Inspirado em livro homônimo, Quando Encontrei Você foi lançado em 2021, mas só foi adicionado ao catálogo da Netflix nesta terça-feira (30). O longa chegou com tudo e já ocupa a segunda colocação no ranking de produções mais assistidas. A trama acompanha uma jovem violinista que sonha em ser aceita pelo conservatório musical de Nova York, mas não consegue fazer um bom teste. Frustrada, ela volta para casa, onde sua mãe tenta consolá-la e diz que há sempre outras opções na vida. Com isso, ela decide aceitar um programa de intercâmbio que o irmão mais velho havia feito no passado e parte rumo à Irlanda. No avião, a comissária de bordo pergunta para a jovem se ela não gostaria de ir para a Primeira Classe. Por lá, ela acaba dormindo no ombro do rapaz que estava na poltrona ao lado. Quis o destino que o jovem fosse um tipo de Timothée Chalamet desse universo, e não demorou muito para que ambos se apaixonassem, dando início a uma improvável história de amor.
A história de amor entre a garota tímida e o grande astro em ascensão está longe de ser novidade no cinema. Nasce Uma Estrela está aí há décadas com suas versões da mesma trama e segue fazendo sucesso. Até mesmo a Disney já se arriscou nessa pegada com o simpático StarStruck: Meu Namorado é uma Superestrela (2010). Ou seja, fazer um longa com essa temática é uma faca de dois gumes. Pode dar muito certo, mas também pode cair na mesmice.
Quando Encontrei Você esteve a um passo de enveredar para esse segundo caminho, mas foi salvo por uma subtrama que surgiu meio de repente e tomou conta da história. Porque fora ela, o longa é um grande cartão-postal da Irlanda, mostrando aquelas paisagens incríveis, um povo receptivo e como é possível conhecer tudo andando de bicicleta.
A trama em questão é a de Cathleen, uma idosa que vive em uma casa de repouso que acaba sendo “cuidada” pela protagonista. Veja bem, a trama em si também é 100% cliché. Elas não se gostam de início, mas começam a se entender conforme vão se conhecendo. Neste caso, a idosa em questão é brilhantemente interpretada por Vanessa Redgrave, e tem uma história de origem muito densa. Por conta de uma ação polêmica que tomou no passado, ela foi abandonada por sua família e amigos, virando persona non grata na cidade. Além de justificar seu comportamento grosseiro, esconde uma ação altruísta que foi mal vista pela sociedade.
Mais do que ser interessante, a presença de Cathleen melhora os personagens ao redor. O ‘Chalamet’ do filme é vivido por Jedidiah Goodacre, que consegue ser o personagem mais sem sal possível. Ele interpreta um ator que está na Irlanda para gravar um filme ao estilo Game Of Thrones, mas está frustrado com os rumos da carreira e da vida pessoal. Esse drama dele esbarra numa atuação engessada e sem carisma. Porém, no momento em que seu caminho se cruza com o da idosa, é possível ver um brilho ali. O personagem ganha com essa interação.
Falando em personagens, os coadjuvantes são terríveis. Se o próprio galã do filme já não é essas coisas no assunto carisma, o resto do elenco não parece estar tão diferente. A família que acolhe a protagonista na Irlanda é bem inexpressiva, e o longa tenta empurrar um desenvolvimento para a irmã, que é bem chatinha. A resolução do arco dela, porém, rende um risadinha honesta. Mas o maior desperdício é a história envolvendo o irmão da protagonista. Eles parecem que vão dar mais importância para ela, mas em meio a tantos clichés em sequência, o desenvolvimento dessa parte relevante para a personagem fica de lado.
Sobre a protagonista, Finley Sinclair é interpretada por Rose Reid. O trabalho é de pouca inspiração da atriz, que apesar de não comprometer o filme, faz uma atuação bem travada. A impressão que fica é que faltou paixão nos envolvidos no projeto. Ainda assim, Quando Encontrei Você consegue entreter, principalmente num dia chuvoso em que alguém procure um clichezão sem compromisso.
Quando Encontrei Você está disponível na Netflix.