sábado , 2 novembro , 2024

Crítica | Penny Dreadful: City of Angels – 01×08: Hide and Seek

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Penny Dreadful: City of Angels’ tinha um legado honrável para seguir; afinal, a série protagonizada por Eva Green e Timothy Dalton e assinada por John Logan tornou-se um dos dramas sobrenaturais mais aclamados da década passada e ressignificou as clássicas narrativas vitorianas que tanto povoaram o imaginário popular. Entretanto, diferente da produção original, o spin-off poderia até trazer Logan de volta para o mundo televisivo, mas começaria do zero e teria um respaldo mais político, ambientado na explosiva Los Angeles do final dos anos 1930, às vésperas da II Guerra Mundial; mais do que isso, a ambientação seria regida pelos embates raciais entre o supremacismo branco da costa oeste estadunidense e dos imigrantes e descendentes latinos que haviam se estabelecido na “próspera terra”.

De fato, a obra derivada começou com pé esquerdo ao deixar de lado o teor espiritual e demoníaco que tanto esperávamos em virtude de focar num drama de época que parecia sair de lugar nenhum e chegar a nenhum lugar. Com o espectro panfletário falando mais alto e com performances derradeiras de um elenco de ponta, a premissa original se transgredia em uma metáfora didática para a ascensão do nazifascismo e do preconceito contra minorias sociais; felizmente, com o passar das semanas, Logan e seu time criativo começou a equilibrar as coisas com preocupação estética e narrativa muito maior, apostando em tramas angustiantes que conseguiam englobar o número infindável de protagonistas e coadjuvantes em um caminho que exala sucesso. E, com apenas duas semanas para o aguardado season finale, ‘City of Angels’ entregou seu primeiro capítulo irretocável que superou quaisquer expectativa que tínhamos.

Em “Hide and Seek”, o conflito social e racial ganha novos níveis ao atingir um patamar intimista e quase claustrofóbico, optando por centralizar cada arco em um personagem latino diferente. De um lado, Tiago (Daniel Zovatto) continua sua missão de desvendar os segredos do partido nazista-americano que ganha, dia após dia, mais membros dispostos a reafirmar a superioridade ariana e exterminar a presença de “pessoas inferiores” – seguindo a ideologia condenável de Adolf Hitler que se espalhava pela Europa Ocidental. O detetive, a pedido de seu parceiro Lewis (Nathan Lane), que vem sofrendo ataques de ansiedade e de pânico por ter ascendência judaica e estar na mira dos extremistas, vai falar com a matriarca evangelista Adelaide Finnister (Amy Madigan), mãe de Molly (Kerry Bishé), para tentar descobrir alguma coisa válida e palpável – mas é recebido com um caloroso pedido de agradecimento por seu trabalho na polícia local (e uma ameaça passiva-agressiva no que concerne à filha).

De outro lado, Maria (Adriana Barraza) luta para continuar cuidando dos filhos de Peter Craft (Rory Kinnear), especialmente do jovem e assustado Tom (Julian Hilliard), que conta para ela que os recém-chegados em sua casa não são quem dizer ser. É claro que, nesse momento, todos conhecemos a presença demoníaca de Magda (Natalie Dormer), um demônio que assume diversas formas e que usa seu incrível poder de sedução para conseguir o que quer e desencadear o caos na humanidade; na semana passada, ela tentou se aproximar de Maria, mas foi banida antes de poder usar seus poderes destrutivos. Agora, ela se infiltra na vida de Craft talvez com o propósito de transformar um retrato relativamente cotidiano para infligir mais desordem – aliada a uma espécie de filho-golem que consegue ser mais terrível que ela própria.

Na verdade, é nessa sequência que as explorações de terror e de suspense são escancaradas sem precedência, nos impactando com investidas quase cinematográficas que flertam com obras como ‘Invocação do Mal’ e até mesmo ‘O Exorcista’; porém, a direção de Sheree Folkson continua estampando o mote de que “nem tudo é o que parece ser”, mergulhando em uma espécie de agonia psíquica que pode, ao mesmo tempo, provar que a presença de Magda é muito mais forte do que se pensava, ou então que Maria está à beira de uma insanidade conformista que irá exigir dela ações desesperadas para salvar aqueles que ama. Como se isso não fosse o suficiente, ela também lida com a constante separação de sua família, ainda mais quando sua única filha, Josefina (Jessica Garza) decidiu morar no Templo de Molly e encontrar salvação, e o filho caçula, Mateo (Johnathan Nieves), permanece mais envolvido com a gangue latina.

