domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Quinto episódio da 2ª temporada de ‘Loki’ é fora de série

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu o quinto episódio da segunda temporada de Loki, evite esta matéria, pois ela contém spoilers



Falar bem da segunda temporada de Loki já está ficando recorrente. A cada semana que passa, a produção se supera com um capítulo mais interessante e criativo que o outro. Por mais que se saiba a respeito dos quadrinhos e já conheça de cabo a rabo a forma de abordar as séries do MCU, eles estão conseguindo surpreender cada vez mais. Nesta semana, no penúltimo episódio da série, eles trouxeram um tom melancólico para acompanhar e desenvolver os personagens que aprendemos a amar.

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Alguns podem chamar de filler, mas dado o contexto em que ele surge e a finalidade de seu desenvolvimento, é praticamente impossível se aborrecer ou não se interessar por ele e pelo final da temporada, que chegará semana que vem. Vale lembrar que o quarto capítulo havia terminado com o colapso das ramificações, trazendo diante de Loki (Tom Hiddleston) não só o fim da AVT, mas teoricamente da própria existência em si. Esse quinto episódio vem num contexto praticamente de pós-vida, em que Loki se vê novamente assombrado pelos Deslizes Temporais, enquanto é enviado para a vida real de seus amigos sequestrados pela organização que ele pretende salvar. E aí as coisas ficam complexas.

Sem saber como está fazendo isso, Loki acaba indo atrás de cada um de seus amigos em suas realidades ramificadas. Casey (Eugene Cordero) era um dos prisioneiros envolvido na misteriosa Fuga de Alcatraz. A B-15 (Wunmi Mosaku) era uma médica na Nova York de 2012 (mesmo ano que o Loki tocou o terror por lá). OB (Ke Huy Quan) era um cientista aspirante a escritor na Califórnia de 1994, enquanto Mobius (Owen Wilson), que nunca quis saber de sua vida antes da AVT por medo de ter algo realmente fantástico esperando por ele em casa esse tempo todo, era um vendedor de moto aquáticas, pai solteiro de dois filhos. E aí que o episódio ganha todo um contexto especial.

A jornada de Mobius na série vem sendo trabalhada aos poucos, sempre com base nesse medo dele de voltar a sua antiga vida e descobrir o que perdeu. Ou melhor, o que foi tirado dele. Sua fissura por jet-skis foi tratada como uma piada, mas aqui mostra como essas motos aquáticas integravam sua vida familiar. Ele tenta vender um jet-ski que foi de sua esposa para o Loki, e agora, sozinho, ele não tem mais como usá-lo, enquanto fala como pretende introduzir seus filhos nesse hobby. Falando sobre os meninos, Mobius é um pai solteiro, que pede ao filho mais velho para limpar as sujeiras e buscar o caçula das confusões em que se mete. Isso remete à relação familiar do próprio Loki, que era o irmão encrenqueiro, cujas burradas eram resolvidas por Thor (Chris Hemsworth) a pedido de Odin (Anthony Hopkins). Não importa qual dos nove reinos, ‘kids will be kids’ e irmãos serão irmãos. É uma relação que não se altera, só muda o endereço.

Mobius se recusa a ir embora e só muda de ideia quando recebe a prova de que ele poderá voltar para casa no exato momento em que foi removido de sua realidade, garantindo a segurança dos meninos. É um contraste gigantesco entre aquele Mobius da AVT, que não queria voltar para sua vida, e o Don, que só vai se aventurar se puder voltar para sua vida. É o tão falado livre-arbítrio e suas variações dependendo do contexto em que o personagem se encontra. É incrível.

Dos amigos reunidos por Loki, quem lida melhor com a situação é o OB, um cientista que está tentado a largar a física para ganhar a vida como autor de ficção científica. Por já ter esse conhecimento científico e estar completamente imerso na ficção, ele meio que transcende ao caos dessa situação surpreendente de ver uma criatura atemporal se materializar diante de seus olhos. Por isso, ele ajuda o protagonista como um guia filosófico, trazendo questionamentos sobre como o Loki está viajando para momentos-chave de sua história sem ter teoricamente controle sobre essas viagens. Dentre conceitos de ciência e ficção, ele implanta a ideia na mente do anti-herói de que ele não precisa compreender essa habilidade por meio dos números, mas pelo que o motiva.

