sábado , 29 março , 2025

Crítica | ‘Resgate Implacável’ não tem uma gota de originalidade, mas se respalda no carisma de Jason Statham


Jason Statham é um nome bastante conhecido no cenário cinematográfico, principalmente nas produções de ação. Ao longo de sua prolífica carreira, o astro participou de obras como ‘Velozes e Furiosos’, ‘Adrenalina’, ‘Assassino a Preço Fixo’ e até mesmo deixou se levar pelo divertido non-sense da comédia de espionagem ‘A Espião que Sabia de Menos’. Agora, ele acrescenta mais um título do gênero à sua filmografia, retornando às telonas este ano com o explosivo thriller Resgate Implacável.

Considerando o calibre das pessoas envolvidas no projeto, é claro que teríamos uma premissa bastante familiar e que puxasse elementos de outros longas de ação protagonizados por Statham ou correlatos: aqui, ele dá vida a Levon Cade, um ex-sargento das forças marinhas dos Estados Unidos que trabalha como construtor civil, mantendo uma relação de amizade e confiança com seu chefe, Joe (Michael Peña), e família. E, conforme vive um dia de cada vez, ele também luta para conseguir ver mais a filha, Merry (Isla Gie), que mora com o avô após a trágica morte da mãe. Levon a vê apenas duas horas por semana e, engolindo sapos toda vez que passa tempo ao lado dela, não deseja nada além de poder dar a Merry o que ela merece.



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Porém, as coisas não seguem como o planejado: após a filha de Joe, Jenny (Arianna Rivas) ser raptada por um grupo perigoso de tráfico humano, Levon resolve ajudar sua segunda família e começa a seguir minúsculos rastros que trarão Jenny de volta, sã e salva (ou é o que ele espera). A partir daí, o nosso herói reúne todas as habilidades que aprendeu no exército e as coloca em prática mais uma vez em uma vibrante e formulaica história que, dentro dos óbvios limites, funciona para os fãs inveterados de Statham ou de obras do gênero.

O projeto é comandado por David Ayer, conhecido por seu trabalho em ‘Esquadrão Suicida’ e ‘Dia de Treinamento’ – um nome que conhece os meandros de filmes de ação. É notável como o cineasta pega páginas emprestadas e incontáveis incursões similares para construir essa mixórdia recheada de sequências bem coreografadas, mas cujos visuais não são fortes o bastante para ofuscar um abismo narrativo do mais puro nada. Ayer, responsável também pelo roteiro ao lado de Sylvester Stallone, arquiteta uma história regurgitada de ‘Busca Implacável’ e até mesmo ‘Beekeeper – Rede de Vinganças’ (estrelado por Statham) que se vale mais das boas mensagens de força e de união do que algo palpável e original.


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O próprio Statham não parece nem querer se desvencilhar de outros papéis que encarnou, repetindo fórmulas e recitando clichês com uma expressão carrancuda, compreensiva e calculista, que não mede esforços para fazer justiça – mesmo quando ela requer medidas drásticas. De qualquer maneira, o charme e a presença do astro são significativamente fortes para que não prestemos atenção a essa construção monocromática e sejamos envolvidos em um domínio cênico invejável – e, bom, vê-lo dar uns socos aqui e ali é sempre um ótimo entretenimento.

O restante do elenco faz o mínimo para dar vida e humanidade aos arquétipos que interpretam – os preocupados pais que não sabem o que farão caso alguma coisa de ruim aconteça, vilões e asseclas sociopatas que enfrentam o protagonista com garras e dentes, e até mesmo a atmosfera conspiracionista que se apodera da trama no segundo ato serve como uma cortina personificada que transforma um simples enredo de sequestro em um suspense de proporções catastróficas. Há, inclusive, momentos entre certos personagens que ultrapassam os convencionalismos clássicos, emulando o teor obscuro e agourento de ‘John Wick’ em um rip-off barato.

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Nem mesmo os aspectos técnicos procuram aliviar essa amálgama de banalidades, seja na cansativa e penosa fotografia de Shawn White ou na melodramática e insincera trilha sonora de Jared Michael Fry. O roteiro, por sua vez, acumula mais de quatro décadas de filmes de ação em uma condensação de calmaria, deixando que o carisma de Statham seja o verdadeiro trunfo e que, ao menos, isso deixe os espectadores satisfeitos. E, honestamente, é isso o que acontece – a despeito dos incontáveis equívocos que se dispõe no longa.

Resgate Implacável é formulaico do começo ao fim e previsível até mesmo para aqueles que nunca tiveram muita afinidade com o gênero. Mesmo mordendo a própria cauda ao se mostrar como mais um genérico de ação, o fato de termos Statham como o personagem titular diz muito sobre o seu teor – e é motivo o suficiente para nos levar ao cinema em uma celebração hedonista do nada.

