segunda-feira , 4 novembro , 2024

Crítica | Os Segredos do Castelo – O Novo Suspense Psicológico de Autora de ‘A Maldição da Residência Hill

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O que faz um bom suspense: uma boa história ou cenas mirabolantes e efeitos especiais? Na contramão do que vem ocorrendo nos cinemas e nos streamings, chega agora às plataformas de aluguel por demanda o suspense ‘Os Segredos do Castelo’, novo longa baseado em livro da escritora Shirley Jackson, mesma autora de ‘A Maldição da Residência Hill’ e ‘A Casa Amaldiçoada’.

Constance (Alexandra Daddario) e Merricat (Taissa Farmiga) são duas irmãs que moram no alto da colina, em um castelo junto com o tio Julian (Crispin Glover). Elas quase não saem de casa, e vivem muito bem assim, afinal, desde que os pais morreram envenenados dentro de casa o pessoal da vila não as vê com bons olhos – na verdade, as crianças do bairro adoram provocá-las, especialmente à Merricat, que é uma menina introvertida e autista. Tudo vai bem na reclusão dos Blackwood, até a chegada inesperada de um primo desconhecido (Sebastian Stan), que traz desequilíbrio à harmonia fraternal da mansão.

Para quem curtiu as supracitadas produções, ‘Os Segredos do Castelo’ é um filme imperdível, pois apresenta o mesmo tipo de construção narrativa. A história tem uma pegada teatral e um crescente de tensão semelhante a sucessos como ‘Dogville’ e ‘Os Outros’, na qual o espectador acompanha uma protagonista feminina cheia de mistérios, mas com quem imediatamente sentimos empatia, e ficamos na expectativa de alguma tragédia por vir.

Isto dito, é muito sutil a forma como o roteiro de Mark Kruger vai realizando esse efeito no espectador. Dividido em capítulos retroativos que vão recontando os últimos dias da semana da família Blackwood, o roteiro vai cozinhando (no bom sentido) o espectador em banho-maria, e ficamos com a sensação de que estamos apenas vendo o dia a dia de uma família esquisita vinda direto de um catálogo de decoração. Mas há muito mais que isso.

Chama a atenção a impecável direção de arte, que reconstruiu um belíssimo ambiente de início do século 20, atentando-se desde os detalhes dos azulejos ao enquadramento certo das cenas para aumentar a sensação de intimidade dentro do misterioso castelo – que, por si só, também é personagem nessa história. Stacie Passon teve o cuidado na direção em fazer da câmera uma extensão do espectador, que é conduzido pela brilhante atuação de Taissa Farmiga, tão bizarra quanto atraente, tornando impossível não olhar para ela.

Os Segredos do Castelo’ é desses filmes que arrebatam apenas no último arco, e que ao longo de uma hora vai germinando no espectador o sentimento de revolta. Escrito há cem anos, dialoga perfeitamente com os discursos de ódio extremos que estamos vendo nos dias de hoje. ‘Os Segredos do Castelo’ atrai pelo suspense, mas acaba oferecendo uma reflexão inquietante.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Constance (Alexandra Daddario) e Merricat (Taissa Farmiga) são duas irmãs que moram no alto da colina, em um castelo junto com o tio Julian (Crispin Glover). Elas quase não saem de casa, e vivem muito bem assim, afinal, desde que os pais morreram envenenados dentro de casa o pessoal da vila não as vê com bons olhos – na verdade, as crianças do bairro adoram provocá-las, especialmente à Merricat, que é uma menina introvertida e autista. Tudo vai bem na reclusão dos Blackwood, até a chegada inesperada de um primo desconhecido (Sebastian Stan), que traz desequilíbrio à harmonia fraternal da mansão.

Para quem curtiu as supracitadas produções, ‘Os Segredos do Castelo’ é um filme imperdível, pois apresenta o mesmo tipo de construção narrativa. A história tem uma pegada teatral e um crescente de tensão semelhante a sucessos como ‘Dogville’ e ‘Os Outros’, na qual o espectador acompanha uma protagonista feminina cheia de mistérios, mas com quem imediatamente sentimos empatia, e ficamos na expectativa de alguma tragédia por vir.

Isto dito, é muito sutil a forma como o roteiro de Mark Kruger vai realizando esse efeito no espectador. Dividido em capítulos retroativos que vão recontando os últimos dias da semana da família Blackwood, o roteiro vai cozinhando (no bom sentido) o espectador em banho-maria, e ficamos com a sensação de que estamos apenas vendo o dia a dia de uma família esquisita vinda direto de um catálogo de decoração. Mas há muito mais que isso.

Chama a atenção a impecável direção de arte, que reconstruiu um belíssimo ambiente de início do século 20, atentando-se desde os detalhes dos azulejos ao enquadramento certo das cenas para aumentar a sensação de intimidade dentro do misterioso castelo – que, por si só, também é personagem nessa história. Stacie Passon teve o cuidado na direção em fazer da câmera uma extensão do espectador, que é conduzido pela brilhante atuação de Taissa Farmiga, tão bizarra quanto atraente, tornando impossível não olhar para ela.

Os Segredos do Castelo’ é desses filmes que arrebatam apenas no último arco, e que ao longo de uma hora vai germinando no espectador o sentimento de revolta. Escrito há cem anos, dialoga perfeitamente com os discursos de ódio extremos que estamos vendo nos dias de hoje. ‘Os Segredos do Castelo’ atrai pelo suspense, mas acaba oferecendo uma reflexão inquietante.

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