Em uma conversa com Sylvie (Sophia Di Martino), que não foi afetada pela amnésia das voltas a suas realidades (já que ela não tinha mais uma realidade original, tendo escolhido os anos 80 como seu novo lar), Loki assume que sua motivação para impedir esse caos no Multiverso e reestabelecer a AVT é por uma razão egoísta. Sua realidade foi apagada. Ele não tem para onde ir. E mesmo que tivesse, ele viu os registros de seu destino: um fim solitário e de derrotas. Na AVT, mesmo sendo sequestrado de sua vida prévia, ele encontrou um glorioso propósito e mais que isso, encontrou amigos. Pela primeira vez, Loki não estava mais sozinho e não precisava chamar atenção de quem amava fazendo besteiras. Ao assumir isso, Loki é convencido por Sylvie de que vai ficar tudo bem sem a AVT e que agora ele precisa encontrar um lar para escrever sua própria história.

Só que as coisas não são bem assim. Loki aceita abrir mão de tudo que aprendeu a amar, do sentido de sua existência, acreditando que as coisas se encaixariam. Porém, num momento angustiante, o tempo começou a ruir novamente diante de seus olhos. As ramificações estavam morrendo. A escolha da direção de abordar esse momento com os personagens se desintegrando em frente a ele foi um tiro certeiro.

O fim chegando remeteu diretamente ao Thanos (Josh Brolin) apagando metade do universo com um estalar de dedos em Vingadores: Guerra Infinita (2018). Foi uma das sequências mais traumáticas de todo o Universo Cinematográfico Marvel, o que certamente acionou pequenos gatilhos nos fãs, dando um impacto gigantesco. Aqui, porém, consegue ser pior, porque você para pra pensar que isso não está acontecendo “apenas” em um universo, mas em todas as linhas do tempo. São incontáveis vidas sendo completamente apagadas de uma hora pra outra. E aí entra em ação uma adaptação fabulosa dos quadrinhos.

Diante do fim definitivo, Loki entende como controlar seus Deslizes Temporais, se tornando uma criatura que transcende o próprio tempo e espaço. No final dos tempos, independentemente do que acontecer, ele permanecerá. Como o próprio Loki diz, ele agora é capaz de escrever e reescrever a história. E se parar para reparar, ele já escreve a história ao longo de todo esse episódio. É o Loki quem traz o Mobius para a AVT, é o Loki que transforma um escritor fracassado em Ouroboros. Como citei na semana passada, na mitologia nórdica, Ouroboros é representado como uma grande serpente que rodeia o mundo e morde o próprio rabo. Neste episódio, Loki entrega o manual de funcionamento da AVT, escrito por Ouroboros, para o próprio OB do passado, permitindo que ele criasse os aparatos necessários para salvar a agência e a própria existência. Ele cria esse paradoxo, fazendo do rapaz ser “uma cobra que completa o ciclo e morde o próprio rabo”.

Nos quadrinhos, Loki faz uma transição divina, passando de Deus da Trapaça para a Deusa das Histórias (ele transita pelos gêneros nas HQs e na mitologia), ganhando a habilidade de controlar as narrativas. Isso a situa entre as criaturas mais poderosas de todas, porque não sofre mais as consequências de tempo, espaço e realidade. É uma quebra da quarta parede como poucas. E pelo que essa última cena fora de série indica, veremos isso se materializar em live action no episódio final.

Mesmo sabendo que ainda falta um episódio para terminar a temporada, não é absurdo nenhum afirmar que essa segunda temporada de Loki é uma das melhores produções da Marvel para o Disney+, senão a melhor. A forma como ela traz alguns dos melhores diálogos do MCU para uma trama de ficção realmente instigante é fantástica. E o mais incrível disso é melhorar consideravelmente a interação entre os personagens, vividos por atores muito empenhados na produção.

Claro, sem falar no desenvolvimento de personagem do Loki, que é explorado de todas as formas possíveis, fazendo dele o protagonista mais bem desenvolvido do MCU. E agora, faltando apenas um episódio para encerrar a temporada (talvez a série também), o penúltimo capítulo cria uma expectativa absurda para ver como vão finalizar essa insanidade de temporada.

E só pra mexer ainda mais com a cabeça dos fãs envolvidos pela história, o perfil oficial da franquia do Thor no MCU postou esse vídeo abaixo:

Nele, Odin está andando com os pequenos Thor e Loki, dizendo que seus dois filhos nasceram destinados a ser reis, mas que apenas um ascenderá ao trono. Mesmo que Thor tenha assumido o trono de Asgard, Loki não precisa ser marcado eternamente por suas falhas, pois nasceu para ser rei. Será que um Rei da História?

