sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | Piggy – TERROR traz Serial Killer Ajudando Vítima de Bullying

Filme visto no Festival do Rio 2022.

O bullying é o sistema de tortura que mais tem causado prejuízo à autoestima de jovens e adolescentes mundo afora. E não é de hoje: há relatos desse tipo de agressão em livros antigos, atendendo por outros nomes. Felizmente, hoje em dia conseguimos debater esse tema de maneira mais aberta, especialmente nos ambientes de convívio dos jovens – escolas, centros de estudos, cursinhos, clubes, etc –, pois se não barrado a tempo, o bullying pode impedir o pleno desenvolvimento de um adolescente, podendo torná-lo, inclusive, perigoso a si mesmo, ou gerar traumas tão profundos que até mesmo o mais empenhado especialista tem dificuldades em reverter. Como um alerta das consequências desse tipo de prática, o terror ‘Piggy’ teve suas sessões esgotadas no Festival do Rio 2022 e estreou na última sexta-feira para os assinantes da plataforma Paramount+.

Sara (Laura Galán) vive com os pais (Carmen Machi e Julián Valcárcel) e o irmão menor (Amets Otxoa) em uma cidadezinha no interior da Espanha. Os pais são açougueiros, e isso – somado ao fato de Sara ser obesa – torna a jovem alvo de comentários jocosos por boa parte dos moradores da cidade, principalmente, dos jovens de sua idade. Ela busca alternativas para não se sentir pior com tudo isso, até porque costumava ser bastante amiga de Claudia (Irene Ferreiro), mas, desde que esta passou a andar com Maca (Claudia Salas, a Rebeka de ‘Élite’) e Roci (Camille Aguilar), a amizade das duas nunca mais foi a mesma. Vivendo essa realidade hostil o tempo todo, Sara praticamente não consegue acreditar quando, certo dia, após sofrer violência por parte das colegas, um serial killer (Richard Holmes) aparece para ajudá-la, passando a caçar a todos que a maltratam.

Numa espécie de releitura torcida do conto de fadas ‘A Bela e a Fera’, ‘Piggy’ é um filmão que fala com precisão do maior terror da vida de qualquer adolescente: o de sofrer agressões verbais e morais por outros colegas. Escrito e dirigido por Carlota Pereda, o enredo parte dessa jovem obesa para mostrar a malícia intrínseca nas ações (ou melhor, na falta delas) dos moradores de um povoado, inclusive seus próprios pais, que decidem ignorar o sofrimento da moça, pois, fazendo-o, a convivência entre todos flui mais naturalmente. Porém, o filme também mostra que ignorar esse problema só faz com que ele ferva ainda mais dentro da vítima, e que as consequências dessas agressões podem ser múltiplas, inclusive, irreversíveis.

Assim, o filme pode ser dividido em duas partes: a primeira, em que vemos o terror diário que Sara vive, sofrendo todo tipo de agressão por todos os lados; e a segunda, em que o serial killer entra de fato em cena, e começa a matança. O mais interessante é que no terceiro arco o roteiro entrega a decisão ao espectador: afinal, quem é pior nesse cenário todo, o amigo do dia a dia, que se diz amigo mas que constantemente quer o seu mal, ou o assassino, que mata as pessoas (seus agressores) sem dó nem piedade? Um dilema ético sensível e relevante.

Piggy’ (no original, ‘Cerdita’) é um ótimo filme espanhol que se disfarça como um suspense de gênero para propor uma importantíssima reflexão ao espectador. Com boas e certeiras cenas de terror efetivo, com direito a banho de sangue, o longa articula com o universo jovem e seus maiores medos.

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