domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Perdido em Marte – Ridley Scott acerta em cheio em filme instigante e inteligente

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De volta ao gênero que o consagrou, Ridley Scott acerta em cheio dessa vez!

A carreira do cineasta Ridley Scott foi rapidamente solidificada através do gênero da ficção cientifica, quando emplacou seguidamente dois clássicos absolutos: Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner – O Caçador de Androides (1982). Desde então é visto como um dos mestres do estilo, e não é para menos, pois ambos os títulos serviram como base dentro da vertente em questão.

No entanto, se formos analisar mais afundo a carreira do diretor, veremos que depois dessa fase magnifica, Scott teve apenas lapsos de grandeza. O caso de Thelma & Louise (1991) ou dos bons momentos em Os Vigaristas (2003) e O Gângster (2007). E foram cerca de trinta anos para que o realizador voltasse a trabalhar com sci-fi, quando fez o visualmente interessante Prometheus (2012), que teve críticas amenas e nem de longe detinha o nível das obras iniciais já citadas.



Recentemente, tivemos dois grandes títulos que se passaram no espaço e fizeram sucesso, o petardo Gravidade (2013) e o ambicioso Interestelar (2014). Talvez esses exemplares tenham feito Ridley refletir sobre suas escolhas e decidir filmar Perdido em Marte, um longa que, surpreendentemente, resgata a boa forma do irmão do saudoso Tonny Scott e coloca Matt Damon em ascensão.

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O filme que é baseado no livro homônimo de Andy Weir – escritor que passou três anos desenvolvendo o produto – e aborda um acidente que aconteceu ao astronauta Mark Watney (Damon), em Marte, quando devido a uma tempestade de poeira sua tripulação é obrigada a deixa-lo para trás. Com oxigênio e suprimentos limitados, Mark usa da ciência e criatividade para conseguir ganhar tempo e assim poder ser resgatado. O que quase é uma nova versão de Náufrago (2000), só que passada em outro planeta.

A premissa parece e é bastante simples, pois, no decorrer da fita, acompanharemos a luta e os feitos do astronauta em sua nova e solitária vida em Marte. O diferencial está na forma que a trama e narrativa é armada e construída. Mesmo com 141 minutos de duração, The Martian (no original) se mostra envolvente do início ao fim, justamente pela montagem paralela de Pietro Scalia – mesclando os esforços da NASA com as empreitadas de Mark – e o comando firme de Scott, sempre seguro nos ângulos de câmera.

3

Ainda que pouco se saiba a respeito da vida pessoal do protagonista, a maneira como o personagem é destacado e o carisma de Matt Damon faz com que o processo de identificação aconteça de maneira instantânea. As várias empreitadas descuidadas de Mark nos fazem de pronto torcer pelo sujeito. E mesmo que a narração em off possa soar deveras expositiva, seu estilo nonsense faz com que o espectador entenda o desequilíbrio mental e quais as pretensões dos seus malucos experimentos.

O longa possui três núcleos bem divididos e explanados, e conta com um dos mais estrelados elencos que o diretor já teve em mãos – e isto não é qualquer coisa. Nomes como Jessica Chastain, Chiwetel Ejiofor, Kate Mara, Sean Bean, Jeff Daniels, Kristen Wiig, Michael Peña, Donald Glover, Sebastian Stan, Mackenzie Davis, entre outros, figuram o casting por grife, e muitos deles fazem apenas pequenas mas importantes participações de luxo, justamente por trazerem maior peso.

4

Do ponto de vista estético, a película também é muito interessante por fazer com que não só o planeta, mas as naves, os satélites e as estações espaciais pareçam críveis aos olhos do público. Sempre elegante, a fotografia de Dariusz Wolski é cautelosa por não exagerar em tons saturados fora da Terra. Mostrando-se narrativamente importante quando através de lentes mais azuladas destaca os estudiosos da NASA, com certa frieza diante do caso lidado. Scott também é hábil ao utilizar o 3D nas cenas aéreas, quando confere profundidade de campo, dando maior amplitude à imensidão despontada.

Assim sendo, é ótimo constatar que Ridley Scott tenha feito novamente um trabalho tão equilibrado como este Perdido em Marte. Um filme que é narrativamente eficiente (por deixar o espectador sempre ligado), tematicamente interessante (tratando de um gênero tão delicado de forma tão simplória) e ainda abra margem para discutir um pouco sobre os benefícios da ciência e a importância do descobrimento em meio à vida moderna.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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De volta ao gênero que o consagrou, Ridley Scott acerta em cheio dessa vez!