O último episódio de Loki estreia na próxima quinta (9) no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Falar bem da segunda temporada de Loki já está ficando recorrente. A cada semana que passa, a produção se supera com um capítulo mais interessante e criativo que o outro. Por mais que se saiba a respeito dos quadrinhos e já conheça de cabo a rabo a forma de abordar as séries do MCU, eles estão conseguindo surpreender cada vez mais. Nesta semana, no penúltimo episódio da série, eles trouxeram um tom melancólico para acompanhar e desenvolver os personagens que aprendemos a amar.

Alguns podem chamar de filler, mas dado o contexto em que ele surge e a finalidade de seu desenvolvimento, é praticamente impossível se aborrecer ou não se interessar por ele e pelo final da temporada, que chegará semana que vem. Vale lembrar que o quarto capítulo havia terminado com o colapso das ramificações, trazendo diante de Loki (Tom Hiddleston) não só o fim da AVT, mas teoricamente da própria existência em si. Esse quinto episódio vem num contexto praticamente de pós-vida, em que Loki se vê novamente assombrado pelos Deslizes Temporais, enquanto é enviado para a vida real de seus amigos sequestrados pela organização que ele pretende salvar. E aí as coisas ficam complexas.

Sem saber como está fazendo isso, Loki acaba indo atrás de cada um de seus amigos em suas realidades ramificadas. Casey (Eugene Cordero) era um dos prisioneiros envolvido na misteriosa Fuga de Alcatraz. A B-15 (Wunmi Mosaku) era uma médica na Nova York de 2012 (mesmo ano que o Loki tocou o terror por lá). OB (Ke Huy Quan) era um cientista aspirante a escritor na Califórnia de 1994, enquanto Mobius (Owen Wilson), que nunca quis saber de sua vida antes da AVT por medo de ter algo realmente fantástico esperando por ele em casa esse tempo todo, era um vendedor de moto aquáticas, pai solteiro de dois filhos. E aí que o episódio ganha todo um contexto especial.

A jornada de Mobius na série vem sendo trabalhada aos poucos, sempre com base nesse medo dele de voltar a sua antiga vida e descobrir o que perdeu. Ou melhor, o que foi tirado dele. Sua fissura por jet-skis foi tratada como uma piada, mas aqui mostra como essas motos aquáticas integravam sua vida familiar. Ele tenta vender um jet-ski que foi de sua esposa para o Loki, e agora, sozinho, ele não tem mais como usá-lo, enquanto fala como pretende introduzir seus filhos nesse hobby. Falando sobre os meninos, Mobius é um pai solteiro, que pede ao filho mais velho para limpar as sujeiras e buscar o caçula das confusões em que se mete. Isso remete à relação familiar do próprio Loki, que era o irmão encrenqueiro, cujas burradas eram resolvidas por Thor (Chris Hemsworth) a pedido de Odin (Anthony Hopkins). Não importa qual dos nove reinos, ‘kids will be kids’ e irmãos serão irmãos. É uma relação que não se altera, só muda o endereço.

Mobius se recusa a ir embora e só muda de ideia quando recebe a prova de que ele poderá voltar para casa no exato momento em que foi removido de sua realidade, garantindo a segurança dos meninos. É um contraste gigantesco entre aquele Mobius da AVT, que não queria voltar para sua vida, e o Don, que só vai se aventurar se puder voltar para sua vida. É o tão falado livre-arbítrio e suas variações dependendo do contexto em que o personagem se encontra. É incrível.

Dos amigos reunidos por Loki, quem lida melhor com a situação é o OB, um cientista que está tentado a largar a física para ganhar a vida como autor de ficção científica. Por já ter esse conhecimento científico e estar completamente imerso na ficção, ele meio que transcende ao caos dessa situação surpreendente de ver uma criatura atemporal se materializar diante de seus olhos. Por isso, ele ajuda o protagonista como um guia filosófico, trazendo questionamentos sobre como o Loki está viajando para momentos-chave de sua história sem ter teoricamente controle sobre essas viagens. Dentre conceitos de ciência e ficção, ele implanta a ideia na mente do anti-herói de que ele não precisa compreender essa habilidade por meio dos números, mas pelo que o motiva.

Em uma conversa com Sylvie (Sophia Di Martino), que não foi afetada pela amnésia das voltas a suas realidades (já que ela não tinha mais uma realidade original, tendo escolhido os anos 80 como seu novo lar), Loki assume que sua motivação para impedir esse caos no Multiverso e reestabelecer a AVT é por uma razão egoísta. Sua realidade foi apagada. Ele não tem para onde ir. E mesmo que tivesse, ele viu os registros de seu destino: um fim solitário e de derrotas. Na AVT, mesmo sendo sequestrado de sua vida prévia, ele encontrou um glorioso propósito e mais que isso, encontrou amigos. Pela primeira vez, Loki não estava mais sozinho e não precisava chamar atenção de quem amava fazendo besteiras. Ao assumir isso, Loki é convencido por Sylvie de que vai ficar tudo bem sem a AVT e que agora ele precisa encontrar um lar para escrever sua própria história.

Só que as coisas não são bem assim. Loki aceita abrir mão de tudo que aprendeu a amar, do sentido de sua existência, acreditando que as coisas se encaixariam. Porém, num momento angustiante, o tempo começou a ruir novamente diante de seus olhos. As ramificações estavam morrendo. A escolha da direção de abordar esse momento com os personagens se desintegrando em frente a ele foi um tiro certeiro.

O fim chegando remeteu diretamente ao Thanos (Josh Brolin) apagando metade do universo com um estalar de dedos em Vingadores: Guerra Infinita (2018). Foi uma das sequências mais traumáticas de todo o Universo Cinematográfico Marvel, o que certamente acionou pequenos gatilhos nos fãs, dando um impacto gigantesco. Aqui, porém, consegue ser pior, porque você para pra pensar que isso não está acontecendo “apenas” em um universo, mas em todas as linhas do tempo. São incontáveis vidas sendo completamente apagadas de uma hora pra outra. E aí entra em ação uma adaptação fabulosa dos quadrinhos.

Diante do fim definitivo, Loki entende como controlar seus Deslizes Temporais, se tornando uma criatura que transcende o próprio tempo e espaço. No final dos tempos, independentemente do que acontecer, ele permanecerá. Como o próprio Loki diz, ele agora é capaz de escrever e reescrever a história. E se parar para reparar, ele já escreve a história ao longo de todo esse episódio. É o Loki quem traz o Mobius para a AVT, é o Loki que transforma um escritor fracassado em Ouroboros. Como citei na semana passada, na mitologia nórdica, Ouroboros é representado como uma grande serpente que rodeia o mundo e morde o próprio rabo. Neste episódio, Loki entrega o manual de funcionamento da AVT, escrito por Ouroboros, para o próprio OB do passado, permitindo que ele criasse os aparatos necessários para salvar a agência e a própria existência. Ele cria esse paradoxo, fazendo do rapaz ser “uma cobra que completa o ciclo e morde o próprio rabo”.

Nos quadrinhos, Loki faz uma transição divina, passando de Deus da Trapaça para a Deusa das Histórias (ele transita pelos gêneros nas HQs e na mitologia), ganhando a habilidade de controlar as narrativas. Isso a situa entre as criaturas mais poderosas de todas, porque não sofre mais as consequências de tempo, espaço e realidade. É uma quebra da quarta parede como poucas. E pelo que essa última cena fora de série indica, veremos isso se materializar em live action no episódio final.

Mesmo sabendo que ainda falta um episódio para terminar a temporada, não é absurdo nenhum afirmar que essa segunda temporada de Loki é uma das melhores produções da Marvel para o Disney+, senão a melhor. A forma como ela traz alguns dos melhores diálogos do MCU para uma trama de ficção realmente instigante é fantástica. E o mais incrível disso é melhorar consideravelmente a interação entre os personagens, vividos por atores muito empenhados na produção.

Claro, sem falar no desenvolvimento de personagem do Loki, que é explorado de todas as formas possíveis, fazendo dele o protagonista mais bem desenvolvido do MCU. E agora, faltando apenas um episódio para encerrar a temporada (talvez a série também), o penúltimo capítulo cria uma expectativa absurda para ver como vão finalizar essa insanidade de temporada.

E só pra mexer ainda mais com a cabeça dos fãs envolvidos pela história, o perfil oficial da franquia do Thor no MCU postou esse vídeo abaixo:

Nele, Odin está andando com os pequenos Thor e Loki, dizendo que seus dois filhos nasceram destinados a ser reis, mas que apenas um ascenderá ao trono. Mesmo que Thor tenha assumido o trono de Asgard, Loki não precisa ser marcado eternamente por suas falhas, pois nasceu para ser rei. Será que um Rei da História?

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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