Buscando por meio de imagens de arquivos e depoimentos sobre diversos temas, contar de forma breve a trajetória de um intérprete de vários sentimentos que logo se tornou um dos mais destacados artistas da história dos palcos e telas de nosso país, Othelo, o Grande nos declama a genialidade do improviso e o dom de fazer rir se tornando um projeto fundamental para quem ama a sétima arte. O documentário, dirigido por Lucas H. Rossi traz em seu paralelo importantes momentos do cinema brasileiro.
Ao longo de hipnotizantes 82 minutos de projeção, acompanhamos parte da história de Sebastião Bernardes de Souza Prata, nascido na hoje conhecida Uberlândia, em 1915, um homem que tinha a política de fazer rir! Lutando contra o preconceito em praticamente todas as fases de sua vida, logo ficou conhecido como Grande Otelo, sendo o grande responsável por dar vida à personagens com enorme apelo popular que estão nas memórias de muitas pessoas até hoje.
Trechos de muitos de seus trabalhos mais conhecidos ganham pequenos recortes e reflexões, como: Macunaíma do cineasta carioca Joaquim Pedro de Andrade e Fitzcarraldo, do aclamado cineasta alemão Werner Herzog. Entre os momentos mais marcantes, seu encontro com Orson Welles gera um depoimento sobre o sumiço de filmes que mostravam grandes verdades do Brasil na década de 40, fato que poucos conhecem. A dupla com Oscarito não foi esquecida, essa que marcou uma fase impressionante da comédia brasileira.
O início da Atlântida (famosa produtora de filmes), no início da década de 40, além dos rumos do cinema brasileiro ganham alguns depoimentos de Grande Otelo tiradas de algumas das inúmeras entrevistas que o documentário conseguiu em sua excelente pesquisa. Durante todo o tempo em que esteve ativo no mercado, o ator nunca escondeu o que pensava sobre os bastidores. As tragédias da vida pessoal também ganham espaço, flertou com esse momento inclusive em plena Avenida Presidente Vargas sem ser época de carnaval.
Othelo, o Grande venceu o prêmio de Melhor Documentário no Festival do Rio 2023, um merecido prêmio para um filme que mostra com muita riqueza de detalhes, a vida de um gigantesco artista brasileiro.