quinta-feira, abril 25, 2024

Crítica | Ozark 2ª Temporada – Série Consegue Manter a Tensão da Primeira Temporada

Prontos para a Terceira Fase

Após o final da primeira temporada –  de deixar todo mundo de boca aberta – , Jason Bateman volta com duas indicações ao Emmy Awards – uma como ator e outra como diretor – ao personagem Marty Byrde, na segunda temporada de Ozark. Comparado com Breaking Bad (2008–2013) no ano de estreia, o drama vivido pela família Byrde começa a trilhar diferentes caminhos e ganhar outros contornos, mas ainda destaca-se pela inteligência e sagacidade do protagonista.

Já no primeiro episódio, o roteiro baixa a adrenalina deixada no fim da primeira temporada, assim como o ritmo desacelera em toda a trama. A série, entretanto, não deixa de mostrar a violência explícita e inescrupulosa. Aliás, a grande recompensa desta temporada é o destaque maior para Wendy Byrde (Laura Linney). Ela passa a ser uma voz ativa na condução de todo o esquema entre o cartel mexicano, os produtores de cocaína e o fantoche Charles Wilkes (Darren Goldstein).

Assim, Wendy toma a frente com seu poder de persuasão e jogo político para conseguir a aprovação legislativa de um navio-cassino na cidade. Por esse viés, Ozark se assemelha muito mais a House of Cards (2013–2018) do que a qualquer outro seriado de narcotráfico. Misturando malícia, destreza e altivez, Wendy consegue dobrar as manobras mais difíceis, enquanto Marty lida com os números e tenta articular um secreto – até aos espectadores – plano de fuga.

Vale ressaltar que o enredo inteiro da segunda temporada é em torno da aprovação do casino, no entanto, os coadjuvantes não passam em branco e garantem bons núcleos narrativos. Outro personagem a receber o seu merecido destaque é Ruth Langmore (Julia Garner), a menina agora tem que lidar com o pai Cade (Trevor Long) solto em condicional e a culpa pela morte do seu tio [espero que você já tenha visto a primeira temporada ao ler isso].

A cada episódio é nítido a desenvolvimento de Ruth, desde a sua batalha para ser alguém melhor e fugir do seu amaldiçoado sobrenome até a sua insistência em colocar seu primo Wyatt Langmore (Charlie Tahan) na faculdade. Em breves momentos, o jovem rapaz também ganha destaque ao conversar com o fantasma do seu falecido pai (Marc Menchaca) em cenas realmente tocantes.

Em direção oposta a Wendy e Ruth, duas personagens femininas competem pelos momentos mais maçante da história. A primeira é Rachel (Jordana Spiro) com seu letárgico vício, ela torna-se uma boneca sem motivação e manipulada pelo psicótico agente do FBI Roy Petty (Jason Butler Harner).

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A propósito, um dos pontos fracos da temporada são os erros estapafúrdios do policial, que em nada combinam com a personalidade altiva do personagem anteriormente. Sua obsessão por Marty parece ser ilimitada, contudo, ele dá muita mancada para um profissional de investigação altamente treinado.A única desculpa para isso seria uma certa vulnerabilidade por carregar o fardo da morte de Russ. Os reais sentimentos do personagem parecem sempre incógnitos, exceto quando Roy masturbar-se ouvindo a voz de Russ em uma antiga gravação – uma cena forte e perturbadora.

Voltando a Rachel, após descobrir que Marty lavava dinheiro em seu estabelecimento, ela se recusa a enfrentar a realidade, foge da cidade e tenta escapar de si mesma através das drogas. Outra menina perdida é a filha mais velha de Marty, Charlotte (Sofia Hublitz), que começa a passar os dias fumando maconha ao lado de Wyatt, rouba o dinheiro do cartel e, por fim, pede a emancipação dos seus pais, sem ideia do perigo que corre sozinha no mundo.

Em contrapartida, o filho mais novo Jonah Byrde (Skylar Gaertner) começa a lavar dinheiro com um nome falso, enquanto lida com o choque de quase ter assassinado um indivíduo. A parte mais emocionante de todos os episódios, entretanto, é a relação afetiva desenvolvida entre Jonah e Buddy Dieker (Harris Yulin). Declaradamente, o velho proprietário é o único a atender às necessidade afetivas do menino, já que Marty e Wendy estão muitos ocupados fazendo as engrenagens dos seus planos rodarem.

Embora a aprovação do cassino seja o principal argumento desta temporada, os obstáculos para construí-lo estão por conta do casal Jacob (Peter Mullan) e Darlene Snell (Lisa Emery), provando serem os grandes vilões do momento. Na competição entre os mais vis, apresenta-se também a advogada do cartel (Janet McTeer) disposta a tudo para ver o cassino de pé.

 

Ozark mantém a ótima direção – sendo os dois primeiro episódios comandados por Bateman -, destacando-se a condução bem amarrada e a violência pungente em um enquadramento lúgubre.  Além disso, há surpreendentes desenlaces – principalmente no episódio 7 -, suspense crescente, personagens interessantes e, acima de tudo, fôlego para chegar até a terceira temporada.

A afirmativa é plausível porque há muito mais palha para queimar a partir da insurgência de um conflito de interesses entre a ambição de Wendy e a sutileza de Marty nos últimos minutos do sangrento episódio final.

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