostalgia, mas esquece de se renovar e entregar algo novo. É uma reciclagem de tudo que a gente já viu, e vindo da Pixar, é algo bem brochante.
O filme se paga pelo seu terceiro ato, quando finalmente vemos a família reunida partindo para a ação em uma nova reviravolta da trama, que mesmo repetitiva, mostra que a franquia ainda tem fôlego quando decide se arriscar.
Crítica em vídeo: