domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe – Adam Sandler e Ben Stiller em… um drama!

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Família ê, família á . Família

“Somos apegados a ideia que temos de nós mesmos” é uma frase dita em  Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe, o mais recente filme de Noah Baumbach. Mas não seria a primeira vez que uma de suas obras se aventura pelo existencialismo. A reconfiguração, o deslocamento e o disfuncional são pilares de sua filmografia e mais uma vez o diretor volta aos seus temas.

A trama conta a história da problemática família Meyerowitz, quando Danny (Adam Sandler) retorna para casa de seu pai Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) e sua madrasta Maureen (Emma Thompson), após seu divórcio. Danny é um pianista que abandonou a carreira e se dedicou integralmente aos cuidados da filha Eliza (Grace Van Patten), que agora aos 18 anos se mostra completamente independente de seu pai. Contudo, o clã Meyerowitz ainda conta com a irmã de Danny, Jean (Elizabeth Marvel) e seu meio irmão mais novo Matthew (Ben Stiler).



Apesar do longa se iniciar centralizado nas questões principais para Danny, aos poucos, entendemos que o mesmo elemento que reúne a família é o que a descentraliza: Harold. Ele é a chave da discórdia entre os irmãos e também responsável por lamentáveis episódios com cada um, um sujeito egoísta que refletiu seu desequilíbrio na criação de seus filhos. Como pai, para Jean e Danny, ele demonstra predileção por Matthew, e para Matthew, seu lado mais turbulento.

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A forma que Noah Baumbach trabalha os percursos errantes de seus personagens é especialmente interessante. Harold, apesar de ser um personagem fisicamente estático, quase sempre distante das ações, é a força que age sob o restante provocando os deslocamentos e atritos. Já Danny é o exemplo da estagnação, mas o filme o explora dentro da ira contida – que dá seus lampejos em cenas como quando o personagem estaciona seu carro – o torcendo numa espécie de enclausuramento emocional.

Todos os personagens estão, ao mesmo tempo, buscando entender seus próprios mecanismos e os afirmando em uma tentativa de serem vistos como eles mesmos o fazem, contudo essa prática gera uma inflexibilidade que torna os encontros em um exemplo notório de incomunicabilidade, que se reverte em frustração.

Com um elenco constituído por Adam Sandler, Dustin Hoffman e Ben Stiller poderia muito bem se tratar de algo como Entrando Numa Fria Maior Ainda (2004), mas a brilhante direção e afiados diálogos – além de extremamente ágeis – de Baumbach permitem que seu elenco extrapole o lugar comum de suas carreiras, mesmo que ainda tão próximos no que diz respeito a temática familiar.

Esse recorte não é também uma novidade para o diretor, sendo, em maior ou menor grau, uma seara típica em seus filmes anteriores como A Lula e a Baleia (2005) e Mistress America (2015). O longa suscita semelhanças com Os Excêntricos Tenenbaums (2001), dirigido por Wes Anderson, ao retratar  uma família no extremo e constante estado de transtorno, porém, o filme de Baumbach é muito mais sóbrio em sua mise em scene, ainda que brinque com outra referência: a animação dirigida por Wes Anderson e escrita colaborativamente com Baumbach, O Fantástico Sr. Raposo (2009).

Os universos e elenco se aproximam ao ponto de ser possível sentir falta de Owen Wilson na produção, no que seria um arremate final de paralelismos, mas Meyerowitz se destaca com uma camada de seriedade – um tanto quanto distante de Anderson –  que está subscrita em sua montagem que circula através de uma divisão em capítulos, bastante atraente e enérgica em seus cortes afiados, o tenso e sensível fio entre os personagens que ao longo da narrativa, tal como o uso dos cortes e das transições em fade out, se modifica.

Apesar dessa mudança trazer algum incômodo dentro da estética estabelecida pela montagem, o longa não sai prejudicado em seu resultado final: um filme divertido reunindo belas performances de seu elenco.

