O cantor Elton John sempre foi uma figura enigmática e extremamente importante para a cultura popular. Com músicas que ficam no ouvido devido às melodias marcantes e as letras que falam sobre o amor, John conquistou o mundo e se tornou um dos músicos de maior sucesso, com mais de 300 milhões de discos vendidos. Apesar da imagem espalhafatosa e carnavalesca que ele adotou no começo da carreira, sua vida pessoal nunca havia indagado o imaginário popular, até agora.
As diversas “polêmicas” sobre sua sexualidade e problemas de vício em álcool, drogas, compras, sexo e remédios prescritos se tornam um prato cheio nesse filme delicioso que se aprofunda na jornada de John ainda criança, quando ele se chamava Reginald Dwight e vivia com seus pais em Londres. O brilhante roteiro de Lee Hall se inicia em uma reunião dos Alcóolicos Anônimos, quando o cantor havia chegado no fundo do poço e decide procurar ajuda para se curar de seus vícios, e compartilha conosco sua história desde o anonimato até se tornar um grande astro do rock.
A história é apresentada de maneira fantasiosa, como se Elton estivesse em uma frenética viagem alucinógena, brindando o público com cenas coloridas e números musicais repletos de magia que criam uma jornada extremamente prazerosa e visualmente estonteante.
Nascido em 1947, Elton aprendeu a tocar piano cedo e logo se tornou um prodígio. Seus pais se separaram quando ele ainda era uma criança, deixando traumas que demoraram anos para se curarem. Quando adulto, ele se torna um superstar internacional e uma das figuras mais icônicas da cultura pop, mas os fantasmas do passado se tornam presentes em uma vida regada a bebida, drogas e promiscuidade.
O diretor Dexter Fletcher, que assumiu a produção de ‘Bohemian Rhapsody‘ após a demissão de Bryan Singer, consegue transpor a história do cantor de maneira magnífica para as telonas, além de adicionar as canções no meio da trama de maneira extremamente bem sucedida, usando a trilha sonora como um artifício para ajudar a contar a história ao invés de usar as músicas para resolver os dilemas da trama, como aconteceu no filme do Queen. A direção de arte e o figurino são um show a parte, aproveitando o vestuário espalhafatoso do cantor para dar o tom colorido e brilhante da produção através de uma fotografia impecável.
Taron Edgerton entrega uma atuação invejável como o cantor, emprestando diversos trejeitos e caretas do Elton John para criar uma performance rica em detalhes e repleta de camadas, que já desponta para uma indicação ao Oscar – vale lembrar que Rami Malek levou a estatueta por interpretar o Freddie Mercury. Outro grande destaque vai para Jamie Bell, que interpreta o compositor Bernie Taupin – o melhor amigo de Elton. O relacionamento dos dois é um dos pontos altos do filme, muito bem trabalhado e aprofundado pelo roteiro. Richard Madden está incrível como o vilanesco John Reid, e Bryce Dallas Howard brilha como a mãe do protagonista.
Frenético, colorido, espalhafatoso, ‘Rocketman‘ é uma fantasia alucinante e desenfreada abordando os prós e contras da fama sem pudores, com um roteiro corajoso que trata de diversos tabus sem colocar panos quentes em cima, incluindo cenas de sexo, drogas e rock’n’roll. E ele consegue ser fantástico em tudo o que se propõe.
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