Deixando de lado alguns elementos secundários e abrindo espaço para que outras personas ganhem espaço – como é o caso do prefeito Charles Townsend (Michael Gladis) e sua problemática e traumática personalidade -, o oitavo capítulo de Penny Dreadful: City of Angels’ é um inesperado retorno à glória que mistura tensão, drama e romance proibido (e traz a ilustre presença de Patti LuPone para nos convidar a uma última dança).

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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De fato, a obra derivada começou com pé esquerdo ao deixar de lado o teor espiritual e demoníaco que tanto esperávamos em virtude de focar num drama de época que parecia sair de lugar nenhum e chegar a nenhum lugar. Com o espectro panfletário falando mais alto e com performances derradeiras de um elenco de ponta, a premissa original se transgredia em uma metáfora didática para a ascensão do nazifascismo e do preconceito contra minorias sociais; felizmente, com o passar das semanas, Logan e seu time criativo começou a equilibrar as coisas com preocupação estética e narrativa muito maior, apostando em tramas angustiantes que conseguiam englobar o número infindável de protagonistas e coadjuvantes em um caminho que exala sucesso. E, com apenas duas semanas para o aguardado season finale, ‘City of Angels’ entregou seu primeiro capítulo irretocável que superou quaisquer expectativa que tínhamos.

Em “Hide and Seek”, o conflito social e racial ganha novos níveis ao atingir um patamar intimista e quase claustrofóbico, optando por centralizar cada arco em um personagem latino diferente. De um lado, Tiago (Daniel Zovatto) continua sua missão de desvendar os segredos do partido nazista-americano que ganha, dia após dia, mais membros dispostos a reafirmar a superioridade ariana e exterminar a presença de “pessoas inferiores” – seguindo a ideologia condenável de Adolf Hitler que se espalhava pela Europa Ocidental. O detetive, a pedido de seu parceiro Lewis (Nathan Lane), que vem sofrendo ataques de ansiedade e de pânico por ter ascendência judaica e estar na mira dos extremistas, vai falar com a matriarca evangelista Adelaide Finnister (Amy Madigan), mãe de Molly (Kerry Bishé), para tentar descobrir alguma coisa válida e palpável – mas é recebido com um caloroso pedido de agradecimento por seu trabalho na polícia local (e uma ameaça passiva-agressiva no que concerne à filha).

De outro lado, Maria (Adriana Barraza) luta para continuar cuidando dos filhos de Peter Craft (Rory Kinnear), especialmente do jovem e assustado Tom (Julian Hilliard), que conta para ela que os recém-chegados em sua casa não são quem dizer ser. É claro que, nesse momento, todos conhecemos a presença demoníaca de Magda (Natalie Dormer), um demônio que assume diversas formas e que usa seu incrível poder de sedução para conseguir o que quer e desencadear o caos na humanidade; na semana passada, ela tentou se aproximar de Maria, mas foi banida antes de poder usar seus poderes destrutivos. Agora, ela se infiltra na vida de Craft talvez com o propósito de transformar um retrato relativamente cotidiano para infligir mais desordem – aliada a uma espécie de filho-golem que consegue ser mais terrível que ela própria.

Na verdade, é nessa sequência que as explorações de terror e de suspense são escancaradas sem precedência, nos impactando com investidas quase cinematográficas que flertam com obras como ‘Invocação do Mal’ e até mesmo ‘O Exorcista’; porém, a direção de Sheree Folkson continua estampando o mote de que “nem tudo é o que parece ser”, mergulhando em uma espécie de agonia psíquica que pode, ao mesmo tempo, provar que a presença de Magda é muito mais forte do que se pensava, ou então que Maria está à beira de uma insanidade conformista que irá exigir dela ações desesperadas para salvar aqueles que ama. Como se isso não fosse o suficiente, ela também lida com a constante separação de sua família, ainda mais quando sua única filha, Josefina (Jessica Garza) decidiu morar no Templo de Molly e encontrar salvação, e o filho caçula, Mateo (Johnathan Nieves), permanece mais envolvido com a gangue latina.

Deixando de lado alguns elementos secundários e abrindo espaço para que outras personas ganhem espaço – como é o caso do prefeito Charles Townsend (Michael Gladis) e sua problemática e traumática personalidade -, o oitavo capítulo de Penny Dreadful: City of Angels’ é um inesperado retorno à glória que mistura tensão, drama e romance proibido (e traz a ilustre presença de Patti LuPone para nos convidar a uma última dança).

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