sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Paddington 2 – Muito mais do que um filme bonitinho para crianças

Um Sonho de Liberdade

Lembro como se fosse ontem da forma como fui arrebatado no final de 2014, ao comparecer numa exibição para a imprensa e conferir As Aventuras de Paddington. A surpresa veio ao saber que a campanha de marketing do filme (quem poderia esquecer o creepy Paddington) que andava dando tiros no pé e quase reverteu a imagem fofa e aconchegante do ursinho, não conseguiu manchar o filme. E melhor ainda, o longa de Paul King sobressaiu, se mostrando incrivelmente bom – daquele tipo de filme tão recomendado para os adultos quanto para as crianças. Caso queiram conferir, aqui estão meus pensamentos sobre o filme original.

E como é bom ser surpreendido por um filme do qual não esperamos nada. Quando se trata de uma produção mirada aos pequenos, melhor ainda. Então, volto aqui três anos depois e repito a dose. Paddington 2, continuação de As Aventuras de Paddington, é tão bom, ou ainda melhor, que seu antecessor.

Novamente escrito e dirigido por Paul King (em time que está ganhando não se mexe), a sequência inesperada – ninguém imaginou que veríamos uma nova aventura do ursinho (bem, talvez os produtores, já que o filme deu lucro) – se beneficia de ter seu universo já estabelecido e bem explorado. Novamente apostando no forte teor “inglês” do filme, Paddington não é como os filmes do gênero Hollywoodianos, e aí está sua força e verdadeira alma.

Os filmes de Paddington representam bem a educação, o sentimento de civilidade e os valores britânicos. Até mesmo o tipo de humor aqui é bem único. Realmente este que vos fala não esperava perceber como é gostoso revisitar o universo do ursinho amado pela vizinhança. Imagine o Mr. Bean em forma de um urso falante, adorável, porém, incrivelmente desastrado e inocente.

Atores como Hugh Bonneville e Sally Hawkins (que será indicada ao Oscar este ano por A Forma da Água) novamente são bem utilizados e recebem chance de protagonizar momentos curiosos e engraçados – o humor é simples, inocente, mas sofisticado, remetendo a clássicos comediantes do segmento, vide Charles Chaplin e Buster Keaton, que misturavam doçura e dramaticidade às suas comédias.

Um dos grandes destaques do segundo filme é o veterano Hugh Grant, substituindo Nicole Kidman como o vilão da vez, na pele do ator egocêntrico e em decadência Phoenix Buchanan. Grant está simplesmente impagável, e chegou até mesmo a ser indicado como ator coadjuvante no BAFTA, o Oscar britânico. Sim, não poderiam deixar de fora da premiação um produto tipicamente e incrivelmente inglês. Além de Grant, o longa foi indicado nas categorias de roteiro adaptado (Paul King), já que os filmes são baseados nos livros infantis da década de 1950, escritos por Michael Bond; e na categoria de melhor filme igualmente.

O que surpreende nesta sequência, fato que faz a indicação do filme nestas categorias citadas acima não serem um ultraje, é que Paddington 2 é um eficiente filme de prisão. Sim! Você leu certo! O filme do ursinho otimista e adorável é uma comédia infantil passado no lugar mais inusitado que se poderia imaginar. Depois de ser acusado de um crime que não cometeu – e você já deve imaginar quem o fez – Paddington (que segue com a voz de Ben Whishaw do original – mas que teve Danilo Gentilli substituído por Bruno Gagliasso em nosso país) é condenado e enviado a um presídio.

Não deixe de assistir:

Do lado de fora, sua família faz de tudo para provar sua inocência e encontrar o verdadeiro culpado. Enquanto isso, encarcerado, Paddington usa suas qualidades amigáveis e puro carisma para cativar seus companheiros de cela, em especial o linha dura Knucles McGinty (Brendan Gleeson), o cozinheiro dos detentos, com quem forma uma parceria para criar altos pratos (em especial doces). E como todo filme de prisão, em determinado momento, uma fuga é planejada.

Com todos estes elogios, e um final verdadeiramente emocionante, visto em poucos filmes do gênero, ou até mesmo na maioria dos filmes adultos, Paddington 2 é a prova que os filmes mirados aos pequenos não precisam trata-los de forma depreciativa, entregando o mais baixo denominador comum e tripudiando de sua inteligência. Paddington 2, que não por menos é o filme mais bem avaliado deste início de ano no agregador Rotten Tomatoes, é simples, mas transborda de elementos edificantes, se tornando praticamente uma obrigação para os pais apresentarem aos pequenos. Longe de qualquer violência ou qualquer outra baboseira, o filme parece disposto apenas a criar seres humanos melhores – e quem não quer isso.

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