quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | Pornô para Principiantes – Comédia Uruguaia mistura Trama Novelesca e Chavões

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Um estilo repetido muitas vezes nas comédias é o do personagem levado a um ambiente desconhecido, no qual ele apresenta-se, de início, pudico, porém logo envolve-se com o que antes era sórdido. Lançado em apenas drive-ins no Brasil durante a pandemia da Covid-19, o filme uruguaio Pornô Para Principiantes, de Carlos Ameglio, é uma história curiosa pelo ponto de vista da compreensão da indústria pornográfica. A narrativa, entretanto, enfatiza a vida inodora do protagonista Victor X. (Martín Piroyansky) e torna-se um romance novelesco pouco instigante. 

Com a bela atriz brasileira Carolina Mânica (da série Rua Augusta) a dar vivacidade aos tons pastéis desta película, Pornô Para Principiantes começa com a confissão de um padre sobre o seu antigo envolvimento com a pornografia. A premissa mostra-se um tanto quanto furada após longos minutos de embromação, afinal o narrador realizou apenas uma filmagem e tenta explicar as suas razões. 



Assim, Padre Simón (Roberto Suárez) discorre sobre sua trajetória e amor pelo audiovisual desde a gravação da morte do pai aos quatro anos de idade. De lá para cá, ele foi criado por uma mãe mentalmente instável e ausente. Sua redenção foi o encontro com Letícia (Nuria Fló), a qual tornou-se sua musa em frente às câmeras e noiva na década de 1980. Conhecido, nesta época, como Victor Medida, o narrador é constantemente humilhado pelo pai da namorada por conta do seu baixo poder aquisitivo. 

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Pelo lado cômico, é aceitável a caracterização do pretenso cineasta subjugado ao emprego escolhido pelo sogro a fim de casar-se com a mulher dos seus sonhos. Contudo, este previsível destino está longe do idealizado por Victor, que logo entrega-se à primeira fuga do tedioso futuro como bancário e marido diante da estonteante Ashley (Carolina Mânica), uma gananciosa atriz pornô. 

Com uma rica proposta para fazer uma produção direcionada a maiores de 18 anos, Victor assume a tarefa a fim de posar de pavão altivo diante do sogro. Logo depois, entretanto, surge a tentação em forma de atriz, além de sua síndrome de impostor como diretor de cinema. Apesar de ser um personagem apático, neste ponto, é possível envolver-se em sua autocomiseração. 

O protagonista, por exemplo, mantém a mãe dopada 24h por dia e trata o melhor amigo Aníbal (Nicolas Furtado) como uma peça decorativa. Aliás, o papel de Aníbal é um apetrecho cômico para situações esdrúxulas e irrisórias, tal como viver nos fundos de uma locadora – em um colchão no chão – e estar sempre disposta aos pedidos indignos de Victor. A conclusão desse Frankenstein, tal como o tema do longa pornográfico, é uma miscelânea de acontecimentos assim como os finais de novela das oito: filhos perdidos reencontram os pais; os considerados bons perdoam os pecados alheios; e os julgados maus morrem. 

Pornô para Principiantes é preguiçoso desde o princípio de amarrar a trama em piadas fora do timing até como finalizar os pontapés lançados. Em outras palavras, uma obra cheia de furos, atuações canastronas, exceto pelo papel de femme fatale de Carolina Mânica, e um final de fazer revirar os olhos e exalar um muxoxo de lamentação.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Com a bela atriz brasileira Carolina Mânica (da série Rua Augusta) a dar vivacidade aos tons pastéis desta película, Pornô Para Principiantes começa com a confissão de um padre sobre o seu antigo envolvimento com a pornografia. A premissa mostra-se um tanto quanto furada após longos minutos de embromação, afinal o narrador realizou apenas uma filmagem e tenta explicar as suas razões. 

Assim, Padre Simón (Roberto Suárez) discorre sobre sua trajetória e amor pelo audiovisual desde a gravação da morte do pai aos quatro anos de idade. De lá para cá, ele foi criado por uma mãe mentalmente instável e ausente. Sua redenção foi o encontro com Letícia (Nuria Fló), a qual tornou-se sua musa em frente às câmeras e noiva na década de 1980. Conhecido, nesta época, como Victor Medida, o narrador é constantemente humilhado pelo pai da namorada por conta do seu baixo poder aquisitivo. 

Pelo lado cômico, é aceitável a caracterização do pretenso cineasta subjugado ao emprego escolhido pelo sogro a fim de casar-se com a mulher dos seus sonhos. Contudo, este previsível destino está longe do idealizado por Victor, que logo entrega-se à primeira fuga do tedioso futuro como bancário e marido diante da estonteante Ashley (Carolina Mânica), uma gananciosa atriz pornô. 

Com uma rica proposta para fazer uma produção direcionada a maiores de 18 anos, Victor assume a tarefa a fim de posar de pavão altivo diante do sogro. Logo depois, entretanto, surge a tentação em forma de atriz, além de sua síndrome de impostor como diretor de cinema. Apesar de ser um personagem apático, neste ponto, é possível envolver-se em sua autocomiseração. 

O protagonista, por exemplo, mantém a mãe dopada 24h por dia e trata o melhor amigo Aníbal (Nicolas Furtado) como uma peça decorativa. Aliás, o papel de Aníbal é um apetrecho cômico para situações esdrúxulas e irrisórias, tal como viver nos fundos de uma locadora – em um colchão no chão – e estar sempre disposta aos pedidos indignos de Victor. A conclusão desse Frankenstein, tal como o tema do longa pornográfico, é uma miscelânea de acontecimentos assim como os finais de novela das oito: filhos perdidos reencontram os pais; os considerados bons perdoam os pecados alheios; e os julgados maus morrem. 

Pornô para Principiantes é preguiçoso desde o princípio de amarrar a trama em piadas fora do timing até como finalizar os pontapés lançados. Em outras palavras, uma obra cheia de furos, atuações canastronas, exceto pelo papel de femme fatale de Carolina Mânica, e um final de fazer revirar os olhos e exalar um muxoxo de lamentação.

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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