sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Crítica | Retratos Fantasmas – Kleber Mendonça Filho entrega belo documentário sobre a sua relação com o Cinema e Recife [Cannes 2023]


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Dividido em três partes, Retratos Fantasmas é um documentário intimista e revelador sobre a trajetória do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. Nostálgico e reflexivo, o longa de 91 minutos nos faz mergulhar na magia da tradução de sentimentos  em imagens; neste caso, a paixão pelo cinema e Recife. 

Com a narração do próprio roteirista e diretor, a voz por cima das diversas sequências promove a costura perfeita da dedicada montagem de Matheus Farias. A partir de imagens de arquivos pessoais e das gavetas de instituições públicas, Kleber Mendonça Filho constrói uma ode ao cinema, à sua cidade natal e à sua família. 



Retratos Fantasmas 2

Descortinado perante os olhos dos espectadores, o cinesta apresenta detalhes da sua casa, desde a compra pela mãe, a historiadora Joselice Jucá, a reforma realizada pelo seu irmão recém-formado arquiteto e as primeiras gravações no recindo. Ali, as paredes, as mesas e cada cômodo serviu de cenário para os seus projetos, o mais evidente é o curta Eletrodoméstica (2005).

Com o dom de trazer afeto e apego para qualquer personagem, seja um cachorro solitário, seja uma cidade super povoada, Mendonça Filho transforma a casa do vizinho desconhecido em outro componente da história. A importância dessa residência vem à tona quando o narrador revela que a ideia do final de Aquarius habitava naqueles muros. Retratos Fantasmas é uma junção de todo os elementos da cabeça do cineasta cujas lentes transmitem admiráveis mensagens e emoções. 


Retratos Fantasmas

Na segunda e terceira parte do filme, o cineasta dedica suas reminiscências aos cinemas de ruas de Recife nos anos 1970 e, por fim, a própria cidade. Cenário e presença nos seus filmes O Som ao Redor (2012) e Aquarius (2016), a capital de Pernambuco e suas ruas entram nas histórias de forma fascinante; como num passe de mágica, a realidade torna-se ficção, isto é, a vida fantasiada de entretenimento. 

Com participação indireta dos seus filhos, amigos e equipe, Retratos Fantasmas é feito de fragmentos de uma história do cinema nacional e da própria admiração do cineasta pelos anos 1970. Do calor da sala de projeção ao sumiço do cinema de rua, o documentário pondera sobre o desaparecimento dessas salas e o aumento das torres de prédios em frente às praias de Recife. 

Assista também: 
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cena do filme brasileiro aquarius dirigido por kleber mendonca filho com sonia braga no elenco
Cena do filme Aquarius

Nesse labirinto de imagens resgatadas e de preciosas informações, a gente sente em casa sendo levados pela voz do narrador que nos ajuda a remar nesse mar de memórias. Como em seus filmes anteriores, a trilha sonora tem seu destaque, principalmente nos acordes de Happy End, de Tom Zé, e Meu Sangue Ferve por Você, de Sidney Magal, ambas setentistas. 

Se os fantasmas habitam o passado ou são expectros vivos na mémoria, o título do documentário vem de forma concreta de uma fotografia, porém concebe uma figura abstrata no imaginário do espectador. Retratos Fantasmas é um passeio  —  montando com primor por Matheus Farias — na história do cinema nacional e seus personagens recifenses. Veja, reflita e deguste sem restrições.


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Dividido em três partes, Retratos Fantasmas é um documentário intimista e revelador sobre a trajetória do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. Nostálgico e reflexivo, o longa de 91 minutos nos faz mergulhar na magia da tradução de sentimentos  em imagens; neste caso, a paixão pelo cinema e Recife. 

Com a narração do próprio roteirista e diretor, a voz por cima das diversas sequências promove a costura perfeita da dedicada montagem de Matheus Farias. A partir de imagens de arquivos pessoais e das gavetas de instituições públicas, Kleber Mendonça Filho constrói uma ode ao cinema, à sua cidade natal e à sua família. 

Retratos Fantasmas 2

Descortinado perante os olhos dos espectadores, o cinesta apresenta detalhes da sua casa, desde a compra pela mãe, a historiadora Joselice Jucá, a reforma realizada pelo seu irmão recém-formado arquiteto e as primeiras gravações no recindo. Ali, as paredes, as mesas e cada cômodo serviu de cenário para os seus projetos, o mais evidente é o curta Eletrodoméstica (2005).

Com o dom de trazer afeto e apego para qualquer personagem, seja um cachorro solitário, seja uma cidade super povoada, Mendonça Filho transforma a casa do vizinho desconhecido em outro componente da história. A importância dessa residência vem à tona quando o narrador revela que a ideia do final de Aquarius habitava naqueles muros. Retratos Fantasmas é uma junção de todo os elementos da cabeça do cineasta cujas lentes transmitem admiráveis mensagens e emoções. 

Retratos Fantasmas

Na segunda e terceira parte do filme, o cineasta dedica suas reminiscências aos cinemas de ruas de Recife nos anos 1970 e, por fim, a própria cidade. Cenário e presença nos seus filmes O Som ao Redor (2012) e Aquarius (2016), a capital de Pernambuco e suas ruas entram nas histórias de forma fascinante; como num passe de mágica, a realidade torna-se ficção, isto é, a vida fantasiada de entretenimento. 

Com participação indireta dos seus filhos, amigos e equipe, Retratos Fantasmas é feito de fragmentos de uma história do cinema nacional e da própria admiração do cineasta pelos anos 1970. Do calor da sala de projeção ao sumiço do cinema de rua, o documentário pondera sobre o desaparecimento dessas salas e o aumento das torres de prédios em frente às praias de Recife. 

cena do filme brasileiro aquarius dirigido por kleber mendonca filho com sonia braga no elenco
Cena do filme Aquarius

Nesse labirinto de imagens resgatadas e de preciosas informações, a gente sente em casa sendo levados pela voz do narrador que nos ajuda a remar nesse mar de memórias. Como em seus filmes anteriores, a trilha sonora tem seu destaque, principalmente nos acordes de Happy End, de Tom Zé, e Meu Sangue Ferve por Você, de Sidney Magal, ambas setentistas. 

Se os fantasmas habitam o passado ou são expectros vivos na mémoria, o título do documentário vem de forma concreta de uma fotografia, porém concebe uma figura abstrata no imaginário do espectador. Retratos Fantasmas é um passeio  —  montando com primor por Matheus Farias — na história do cinema nacional e seus personagens recifenses. Veja, reflita e deguste sem restrições.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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