Em 2003, quando a Pixar lançou ‘Procurando Nemo’ nos cinemas, ela não esperava o sucesso estrondoso do filme.
A história do peixe-palhaço atravessando o oceano para encontrar seu filho não só faturou milhões em bilheteria, como também garantiu o primeiro Oscar do estúdio, vencendo a categoria de Melhor Filme de Animação em 2004, e ainda indicações em outras três categorias daquele mesmo ano.
A Pixar não poderia estar mais contente com os resultados e as produções seguintes estavam a todo vapor e, apesar de ter feito verdadeira obras-primas com as produções que se seguiram após Nemo, parecia que os fãs queriam mesmo era mais daquele universo marítimo.
O que começou de forma inofensiva, acabou tomando proporções enormes quando a dubladora original de Dory, Ellen DeGeneres, começou a dar força à voz daqueles que pediam uma continuação e ‘importunar’ a Pixar publicamente sempre que podia para fazer um filme de sua personagem.
Após 10 anos insistindo, a Disney/Pixar finalmente anunciou em 2012 que a peixinha azul ganharia seu próprio longa. Agora, dia 30 de Junho de 2016, após um ano de atraso (o filme deveria ter saído em 2015), ‘Procurando Dory’ chega finalmente aos cinemas brasileiros.
Dory, que é conhecida por ser um peixe com perda de memória recente, se lembrará que tem uma família e irá atravessar o oceano para encontrá-la, um ano após os eventos de ‘Procurando Nemo’. Porém, a tarefa não será fácil já que durante o percurso ela irá se separar dos seus companheiros de viagem: Nemo e Marlin, que farão de tudo para encontrar a amiga.
O longa é dirigido por Andrew Stanton, responsável por alguns dos maiores sucessos do estúdio, como ‘Toy Story’ e ‘Wall-E’, e que também dirigiu o primeiro filme.
Esteticamente é impossível não elogiar a fotografia, que traz planos e imagens lindíssimas e uma animação excelente que acentua o quanto o estúdio cresceu e tem feito animações cada vez melhores.
O curta metragem ‘Piper’, exibido antes do filme, é um show a parte.
Se tecnicamente o filme não deixa a desejar, o mesmo não pode ser dito do roteiro. Parece que os roteiristas se apoiaram tanto no carisma da protagonista, que esqueceram de desenvolver uma história realmente relevante.
Enquanto os coadjuvantes do primeiro longa eram cativantes e desenvolvidos de forma que realmente fariam falta na trama, os apresentados nesse filme parecem que foram inseridos apenas pra fazer graça e pouco acrescentam a história. Talvez os únicos que realmente chamam a atenção são os Leões Marinhos que Marlin e Nemo encontram e protagonizam algumas das melhores sacadas e piadas do filme.
A animação também peca com o excesso de flashbacks da infância de Dory, que no começo é até interessante, já que mostra toda sua vida até encontrar o Marlin, mas vai perdendo a força e a necessidade enquanto a história se desenvolve e começa a aparentar ser muito mais um recurso pra encher linguiça do que para realmente acrescentar algo.
No final, a impressão que fica é que essa sequência foi feita muito mais pela pressão dos fãs do que uma real vontade da Pixar de expandir o universo de ‘Procurando Nemo’.
Apesar do roteiro fraco, ‘Procurando Dory’ ainda é um filme divertido, que entretêm e ainda dá algumas aulas de biologia marinha entre uma piada ou outra, sem contar que a dublagem com Marília Gabriela é, sem dúvida, uma das melhores coisas da animação.
Ah, fique até o final para uma surpresa deliciosa.