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Homem sério com taco em cartaz de filme


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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Jason Statham é um nome bastante conhecido no cenário cinematográfico, principalmente nas produções de ação. Ao longo de sua prolífica carreira, o astro participou de obras como ‘Velozes e Furiosos’, ‘Adrenalina’, ‘Assassino a Preço Fixo’ e até mesmo deixou se levar pelo divertido non-sense da comédia de espionagem ‘A Espião que Sabia de Menos’. Agora, ele acrescenta mais um título do gênero à sua filmografia, retornando às telonas este ano com o explosivo thriller Resgate Implacável.

Considerando o calibre das pessoas envolvidas no projeto, é claro que teríamos uma premissa bastante familiar e que puxasse elementos de outros longas de ação protagonizados por Statham ou correlatos: aqui, ele dá vida a Levon Cade, um ex-sargento das forças marinhas dos Estados Unidos que trabalha como construtor civil, mantendo uma relação de amizade e confiança com seu chefe, Joe (Michael Peña), e família. E, conforme vive um dia de cada vez, ele também luta para conseguir ver mais a filha, Merry (Isla Gie), que mora com o avô após a trágica morte da mãe. Levon a vê apenas duas horas por semana e, engolindo sapos toda vez que passa tempo ao lado dela, não deseja nada além de poder dar a Merry o que ela merece.

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Porém, as coisas não seguem como o planejado: após a filha de Joe, Jenny (Arianna Rivas) ser raptada por um grupo perigoso de tráfico humano, Levon resolve ajudar sua segunda família e começa a seguir minúsculos rastros que trarão Jenny de volta, sã e salva (ou é o que ele espera). A partir daí, o nosso herói reúne todas as habilidades que aprendeu no exército e as coloca em prática mais uma vez em uma vibrante e formulaica história que, dentro dos óbvios limites, funciona para os fãs inveterados de Statham ou de obras do gênero.

O projeto é comandado por David Ayer, conhecido por seu trabalho em ‘Esquadrão Suicida’ e ‘Dia de Treinamento’ – um nome que conhece os meandros de filmes de ação. É notável como o cineasta pega páginas emprestadas e incontáveis incursões similares para construir essa mixórdia recheada de sequências bem coreografadas, mas cujos visuais não são fortes o bastante para ofuscar um abismo narrativo do mais puro nada. Ayer, responsável também pelo roteiro ao lado de Sylvester Stallone, arquiteta uma história regurgitada de ‘Busca Implacável’ e até mesmo ‘Beekeeper – Rede de Vinganças’ (estrelado por Statham) que se vale mais das boas mensagens de força e de união do que algo palpável e original.

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O próprio Statham não parece nem querer se desvencilhar de outros papéis que encarnou, repetindo fórmulas e recitando clichês com uma expressão carrancuda, compreensiva e calculista, que não mede esforços para fazer justiça – mesmo quando ela requer medidas drásticas. De qualquer maneira, o charme e a presença do astro são significativamente fortes para que não prestemos atenção a essa construção monocromática e sejamos envolvidos em um domínio cênico invejável – e, bom, vê-lo dar uns socos aqui e ali é sempre um ótimo entretenimento.

O restante do elenco faz o mínimo para dar vida e humanidade aos arquétipos que interpretam – os preocupados pais que não sabem o que farão caso alguma coisa de ruim aconteça, vilões e asseclas sociopatas que enfrentam o protagonista com garras e dentes, e até mesmo a atmosfera conspiracionista que se apodera da trama no segundo ato serve como uma cortina personificada que transforma um simples enredo de sequestro em um suspense de proporções catastróficas. Há, inclusive, momentos entre certos personagens que ultrapassam os convencionalismos clássicos, emulando o teor obscuro e agourento de ‘John Wick’ em um rip-off barato.

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Nem mesmo os aspectos técnicos procuram aliviar essa amálgama de banalidades, seja na cansativa e penosa fotografia de Shawn White ou na melodramática e insincera trilha sonora de Jared Michael Fry. O roteiro, por sua vez, acumula mais de quatro décadas de filmes de ação em uma condensação de calmaria, deixando que o carisma de Statham seja o verdadeiro trunfo e que, ao menos, isso deixe os espectadores satisfeitos. E, honestamente, é isso o que acontece – a despeito dos incontáveis equívocos que se dispõe no longa.

Resgate Implacável é formulaico do começo ao fim e previsível até mesmo para aqueles que nunca tiveram muita afinidade com o gênero. Mesmo mordendo a própria cauda ao se mostrar como mais um genérico de ação, o fato de termos Statham como o personagem titular diz muito sobre o seu teor – e é motivo o suficiente para nos levar ao cinema em uma celebração hedonista do nada.

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