domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Pegando Fogo

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Chef Americano

“Food Porn” é um termo muito utilizado atualmente. Seja em programas de TV a cabo, ou até mesmo na TV aberta, a alta cozinha tem entrado em nossas vidas de forma intensa. O cinema também participa do filão, e não é necessariamente uma novidade. Será que alguém não lembra de Ratatouille, um dos mais populares exemplos.

Curiosamente, Pegando Fogo, novo filme protagonizado pelo astro Bradley Cooper (indicado ao Oscar por O Lado Bom da Vida, Trapaça e Sniper Americano), guarda muitas semelhanças com a estrutura da citada animação da Disney / Pixar. No núcleo da trama, o que motiva o protagonista é a paixão pela “arte” e o desejo de ser aceito. O fato inclui ter sob o comando o melhor restaurante da região, contendo até mesmo o clímax dependente da opinião de um crítico especializado.



Pegando Fogo, ou Burnt no original, previamente levava como título o nome do protagonista de Cooper, Adam Jones. Cartazes com o título prévio já haviam sido divulgados, quando por algum motivo o estúdio responsável resolveu voltar atrás. Casos assim são bem raros e ao menos neste quesito o filme conseguirá atenção e destaque.

CinePOP 5

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Bradley Cooper construiu sua carreira pontuada por personagens dúbios, antipáticos ou com algum distúrbio de personalidade. É só olhar para Phil da franquia Se Beber, Não Case, Pat de O Lado Bom da Vida, Richie DiMaso de Trapaça ou Eddie Morra de Sem Limites.  Adam Jones é mais um deles. Um protagonista desagradável e autodestrutivo. Ao contrário dos citados, ele quase não possui qualidades redentoras.

Viciado em drogas e extremamente egocêntrico, o personagem de Cooper está no fundo do poço, mas decide investir as últimas energias num arriscado jogo de azar. É tudo ou nada, e o sujeito aposta mais do que sua reputação desta vez. Como todo herói trágico, Adam Jones possui muitos defeitos a serem (ou não) superados. Além do vício, o protagonista deve dinheiro a maus elementos e corre risco de vida.

Outro chamariz na obra é o fantástico elenco de apoio. Temos Emma Thompson como sua psicóloga e voz da consciência, Alicia Vikander como um antigo interesse, Daniel Brühl como o fiel escudeiro, Uma Thurman como uma crítica gastronômica, Omar Sy como um dos membros de sua equipe de cozinha e Sienna Miller – reprisando a parceria do sucesso de Clint Eastwood, Sniper Americano – como o novo romance obrigatório.

CinePOP 6

Pegando Fogo traz performances empenhadas de seus atores, que aparentemente aprenderam a se virar de verdade numa cozinha. A comida é suculenta e palatável o suficiente para sairmos da exibição direto para um restaurante. E se esse fosse o objetivo, teria sido cumprido. Os detalhes minuciosos do preparo de cada iguaria são explorados pela obra do diretor John Wells (A Grande Virada e Álbum de Família), que se tornou um especialista em filmes com elencos recheados. O funcionamento de uma cozinha e a relação dos funcionários nela existentes também é devidamente abordado de forma intensa pelo cineasta. O fato nos faz desejar que Pegando Fogo fosse inteiramente passado na cozinha, como um destes filmes de ambiente único.

Mas o roteiro de Steven Knight resolve perpassar por todos os itens da cartilha de filmes do tipo, como, por exemplo o protagonista iniciando um romance previsível. O resultado é mundano e sem grande brilho, tornando o sabor deste prato um tanto requentado. Knight tem no cinto obras-primas como os textos de Coisas Belas e Sujas (2002), Senhores do Crime (2007) e o recente Locke (2013). Mas também escorregadas como o recente O Sétimo Filho e em menor escala A 100 Passos de um Sonho (2014), outra obra de “pornografia gastronômica”.

Cooper é um ator talentoso, mas vem de uma maré ruim, com obras como Serena e Sob o Mesmo Céu (que provavelmente estará na maioria das listas dos piores filmes do ano). Pegando Fogo não chega a ser um desastre de tal magnitude, apenas termina com a sensação de entrada e não de prato principal.

