Uma história clássica é conhecida e reconhecida por pessoas do mundo inteiro, pois são atemporais. Ainda assim, sempre dá para dar aquela abrasileirada, aquele tempero só nosso que torna a história mais palpável para o nosso povo. Foi o que a escritora best-seller Paula Pimenta fez ao criar uma série de livros que recontavam as clássicas histórias de princesas, só que se passando aqui no Brasil, contemporaneamente, com jovens gente como a gente. Foi questão de tempo até a série (lançada no Brasil pela editora Galera Record) ganhar adaptação cinematográfica – primeiro, com ‘Cinderela Pop’, e, agora, com ‘Princesa Adormecida’, nova aventura romântica que chega a partir do dia 15 no circuito exibidor nacional.
Rosa (Pietra Quintela, de ‘Poliana Moça’) perdeu os pais muito jovem e, por isso, fora criada por seus três tios (Aramis Trindade, Claudio Mendes e René Stern) e passara toda sua vida enclausurada em um internato só para moças. Às vésperas de seu aniversário, Rosa se sente infeliz, por isso sua melhor amiga, Clara (Lívia Silvia, de ‘Um Ano Inesquecível: Primavera’ e atualmente na novela ‘Renascer’ como Teca) decide armar uma escapada da escola para ir com Rosa à apresentação da DJ Cinderela (Maisa) em uma boate. Porém, essa simples aventura juvenil tem consequências terríveis, que colocarão a vida de Rosa em risco, mas, também, trarão verdades à tona e fará com que ela conheça um crush misterioso (Guilherme Cabral, de ‘Travessia’).
Recuperando elementos tradicionais da história da Bela Adormecida, ‘Princesa Adormecida’ faz um bom jogo dos anseios contemporâneos dos jovens mesclado com o imaginário lúdico da realeza. Assim, ao mesmo tempo em que temos os protocolos reais de apresentação da princesa, por exemplo, também vemos os personagens tomando bronca em sala de aula como qualquer plebeu. Talvez uma coisa que fique deslocada é a frequência com que os personagens, mesmo os jovens, falam em francês em território brasileiro, sem que haja uma explicação efetiva para tal.
O roteiro de Bruno Garotti (‘Diários de Intercâmbio’) e Marcelo Saback (‘Pérola’) faz uma boa adaptação do livro homônimo, o que certamente irá agradar às fãs e leitoras de Paula Pimenta. Para uma boa história, a produção de arte e a direção de fotografia apresentaram sincronia requintada, trazendo cenários que estimulam a imaginação sobre palacetes reais (gravados entre locações no Rio de Janeiro e Belo Horizonte) e bonitos planos abertos que ajudam a situar o espectador sobre em que ponto da história estamos. Soma-se a isso um trabalho dedicado do figurino, que criou não só um vestido fofo para a princesa, mas também um bonito uniforme escolar que contrasta com o ambiente, e o trabalho da equipe de cabelo e maquiagem, que trouxe uma gama de opções principalmente para as amigas protagonistas, com belos penteado descolados que se destacam em cada close.
Oriundo da televisão, Cláudio Boeckel entrega um bom trabalho como diretor, realizando escolhas acertadas com sua equipe para transpor em cenas o imaginário do público leitor. Super desenvolta, Maisa se destaca em breve participação especial, assim como Lívia Silva, supersegura de si em todas as cenas e funcionando bem como a voz da consciência e certo alívio cômico da história. Por essas e outras, ‘Princesa Adormecida’ é um filme bem adolescente feito e pensado em seu público-alvo, e irá fácil, fácil divertir e fazer suspirar à garotada nos cinemas.