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“Somos apegados a ideia que temos de nós mesmos” é uma frase dita em  Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe, o mais recente filme de Noah Baumbach. Mas não seria a primeira vez que uma de suas obras se aventura pelo existencialismo. A reconfiguração, o deslocamento e o disfuncional são pilares de sua filmografia e mais uma vez o diretor volta aos seus temas.

A trama conta a história da problemática família Meyerowitz, quando Danny (Adam Sandler) retorna para casa de seu pai Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) e sua madrasta Maureen (Emma Thompson), após seu divórcio. Danny é um pianista que abandonou a carreira e se dedicou integralmente aos cuidados da filha Eliza (Grace Van Patten), que agora aos 18 anos se mostra completamente independente de seu pai. Contudo, o clã Meyerowitz ainda conta com a irmã de Danny, Jean (Elizabeth Marvel) e seu meio irmão mais novo Matthew (Ben Stiler).

Apesar do longa se iniciar centralizado nas questões principais para Danny, aos poucos, entendemos que o mesmo elemento que reúne a família é o que a descentraliza: Harold. Ele é a chave da discórdia entre os irmãos e também responsável por lamentáveis episódios com cada um, um sujeito egoísta que refletiu seu desequilíbrio na criação de seus filhos. Como pai, para Jean e Danny, ele demonstra predileção por Matthew, e para Matthew, seu lado mais turbulento.

A forma que Noah Baumbach trabalha os percursos errantes de seus personagens é especialmente interessante. Harold, apesar de ser um personagem fisicamente estático, quase sempre distante das ações, é a força que age sob o restante provocando os deslocamentos e atritos. Já Danny é o exemplo da estagnação, mas o filme o explora dentro da ira contida – que dá seus lampejos em cenas como quando o personagem estaciona seu carro – o torcendo numa espécie de enclausuramento emocional.

Todos os personagens estão, ao mesmo tempo, buscando entender seus próprios mecanismos e os afirmando em uma tentativa de serem vistos como eles mesmos o fazem, contudo essa prática gera uma inflexibilidade que torna os encontros em um exemplo notório de incomunicabilidade, que se reverte em frustração.

Com um elenco constituído por Adam Sandler, Dustin Hoffman e Ben Stiller poderia muito bem se tratar de algo como Entrando Numa Fria Maior Ainda (2004), mas a brilhante direção e afiados diálogos – além de extremamente ágeis – de Baumbach permitem que seu elenco extrapole o lugar comum de suas carreiras, mesmo que ainda tão próximos no que diz respeito a temática familiar.

Esse recorte não é também uma novidade para o diretor, sendo, em maior ou menor grau, uma seara típica em seus filmes anteriores como A Lula e a Baleia (2005) e Mistress America (2015). O longa suscita semelhanças com Os Excêntricos Tenenbaums (2001), dirigido por Wes Anderson, ao retratar  uma família no extremo e constante estado de transtorno, porém, o filme de Baumbach é muito mais sóbrio em sua mise em scene, ainda que brinque com outra referência: a animação dirigida por Wes Anderson e escrita colaborativamente com Baumbach, O Fantástico Sr. Raposo (2009).

Os universos e elenco se aproximam ao ponto de ser possível sentir falta de Owen Wilson na produção, no que seria um arremate final de paralelismos, mas Meyerowitz se destaca com uma camada de seriedade – um tanto quanto distante de Anderson –  que está subscrita em sua montagem que circula através de uma divisão em capítulos, bastante atraente e enérgica em seus cortes afiados, o tenso e sensível fio entre os personagens que ao longo da narrativa, tal como o uso dos cortes e das transições em fade out, se modifica.

Apesar dessa mudança trazer algum incômodo dentro da estética estabelecida pela montagem, o longa não sai prejudicado em seu resultado final: um filme divertido reunindo belas performances de seu elenco.

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