sexta-feira , 8 novembro , 2024

Crítica | Risco Imediato

Tudo termina em tiroteio e salvamentos de último minuto

Pior do que um filme ruim, é um que tinha o potencial para ser bom. Aquele tipo de filme promissor, com bons atores, uma boa história, um clima legal, que nos prende instantaneamente, mas que ao final sai completamente dos trilhos. O que sempre aparenta é que os realizadores não sabem como terminar tais obras, optando sempre pela cartilha básica do suspense: “na dúvida, arrume um tiroteio, de preferência envolvendo todos os personagens”.

Produzido pelo ator Tobey Maguire, Risco Imediato é baseado no livro de Marcus Sakey – autor com grande prestígio atual, escritor de Best Sellers (alguns inclusive em breve serão adaptados ao cinema, como “Brilliance”). Na trama, James Franco e Kate Hudson interpretam um casal de americanos vivendo em Londres. Tentando recomeçar a vida em outro continente, devido a problemas pessoais (um negócio que naufragou pela crise financeira, e um aborto sofrido pela esposa), a nova empreitada do casal parece não ir bem após alguns anos. Vivendo numa espelunca, ele tenta reformar a casa que herdou da avó e ela tenta engravidar novamente.

CinePop 2



A sorte da dupla muda após a morte de seu inquilino, morador do porão em sua casa. O imigrante é encontrado pelo casal, morto em casa. Depois que a polícia leva o cadáver, os protagonistas encontram no local uma sacola escondida, recheada com mais de vinte mil libras. E agora? O casal endividado, com risco de despejo, pega a grana para si ou a entrega para as autoridades? As frases usadas pelo personagem de Franco para a reflexão de seus atos servem como mote para todo o filme. Primeiro, o sujeito dispara: “Sempre fomos pessoas boas, e onde isso nos levou?”. A menção serve para iluminar o título original da produção, “Good People” ou “Pessoas Boas”, demonstrando que está na hora do casal bonzinho se sujar um pouco.

CinePop 4



O segundo diálogo ocorre quando a personagem de Hudson diz que tal dinheiro é ruim, sujo. Ao que seu companheiro dispara: “O dinheiro não é ruim, as pessoas é que são ruins e o fazem ruim. Tudo depende do que fazemos com ele. Podemos usá-lo para uma boa causa”. E o sujeito não deixa de ter razão. O problema é que numa situação como esta, o dinheiro nunca vem desacompanhado. E aqui, muitos o querem. Acontece que a grana veio de um assalto a um “poderoso chefão” local, interpretado pelo carismático francês Omar Sy, vivendo seu primeiro vilão no cinema. E obviamente, o mafioso o quer de volta.

Além dele, os assaltantes também querem sua recompensa. E a polícia igualmente investiga o caso, na pele do sempre eficiente Tom Wilkinson, o único agente honesto dentro de uma força corrupta. O casal protagonista e inexperiente se vê como uma bola de pinball, sendo jogado de um lado para o outro, sofrendo ameaças constantes de todos os lugares. O curioso aqui é que o roteiro foi escrito pelo talentoso Kelly Masterson, que tem no currículo ao menos duas obras bem próximas de serem consideradas obras-primas, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (2007), último filme do cultuado Sidney Lumet; e O Expresso do Amanhã (2014), ainda inédito no Brasil.

CinePop 3

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Fica claro o talento do roteirista para criar situações desconfortáveis, e diálogos que ocorrem de forma intensa (ajudado por atores talentosos). No decorrer, no entanto, o filme se torna para lá de mundano, apelando para os clichês do gênero e terminando a projeção da forma mais preguiçosa da cartilha, um tiroteio numa casa abandonada – no qual, de último momento, diversos personagens dados como mortos irão ressurgir para salvar ou ameaçar outros. Uma situação que se repete ao menos três vezes em poucos minutos e nos faz imaginar o quão proposital foi – como se os realizadores estivessem perto de uma paródia.

