domingo , 24 novembro , 2024

Crítica | ‘Planeta dos Macacos: O Reinado’ é um ÓTIMO retorno de uma das melhores franquias do século

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Planeta dos Macacos é uma das franquias mais famosas de todos os tempos e já rendeu uma porção considerável de filmes desde sua estreia oficial nos anos 1960. E, sem sombra de dúvida, a saga mais elogiada foi a recente trilogia comandada por Rupert Wyatt e Matt Reeves – um reboot da clássica história que acompanhou o símio César através de uma narrativa de libertação e empoderamento que, eventualmente, prenunciou o fim da raça humana. Após inúmeros aplausos e uma sólida arrecadação nas bilheterias, o arco de César chegou ao fim em um emocionante finale; e, sete anos mais tarde dessa irretocável conclusão, somos convidados pelo diretor Wes Ball a retornar ao universo pós-apocalíptico com o antecipado Planeta dos Macacos: O Reinado’.

A trama se passa 300 anos depois dos eventos do capítulo anterior, em que as civilizações de macacos emergiram após a chegada de César e seus seguidores ao oásis prometido. Aqui, Ball nos convida a conhecer Noa (Owen Teague), um chimpanzé que vive ao com sua família em um aparentemente idílico e protegido clã, longe dos problemas que se estendem para além do vale em que moram. Às vésperas de um ritual conhecido com Dia do Vínculo, Noa cruza caminho com um grupo de símios extremamente perigoso conhecido como Mascarados que não apenas assassina seu pai, como sequestra a mãe, seus amigos e todos os seus conhecidos para levá-los a uma remota concentração litorânea. Sendo o único a escapar das garras desses mercenários antagonistas, ele parte em uma missão para resgatá-los e trazê-los de volta para casa.



No meio do caminho, Noa encontra um velho orangotango chamado Raka (Peter Macon) que também sofreu com uma trágica perda pelas mãos dos Mascarados e que se torna seu confidente e aliado, e com uma jovem humana a quem dão o nome de Nova (Freya Allan), acreditando que ela, assim como todos os sobreviventes de sua espécie, não consegue falar. O que Noa não imaginava é que Nova, na verdade, não apenas tem a capacidade de se comunicar, como é extremamente inteligente e atende pelo nome de Mae – preferindo se manter em silêncio para autopreservação. E, como se não bastasse, Mae é a chave para que o tirânico Proximus César (Kevin Durand), líder dos Mascarados, coloque as mãos em um arsenal bélico escondido pelos humanos e se torne um imperador incontrolável e sedento pelo poder que reafirmará a superioridade símia para o que restou do planeta.

A ideia de Ball é simples e bastante prática: unindo-se ao roteirista Josh Friedman, é notável como o cineasta promove uma espécie de reflexo de Planeta dos Macacos: A Origem’, mas apostando fichas em uma pré-disposição distorcida, por assim dizer. Assim como César foi colocado em um arco heroico clássico, em que passou por todos os estágios de amadurecimento até se transformar em um poderoso líder, Noa parte de uma premissa similar, mas inserido em um cosmos em que a espécie dominante é a sua própria. Após ver seu clã sendo aprisionado pelos asseclas de Proximus, ele embarca em uma jornada que o faz cruzar o limiar entre o mundo que conhece e os perigos que o aguardam, sendo auxiliado por mentores e aliados ao longo do percurso até cumprir com seu destino.

Cada uma dessas inflexões é bem conhecida pelo público e parte de uma ideia clara de dar início a uma nova trilogia dentro de um universo já solidificado no escopo cinematográfico – não é surpresa, pois, que César seja a principal força-motriz da narrativa, mesmo não tendo presença física. Logo, de certa maneira, estamos recomeçando em uma realidade mais complexa e intrincada que é tratada com respeito mimético por Ball, cuja filmografia inclui diversas incursões no gênero pós-apocalíptico/distópico, como Maze Runner. Eventualmente, temáticas são repetidas a fim de atar laços com a trilogia anterior, mas buscando sua identidade visual e criativa para ser emulada nos capítulos seguintes.

Através de quase duas horas e meia, Ball desliza aqui e ali, principalmente no ato de abertura. O diretor, aliando-se à montagem de Dan Zimmerman, tropeça ao procurar ritmo e arrasta-se por consideráveis minutos até o enredo engrenar e alçar voo como deveria – ramificando-se para um irretocável segundo bloco que culmina em um clímax potente. Ainda que volte a escorregar na conclusão, o resultado é aprazível e deve agradar aos fãs de longa data dessa icônica saga sci-fi, à medida que reapresenta essa mitologia ao novo público. E, é claro, não posso deixar de comentar o comprometido trabalho de um elenco de peso, com destaque às performances de Teague, Allan, Durand e Macon, nutrindo de uma química espetacular e entregando-se de corpo e alma aos personagens que lhes são dados.