A carreira do cineasta Ridley Scott foi rapidamente solidificada através do gênero da ficção cientifica, quando emplacou seguidamente dois clássicos absolutos: Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner – O Caçador de Androides (1982). Desde então é visto como um dos mestres do estilo, e não é para menos, pois ambos os títulos serviram como base dentro da vertente em questão.

No entanto, se formos analisar mais afundo a carreira do diretor, veremos que depois dessa fase magnifica, Scott teve apenas lapsos de grandeza. O caso de Thelma & Louise (1991) ou dos bons momentos em Os Vigaristas (2003) e O Gângster (2007). E foram cerca de trinta anos para que o realizador voltasse a trabalhar com sci-fi, quando fez o visualmente interessante Prometheus (2012), que teve críticas amenas e nem de longe detinha o nível das obras iniciais já citadas.

Recentemente, tivemos dois grandes títulos que se passaram no espaço e fizeram sucesso, o petardo Gravidade (2013) e o ambicioso Interestelar (2014). Talvez esses exemplares tenham feito Ridley refletir sobre suas escolhas e decidir filmar Perdido em Marte, um longa que, surpreendentemente, resgata a boa forma do irmão do saudoso Tonny Scott e coloca Matt Damon em ascensão.

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O filme que é baseado no livro homônimo de Andy Weir – escritor que passou três anos desenvolvendo o produto – e aborda um acidente que aconteceu ao astronauta Mark Watney (Damon), em Marte, quando devido a uma tempestade de poeira sua tripulação é obrigada a deixa-lo para trás. Com oxigênio e suprimentos limitados, Mark usa da ciência e criatividade para conseguir ganhar tempo e assim poder ser resgatado. O que quase é uma nova versão de Náufrago (2000), só que passada em outro planeta.

A premissa parece e é bastante simples, pois, no decorrer da fita, acompanharemos a luta e os feitos do astronauta em sua nova e solitária vida em Marte. O diferencial está na forma que a trama e narrativa é armada e construída. Mesmo com 141 minutos de duração, The Martian (no original) se mostra envolvente do início ao fim, justamente pela montagem paralela de Pietro Scalia – mesclando os esforços da NASA com as empreitadas de Mark – e o comando firme de Scott, sempre seguro nos ângulos de câmera.

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Ainda que pouco se saiba a respeito da vida pessoal do protagonista, a maneira como o personagem é destacado e o carisma de Matt Damon faz com que o processo de identificação aconteça de maneira instantânea. As várias empreitadas descuidadas de Mark nos fazem de pronto torcer pelo sujeito. E mesmo que a narração em off possa soar deveras expositiva, seu estilo nonsense faz com que o espectador entenda o desequilíbrio mental e quais as pretensões dos seus malucos experimentos.

O longa possui três núcleos bem divididos e explanados, e conta com um dos mais estrelados elencos que o diretor já teve em mãos – e isto não é qualquer coisa. Nomes como Jessica Chastain, Chiwetel Ejiofor, Kate Mara, Sean Bean, Jeff Daniels, Kristen Wiig, Michael Peña, Donald Glover, Sebastian Stan, Mackenzie Davis, entre outros, figuram o casting por grife, e muitos deles fazem apenas pequenas mas importantes participações de luxo, justamente por trazerem maior peso.

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Do ponto de vista estético, a película também é muito interessante por fazer com que não só o planeta, mas as naves, os satélites e as estações espaciais pareçam críveis aos olhos do público. Sempre elegante, a fotografia de Dariusz Wolski é cautelosa por não exagerar em tons saturados fora da Terra. Mostrando-se narrativamente importante quando através de lentes mais azuladas destaca os estudiosos da NASA, com certa frieza diante do caso lidado. Scott também é hábil ao utilizar o 3D nas cenas aéreas, quando confere profundidade de campo, dando maior amplitude à imensidão despontada.

Assim sendo, é ótimo constatar que Ridley Scott tenha feito novamente um trabalho tão equilibrado como este Perdido em Marte. Um filme que é narrativamente eficiente (por deixar o espectador sempre ligado), tematicamente interessante (tratando de um gênero tão delicado de forma tão simplória) e ainda abra margem para discutir um pouco sobre os benefícios da ciência e a importância do descobrimento em meio à vida moderna.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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