A direção é do dinamarquês Henrik Ruben Genz, que cria um clima eficiente. O problema maior é mesmo o desfecho preguiçoso, o que nos faz imaginar (para quem não conhece a obra literária) se estava presente no texto de Sakey ou foi criado para o de Masterson. Seja como for, termina com gosto de “Supercine”. Se você souber se o filme foi completamente fiel ao livro, comente abaixo. Para os meninos e as meninas, resta uma olhada nos corpos atraentes dos protagonistas Franco e Hudson no chuveiro.

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Produzido pelo ator Tobey Maguire, Risco Imediato é baseado no livro de Marcus Sakey – autor com grande prestígio atual, escritor de Best Sellers (alguns inclusive em breve serão adaptados ao cinema, como “Brilliance”). Na trama, James Franco e Kate Hudson interpretam um casal de americanos vivendo em Londres. Tentando recomeçar a vida em outro continente, devido a problemas pessoais (um negócio que naufragou pela crise financeira, e um aborto sofrido pela esposa), a nova empreitada do casal parece não ir bem após alguns anos. Vivendo numa espelunca, ele tenta reformar a casa que herdou da avó e ela tenta engravidar novamente.

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A sorte da dupla muda após a morte de seu inquilino, morador do porão em sua casa. O imigrante é encontrado pelo casal, morto em casa. Depois que a polícia leva o cadáver, os protagonistas encontram no local uma sacola escondida, recheada com mais de vinte mil libras. E agora? O casal endividado, com risco de despejo, pega a grana para si ou a entrega para as autoridades? As frases usadas pelo personagem de Franco para a reflexão de seus atos servem como mote para todo o filme. Primeiro, o sujeito dispara: “Sempre fomos pessoas boas, e onde isso nos levou?”. A menção serve para iluminar o título original da produção, “Good People” ou “Pessoas Boas”, demonstrando que está na hora do casal bonzinho se sujar um pouco.

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O segundo diálogo ocorre quando a personagem de Hudson diz que tal dinheiro é ruim, sujo. Ao que seu companheiro dispara: “O dinheiro não é ruim, as pessoas é que são ruins e o fazem ruim. Tudo depende do que fazemos com ele. Podemos usá-lo para uma boa causa”. E o sujeito não deixa de ter razão. O problema é que numa situação como esta, o dinheiro nunca vem desacompanhado. E aqui, muitos o querem. Acontece que a grana veio de um assalto a um “poderoso chefão” local, interpretado pelo carismático francês Omar Sy, vivendo seu primeiro vilão no cinema. E obviamente, o mafioso o quer de volta.

Além dele, os assaltantes também querem sua recompensa. E a polícia igualmente investiga o caso, na pele do sempre eficiente Tom Wilkinson, o único agente honesto dentro de uma força corrupta. O casal protagonista e inexperiente se vê como uma bola de pinball, sendo jogado de um lado para o outro, sofrendo ameaças constantes de todos os lugares. O curioso aqui é que o roteiro foi escrito pelo talentoso Kelly Masterson, que tem no currículo ao menos duas obras bem próximas de serem consideradas obras-primas, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (2007), último filme do cultuado Sidney Lumet; e O Expresso do Amanhã (2014), ainda inédito no Brasil.

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Fica claro o talento do roteirista para criar situações desconfortáveis, e diálogos que ocorrem de forma intensa (ajudado por atores talentosos). No decorrer, no entanto, o filme se torna para lá de mundano, apelando para os clichês do gênero e terminando a projeção da forma mais preguiçosa da cartilha, um tiroteio numa casa abandonada – no qual, de último momento, diversos personagens dados como mortos irão ressurgir para salvar ou ameaçar outros. Uma situação que se repete ao menos três vezes em poucos minutos e nos faz imaginar o quão proposital foi – como se os realizadores estivessem perto de uma paródia.

A direção é do dinamarquês Henrik Ruben Genz, que cria um clima eficiente. O problema maior é mesmo o desfecho preguiçoso, o que nos faz imaginar (para quem não conhece a obra literária) se estava presente no texto de Sakey ou foi criado para o de Masterson. Seja como for, termina com gosto de “Supercine”. Se você souber se o filme foi completamente fiel ao livro, comente abaixo. Para os meninos e as meninas, resta uma olhada nos corpos atraentes dos protagonistas Franco e Hudson no chuveiro.

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