Planeta dos Macacos: O Reinado’ é um ótimo retorno de uma das maiores franquias do século. Apesar dos equívocos, Ball alcança o impossível ao se manter fiel à imagética dos filmes predecessores conforme expande um cânone que tem muito a nos contar e que nos deixa animados para o que o futuro reserva.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A trama se passa 300 anos depois dos eventos do capítulo anterior, em que as civilizações de macacos emergiram após a chegada de César e seus seguidores ao oásis prometido. Aqui, Ball nos convida a conhecer Noa (Owen Teague), um chimpanzé que vive ao com sua família em um aparentemente idílico e protegido clã, longe dos problemas que se estendem para além do vale em que moram. Às vésperas de um ritual conhecido com Dia do Vínculo, Noa cruza caminho com um grupo de símios extremamente perigoso conhecido como Mascarados que não apenas assassina seu pai, como sequestra a mãe, seus amigos e todos os seus conhecidos para levá-los a uma remota concentração litorânea. Sendo o único a escapar das garras desses mercenários antagonistas, ele parte em uma missão para resgatá-los e trazê-los de volta para casa.

No meio do caminho, Noa encontra um velho orangotango chamado Raka (Peter Macon) que também sofreu com uma trágica perda pelas mãos dos Mascarados e que se torna seu confidente e aliado, e com uma jovem humana a quem dão o nome de Nova (Freya Allan), acreditando que ela, assim como todos os sobreviventes de sua espécie, não consegue falar. O que Noa não imaginava é que Nova, na verdade, não apenas tem a capacidade de se comunicar, como é extremamente inteligente e atende pelo nome de Mae – preferindo se manter em silêncio para autopreservação. E, como se não bastasse, Mae é a chave para que o tirânico Proximus César (Kevin Durand), líder dos Mascarados, coloque as mãos em um arsenal bélico escondido pelos humanos e se torne um imperador incontrolável e sedento pelo poder que reafirmará a superioridade símia para o que restou do planeta.

A ideia de Ball é simples e bastante prática: unindo-se ao roteirista Josh Friedman, é notável como o cineasta promove uma espécie de reflexo de Planeta dos Macacos: A Origem’, mas apostando fichas em uma pré-disposição distorcida, por assim dizer. Assim como César foi colocado em um arco heroico clássico, em que passou por todos os estágios de amadurecimento até se transformar em um poderoso líder, Noa parte de uma premissa similar, mas inserido em um cosmos em que a espécie dominante é a sua própria. Após ver seu clã sendo aprisionado pelos asseclas de Proximus, ele embarca em uma jornada que o faz cruzar o limiar entre o mundo que conhece e os perigos que o aguardam, sendo auxiliado por mentores e aliados ao longo do percurso até cumprir com seu destino.

Cada uma dessas inflexões é bem conhecida pelo público e parte de uma ideia clara de dar início a uma nova trilogia dentro de um universo já solidificado no escopo cinematográfico – não é surpresa, pois, que César seja a principal força-motriz da narrativa, mesmo não tendo presença física. Logo, de certa maneira, estamos recomeçando em uma realidade mais complexa e intrincada que é tratada com respeito mimético por Ball, cuja filmografia inclui diversas incursões no gênero pós-apocalíptico/distópico, como Maze Runner. Eventualmente, temáticas são repetidas a fim de atar laços com a trilogia anterior, mas buscando sua identidade visual e criativa para ser emulada nos capítulos seguintes.

Através de quase duas horas e meia, Ball desliza aqui e ali, principalmente no ato de abertura. O diretor, aliando-se à montagem de Dan Zimmerman, tropeça ao procurar ritmo e arrasta-se por consideráveis minutos até o enredo engrenar e alçar voo como deveria – ramificando-se para um irretocável segundo bloco que culmina em um clímax potente. Ainda que volte a escorregar na conclusão, o resultado é aprazível e deve agradar aos fãs de longa data dessa icônica saga sci-fi, à medida que reapresenta essa mitologia ao novo público. E, é claro, não posso deixar de comentar o comprometido trabalho de um elenco de peso, com destaque às performances de Teague, Allan, Durand e Macon, nutrindo de uma química espetacular e entregando-se de corpo e alma aos personagens que lhes são dados.

Planeta dos Macacos: O Reinado’ é um ótimo retorno de uma das maiores franquias do século. Apesar dos equívocos, Ball alcança o impossível ao se manter fiel à imagética dos filmes predecessores conforme expande um cânone que tem muito a nos contar e que nos deixa animados para o que o futuro reserva.

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