quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Posto de Combate – Filme de Ação da Netflix com Orlando Bloom Impressiona por Cenas de Guerra

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Toda guerra produz um número inacreditável de mortos: homens que possuíam família, um lar para onde voltar, uma vida prévia e que, num átimo, acaba morrendo por conta de um único ato vindo do lado opositor. Encabeçando a lista de países produtores de guerra na era contemporânea, os Estados Unidos é, de longe, o território que mais tem procurado fomentar guerras ao redor do mundo, construindo, nas últimas décadas, uma verdadeira indústria de valorização e de busca da população por esse tipo de vivência. Dessas experiências saem histórias reais de pessoas que viveram esse tipo de realidade e cujas trajetórias se tornam, de alguma forma, marcantes. Uma delas chegou recentemente à Netflix sob o nome ‘Posto de Combate’, longa de 2020 que, desde sua estreia, não sai do Top 10 da plataforma.



No território inóspito e montanhoso do Afeganistão, um grupo de soldados estadunidense é destacado para se juntar a uma tropa já locada no profundo de um vale cercado por altíssimas montanhas. É lá que os soldados liderados pelo Sgto. Romesha (Scott Eastwood) passam a ser comandados pelo Capitão Keating (Orlando Bloom) e começam a entender a rotina do lugar: diariamente, um pequeno grupo de talibãs os ataca do topo das montanhas, lembrando-os de que sua localização é ridiculamente vulnerável. Com o passar do tempo, os soldados vão percebendo que a missão deles ali é não ter missão nenhuma, apenas sobreviver, apenas permanecer no local e estabelecer alguma relação com os moradores de uma vila afegã próxima, a quem oferecem ajuda financeira em troca de benefícios. Porém, a dinâmica da guerra é imprevisível e instável, fazendo com que a rotatividade do comando seja constante e, por isso, cause a improbabilidade da continuidade de qualquer trabalho que se tente construir.

Com um grande elenco, que inclui ainda o ótimo Caleb Landry Jones como um soldado especialista traumatizado, o roteiro de ‘Posto de Combate’ é dividido em três arcos: a primeira parte, com quase quarenta minutos, é um excessivo e cansativo suco de masculinidade tóxica, que mostra a realidade dos personagens onde eles literalmente passam o tempo praticando bullying uns contra os outros, mostrando quem tem o instrumento maior e quem vai pegar a mulher de quem; a segunda parte, com quase uma hora, é uma prolongada sequência de complexo do branco salvador, com diálogos que retratam a complexa ideologia estadunidense de achar que só eles podem salvar as pessoas no mundo – e, na guerra, isso é mostrado com a sucessão de comandantes que vão para a localidade chamada Posto Keating; por fim, uma sequência de ação de tirar o fôlego, que fazem valer toda a parte anterior.

Baseado no livro de Jake Tapper, o roteiro de Paul Tamasy e Eric Johnson dá uma cansada no início, mas se redime no fim. Dava para o diretor Rod Lurie ter dado uma enxugada no começo (que, afinal, é o que vai prender ou não o espectador para continuar até o fim), mas, apesar disso, o que realmente chama a atenção é o último arco de ‘Posto de Combate’, cuja batalha final é uma chuva de planos-sequência belissimamente filmados, totalmente imersivos, de tirar o fôlego mesmo. Para quem gosta de filmes de guerra estilo ‘1917’, ‘Posto de Combate’ é um filmão imperdível, ainda que sua história só evidencie quantas vidas são inutilmente perdidas por conta das guerras inventadas, e a indústria de heróis que os Estados Unidos constrói por conta disso.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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No território inóspito e montanhoso do Afeganistão, um grupo de soldados estadunidense é destacado para se juntar a uma tropa já locada no profundo de um vale cercado por altíssimas montanhas. É lá que os soldados liderados pelo Sgto. Romesha (Scott Eastwood) passam a ser comandados pelo Capitão Keating (Orlando Bloom) e começam a entender a rotina do lugar: diariamente, um pequeno grupo de talibãs os ataca do topo das montanhas, lembrando-os de que sua localização é ridiculamente vulnerável. Com o passar do tempo, os soldados vão percebendo que a missão deles ali é não ter missão nenhuma, apenas sobreviver, apenas permanecer no local e estabelecer alguma relação com os moradores de uma vila afegã próxima, a quem oferecem ajuda financeira em troca de benefícios. Porém, a dinâmica da guerra é imprevisível e instável, fazendo com que a rotatividade do comando seja constante e, por isso, cause a improbabilidade da continuidade de qualquer trabalho que se tente construir.

Com um grande elenco, que inclui ainda o ótimo Caleb Landry Jones como um soldado especialista traumatizado, o roteiro de ‘Posto de Combate’ é dividido em três arcos: a primeira parte, com quase quarenta minutos, é um excessivo e cansativo suco de masculinidade tóxica, que mostra a realidade dos personagens onde eles literalmente passam o tempo praticando bullying uns contra os outros, mostrando quem tem o instrumento maior e quem vai pegar a mulher de quem; a segunda parte, com quase uma hora, é uma prolongada sequência de complexo do branco salvador, com diálogos que retratam a complexa ideologia estadunidense de achar que só eles podem salvar as pessoas no mundo – e, na guerra, isso é mostrado com a sucessão de comandantes que vão para a localidade chamada Posto Keating; por fim, uma sequência de ação de tirar o fôlego, que fazem valer toda a parte anterior.

Baseado no livro de Jake Tapper, o roteiro de Paul Tamasy e Eric Johnson dá uma cansada no início, mas se redime no fim. Dava para o diretor Rod Lurie ter dado uma enxugada no começo (que, afinal, é o que vai prender ou não o espectador para continuar até o fim), mas, apesar disso, o que realmente chama a atenção é o último arco de ‘Posto de Combate’, cuja batalha final é uma chuva de planos-sequência belissimamente filmados, totalmente imersivos, de tirar o fôlego mesmo. Para quem gosta de filmes de guerra estilo ‘1917’, ‘Posto de Combate’ é um filmão imperdível, ainda que sua história só evidencie quantas vidas são inutilmente perdidas por conta das guerras inventadas, e a indústria de heróis que os Estados Unidos constrói por conta disso.

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