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“Food Porn” é um termo muito utilizado atualmente. Seja em programas de TV a cabo, ou até mesmo na TV aberta, a alta cozinha tem entrado em nossas vidas de forma intensa. O cinema também participa do filão, e não é necessariamente uma novidade. Será que alguém não lembra de Ratatouille, um dos mais populares exemplos.

Curiosamente, Pegando Fogo, novo filme protagonizado pelo astro Bradley Cooper (indicado ao Oscar por O Lado Bom da Vida, Trapaça e Sniper Americano), guarda muitas semelhanças com a estrutura da citada animação da Disney / Pixar. No núcleo da trama, o que motiva o protagonista é a paixão pela “arte” e o desejo de ser aceito. O fato inclui ter sob o comando o melhor restaurante da região, contendo até mesmo o clímax dependente da opinião de um crítico especializado.

Pegando Fogo, ou Burnt no original, previamente levava como título o nome do protagonista de Cooper, Adam Jones. Cartazes com o título prévio já haviam sido divulgados, quando por algum motivo o estúdio responsável resolveu voltar atrás. Casos assim são bem raros e ao menos neste quesito o filme conseguirá atenção e destaque.

CinePOP 5

Bradley Cooper construiu sua carreira pontuada por personagens dúbios, antipáticos ou com algum distúrbio de personalidade. É só olhar para Phil da franquia Se Beber, Não Case, Pat de O Lado Bom da Vida, Richie DiMaso de Trapaça ou Eddie Morra de Sem Limites.  Adam Jones é mais um deles. Um protagonista desagradável e autodestrutivo. Ao contrário dos citados, ele quase não possui qualidades redentoras.

Viciado em drogas e extremamente egocêntrico, o personagem de Cooper está no fundo do poço, mas decide investir as últimas energias num arriscado jogo de azar. É tudo ou nada, e o sujeito aposta mais do que sua reputação desta vez. Como todo herói trágico, Adam Jones possui muitos defeitos a serem (ou não) superados. Além do vício, o protagonista deve dinheiro a maus elementos e corre risco de vida.

Outro chamariz na obra é o fantástico elenco de apoio. Temos Emma Thompson como sua psicóloga e voz da consciência, Alicia Vikander como um antigo interesse, Daniel Brühl como o fiel escudeiro, Uma Thurman como uma crítica gastronômica, Omar Sy como um dos membros de sua equipe de cozinha e Sienna Miller – reprisando a parceria do sucesso de Clint Eastwood, Sniper Americano – como o novo romance obrigatório.

CinePOP 6

Pegando Fogo traz performances empenhadas de seus atores, que aparentemente aprenderam a se virar de verdade numa cozinha. A comida é suculenta e palatável o suficiente para sairmos da exibição direto para um restaurante. E se esse fosse o objetivo, teria sido cumprido. Os detalhes minuciosos do preparo de cada iguaria são explorados pela obra do diretor John Wells (A Grande Virada e Álbum de Família), que se tornou um especialista em filmes com elencos recheados. O funcionamento de uma cozinha e a relação dos funcionários nela existentes também é devidamente abordado de forma intensa pelo cineasta. O fato nos faz desejar que Pegando Fogo fosse inteiramente passado na cozinha, como um destes filmes de ambiente único.

Mas o roteiro de Steven Knight resolve perpassar por todos os itens da cartilha de filmes do tipo, como, por exemplo o protagonista iniciando um romance previsível. O resultado é mundano e sem grande brilho, tornando o sabor deste prato um tanto requentado. Knight tem no cinto obras-primas como os textos de Coisas Belas e Sujas (2002), Senhores do Crime (2007) e o recente Locke (2013). Mas também escorregadas como o recente O Sétimo Filho e em menor escala A 100 Passos de um Sonho (2014), outra obra de “pornografia gastronômica”.

Cooper é um ator talentoso, mas vem de uma maré ruim, com obras como Serena e Sob o Mesmo Céu (que provavelmente estará na maioria das listas dos piores filmes do ano). Pegando Fogo não chega a ser um desastre de tal magnitude, apenas termina com a sensação de entrada e não de prato principal.

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