sexta-feira , 8 novembro , 2024

Crítica | Pérola – Drica Moraes BRILHA em Dramédia Almodovariana dirigida por Murilo Benício

Dizem que a melhor fonte de inspiração é a própria vida, aquela que nós mesmo encaramos no cotidiano. Dizem também que nada é mais inspirador do que a realidade que nós próprios vivemos, com as pessoas que nos cercam se tornando os melhores personagens desse enredo. Talvez essa seja a razão pela qual vemos tantos filmes familiares – no sentido de serem focados em famílias e também no sentido de familiaridade, da comunhão que o espectador sente com relação ao que vê nas telas. As famílias definitivamente são fonte de afeto, conflitos e também de arte. Na junção desses três elementos chega aos cinemas brasileiros a comédia dramática nacional ‘Pérola’, que, com o perdão da redundância, é uma pérola do cinema nacional.

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Pérola (Drica Moraes) é uma mãezona, expansiva e cheia de sonhos. Ela acaba de se mudar com toda a sua família para uma casa com a entrada apertada onde sonha em breve expandir o espaço e construir um quintal de frende, e, nos fundos, deseja construir uma piscina. Assim começam as memórias de Mauro (Leonardo Fernandes), filho de Pérola, que rememora seu convívio com a mãe no tempo presente, quando viaja ao encontro da família em Bauru junto de seu namorado. Dessas memórias, vêm à tona segredos enterrados no fundo do inconsciente, momentos de ternura com as tias, brigas homéricas com a mãe e o casamento da irmã – eventos realizados todos à beira da piscina.



Chega a ser complicado fazer a sinopse de ‘Pérola’ porque as palavras não conseguem absorver toda a beleza que está na simplicidade na construção desse filme. O roteiro de Adriana Falcão, Marcelo Saback e Jô Abdu faz dessa casa dos sonhos não só o cenário, mas também uma extensão dessa mãe, abrigando tudo e todos a todo momento; o imóvel, tão importante na narrativa familiar, tem um tom tão peculiar e acolhedor, que o espectador nem sente que a maior parte do filme se passa nesse ambiente – ao contrário, queremos, sim, estar dentro dessa casa, com esses personagens pitorescos, tomando caipirinha sem parar porque é entre essas paredes em que a felicidade do cotidiano ganha a vida.

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A sensação de familiaridade que sentimos é mérito tanto da fotografia, quanto da iluminação e da direção de arte de ‘Pérola’: a sintonia desses três departamentos combina em um resultado no qual o espectador se sente à vontade e como que parte dessa família, na qual tudo é muito colorido e contrastante, numa pegada a la Almodóvar em que todos os objetos e seres vivos giram em torno do sol-Pérola, a matriarca e protagonista do filme que, aos olhos do narrador, ganha luz e intensidade irresistíveis.

O segundo trabalho na direção do também ator Murilo Benício é um primor, uma delícia estética para ser deleitada em tela grande. A confiança que sentimos ao observar que todos os aspectos do filme funcionam, encabeçados pela afinadíssima Drica Moraes, demonstra não só segurança do diretor, como também sua competente habilidade em transformar o roteiro em uma obra-homenagem a todas as mães.

Baseado na obra teatral de Mauro Rasi, ‘Pérola’ é um filme belo, adorável e intimamente familiar. Na mesma vibe das comédias argentinas ou espanholas, porém passada em Bauru, ‘Pérola’ mostra toda a beleza e potência do cinema brasileiro.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Pérola (Drica Moraes) é uma mãezona, expansiva e cheia de sonhos. Ela acaba de se mudar com toda a sua família para uma casa com a entrada apertada onde sonha em breve expandir o espaço e construir um quintal de frende, e, nos fundos, deseja construir uma piscina. Assim começam as memórias de Mauro (Leonardo Fernandes), filho de Pérola, que rememora seu convívio com a mãe no tempo presente, quando viaja ao encontro da família em Bauru junto de seu namorado. Dessas memórias, vêm à tona segredos enterrados no fundo do inconsciente, momentos de ternura com as tias, brigas homéricas com a mãe e o casamento da irmã – eventos realizados todos à beira da piscina.

Chega a ser complicado fazer a sinopse de ‘Pérola’ porque as palavras não conseguem absorver toda a beleza que está na simplicidade na construção desse filme. O roteiro de Adriana Falcão, Marcelo Saback e Jô Abdu faz dessa casa dos sonhos não só o cenário, mas também uma extensão dessa mãe, abrigando tudo e todos a todo momento; o imóvel, tão importante na narrativa familiar, tem um tom tão peculiar e acolhedor, que o espectador nem sente que a maior parte do filme se passa nesse ambiente – ao contrário, queremos, sim, estar dentro dessa casa, com esses personagens pitorescos, tomando caipirinha sem parar porque é entre essas paredes em que a felicidade do cotidiano ganha a vida.

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A sensação de familiaridade que sentimos é mérito tanto da fotografia, quanto da iluminação e da direção de arte de ‘Pérola’: a sintonia desses três departamentos combina em um resultado no qual o espectador se sente à vontade e como que parte dessa família, na qual tudo é muito colorido e contrastante, numa pegada a la Almodóvar em que todos os objetos e seres vivos giram em torno do sol-Pérola, a matriarca e protagonista do filme que, aos olhos do narrador, ganha luz e intensidade irresistíveis.

O segundo trabalho na direção do também ator Murilo Benício é um primor, uma delícia estética para ser deleitada em tela grande. A confiança que sentimos ao observar que todos os aspectos do filme funcionam, encabeçados pela afinadíssima Drica Moraes, demonstra não só segurança do diretor, como também sua competente habilidade em transformar o roteiro em uma obra-homenagem a todas as mães.

Baseado na obra teatral de Mauro Rasi, ‘Pérola’ é um filme belo, adorável e intimamente familiar. Na mesma vibe das comédias argentinas ou espanholas, porém passada em Bauru, ‘Pérola’ mostra toda a beleza e potência do cinema brasileiro.

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