domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Procura-se um Pai – Conto-de-Fadas da Netflix é Bem Intencionado, Mas Perigoso…

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Filmes voltados para o público infantil geralmente fazem sucesso imediato tão logo são disponibilizados nas plataformas de streaming. Alguns possuem uma boa história, ou um efeito especial mais descolado, porém, para além do que oferece a historinha bonitinha, é preciso estar atento à mensagem oculta que é passada por detrás, intencionalmente ou não. Como ocorre em ‘Procura-se um Pai’, novo título juvenil da Netflix.



Blanca (Natalia Coronado) é uma pré-adolescente com muita raiva acumulada, que perdeu o pai há dois anos e mal fala com a mãe, Laura (Marisol del Olmo). Ela adora andar radicalmente de bicicleta, só que a mãe não a permite, portanto, Blanca tem uma bela ideia: pedir para que Alberto (Juan Pablo Medina), um motorista de aplicativo e ex-ator, finja ser seu pai, para que ela possa se inscrever numa competição de bicicleta radical BMX, no México.

Por essa breve sinopse já é possível perceber que a ideia original de Victor Avelar – adaptada por Fernando Barreda Luna – é um bocado problemática. Primeiramente, a ideia faz uma criança, de uns doze anos, circular pra cima e pra baixo sozinha, em carros de aplicativo. Essa mesma criança simplesmente confia em um motorista aleatório, marca um encontro com ele (no qual finge fazer um teste de elenco), em seguida explica toda a situação e esse homem simplesmente topa fingir ser o pai da criança. A partir daí, os dois se encontram sozinhos várias vezes, a criança circula no carro do homem o tempo todo, mentindo para a mãe e matando aula para ficar com ele. Olha só esse perigo!

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Não bastasse esse argumento problemático, embora a protagonista seja a menina Blanca o roteiro de Javier Colinas e Paulette Hernandez busca todas as maneiras possíveis de evidenciar o personagem Alberto e torná-lo o herói da história. Prova disso é que, mesmo no final, quando Blanca tem uma grande conquista, a garota mal tem tempo de comemorar, pois o filme já encontra uma forma de cortar o barato dela e voltar as atenções para Alberto.

Como Javier Colinas também dirigiu o longa, fica um pouco mais fácil entender a falta de rumo e o olhar masculino da produção, que se disfarça de protagonismo infantil feminino para contar um conto de fadas perigoso, no qual a verdadeira redenção reside no único personagem homem do longa. Além disso, o roteiro insere informações e elementos que não servem para muita coisa, propõe atitudes meio injustificáveis nos personagens e, por vezes, provém abruptos cortes de cena que não transitam com fluidez. A bem da verdade o único núcleo que funciona melhor é o da mãe de Blanca, que é uma produtora de cinema e mostra os bastidores de uma gravação.

Procura-se um pai’ é um filme bem intencionado, mas com um resultado que, mais que entreter, tomara que sirva como alerta para pais e crianças abrirem o olho sobre a inconsequência de confiar em estranhos. Ainda que tenha cenas divertidinhas e classificação etária para doze anos, é um filme chatinho, com uma protagonista mais chatinha ainda e, ainda por cima, com uma mensagem distorcida. Melhor conversar com a garotada depois que eles assistirem a esse filme.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | Procura-se um Pai – Conto-de-Fadas da Netflix é Bem Intencionado, Mas Perigoso…

Filmes voltados para o público infantil geralmente fazem sucesso imediato tão logo são disponibilizados nas plataformas de streaming. Alguns possuem uma boa história, ou um efeito especial mais descolado, porém, para além do que oferece a historinha bonitinha, é preciso estar atento à mensagem oculta que é passada por detrás, intencionalmente ou não. Como ocorre em ‘Procura-se um Pai’, novo título juvenil da Netflix.

Blanca (Natalia Coronado) é uma pré-adolescente com muita raiva acumulada, que perdeu o pai há dois anos e mal fala com a mãe, Laura (Marisol del Olmo). Ela adora andar radicalmente de bicicleta, só que a mãe não a permite, portanto, Blanca tem uma bela ideia: pedir para que Alberto (Juan Pablo Medina), um motorista de aplicativo e ex-ator, finja ser seu pai, para que ela possa se inscrever numa competição de bicicleta radical BMX, no México.

Por essa breve sinopse já é possível perceber que a ideia original de Victor Avelar – adaptada por Fernando Barreda Luna – é um bocado problemática. Primeiramente, a ideia faz uma criança, de uns doze anos, circular pra cima e pra baixo sozinha, em carros de aplicativo. Essa mesma criança simplesmente confia em um motorista aleatório, marca um encontro com ele (no qual finge fazer um teste de elenco), em seguida explica toda a situação e esse homem simplesmente topa fingir ser o pai da criança. A partir daí, os dois se encontram sozinhos várias vezes, a criança circula no carro do homem o tempo todo, mentindo para a mãe e matando aula para ficar com ele. Olha só esse perigo!

Não bastasse esse argumento problemático, embora a protagonista seja a menina Blanca o roteiro de Javier Colinas e Paulette Hernandez busca todas as maneiras possíveis de evidenciar o personagem Alberto e torná-lo o herói da história. Prova disso é que, mesmo no final, quando Blanca tem uma grande conquista, a garota mal tem tempo de comemorar, pois o filme já encontra uma forma de cortar o barato dela e voltar as atenções para Alberto.

Como Javier Colinas também dirigiu o longa, fica um pouco mais fácil entender a falta de rumo e o olhar masculino da produção, que se disfarça de protagonismo infantil feminino para contar um conto de fadas perigoso, no qual a verdadeira redenção reside no único personagem homem do longa. Além disso, o roteiro insere informações e elementos que não servem para muita coisa, propõe atitudes meio injustificáveis nos personagens e, por vezes, provém abruptos cortes de cena que não transitam com fluidez. A bem da verdade o único núcleo que funciona melhor é o da mãe de Blanca, que é uma produtora de cinema e mostra os bastidores de uma gravação.

Procura-se um pai’ é um filme bem intencionado, mas com um resultado que, mais que entreter, tomara que sirva como alerta para pais e crianças abrirem o olho sobre a inconsequência de confiar em estranhos. Ainda que tenha cenas divertidinhas e classificação etária para doze anos, é um filme chatinho, com uma protagonista mais chatinha ainda e, ainda por cima, com uma mensagem distorcida. Melhor conversar com a garotada depois que eles assistirem a esse filme.

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