domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Rodin – Um retrato rígido do famoso artista

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Por Julie Nunes

Um filme de gesso 

Realizar um retrato não é uma tarefa exatamente simples, existem muitas possibilidades e subterfúgios pelo caminho. Um recorte distorcido, ou mal ajustado, é um risco alto. No caso desse retrato ser de um grande artista ainda há o perigo de se tentar encontrar  a sua subjetividade e não sua substância,  e assim se perder em correntezas exageradas por sua pretensão a profundidade, ou mesmo uma tentativa ao despretensioso, que termina no superficial. Rodin, longa de Jacques Doillon ,consegue ser sugado por todos esses caminhos e se fecha dentro de uma narrativa nada inspirada, que oscila entre pretensão e um romance enfadonho incapaz de demonstrar as potências de seus personagens.



Doillon nitidamente tenta esboçar as forças apaixonadas que movem seus personagens e a arte com a qual trabalham, contudo, o longa reside na repetição das intenções dramáticas dentro dos diálogos, o que torna seus 120 minutos de duração uma verdadeira jornada por um folhetim inseguro sobre sua capacidade de inoculação da mensagem. Somado a dificuldade de roteiro encontra-se a montagem, talvez o mais gritante equívoco da obra, que reproduz e salienta as lacunas que o roteiro não consegue solucionar e ainda, tenta, por suas próprias ferramentas, fades out e fades in que servem como muletas a desarranjada construção, aplicar algum valor estético.

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Ao se perder na busca por uma aura artística de seu personagem central, o diretor e roteirista se esquece de impregnar a obra com tal elemento, portanto, não é exagero apontar uma burocracia generalizada em todos os departamentos. A direção de arte, por exemplo, não comete nenhuma grande falha, mas se encontra subjugada a uma paleta demasiadamente neutralizada, que por sua vez é filmada sem um grande esmero – tanto em seu enquadramento e movimentação de câmera, quanto na falta de jogo entre campo, contra campo, luz e sombra.

A intenção de trazer simplicidade austera, em nome de um amplo espaço de exploração do eloquente objeto do filme, atinge apenas uma inegável arrogância capaz de afastar mesmo aquele que empregue algum esforço para com o cansativo e nada criativo longa. Jacques Doillon é responsável por obras como Ponette (1996) e mais recentemente Casamento à três (2010), ambos são filmes muito superiores à Rodin em diversos aspectos, o último sobretudo no que se trata da fotografia e Ponette em suas atuações. E acerco das atuações em Rodin havia uma grande expectativa em torno da performance do experiente Vincent Lindon interpretando Rodin, mas sequer essa se descola do entediante restante.

A vida e obra de Rodin é bastante conhecida, seu romance com Camille Claudel – no longa interpretada por Izïa Higelin– também e conta com filmes ferozes e inesquecíveis como Camille Claudel de Bruno Nuytten. Rodin, que  sempre fora visto como alguém que fugia dos cercados normativos, é colocado enquanto um ser rígido demais para expressar suas emoções, e o erro fatal para o filme de Doillon é tentar burocratizar o que havia de latente e inquieto, uma organização capaz de matar qualquer paixão.

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Doillon nitidamente tenta esboçar as forças apaixonadas que movem seus personagens e a arte com a qual trabalham, contudo, o longa reside na repetição das intenções dramáticas dentro dos diálogos, o que torna seus 120 minutos de duração uma verdadeira jornada por um folhetim inseguro sobre sua capacidade de inoculação da mensagem. Somado a dificuldade de roteiro encontra-se a montagem, talvez o mais gritante equívoco da obra, que reproduz e salienta as lacunas que o roteiro não consegue solucionar e ainda, tenta, por suas próprias ferramentas, fades out e fades in que servem como muletas a desarranjada construção, aplicar algum valor estético.

Ao se perder na busca por uma aura artística de seu personagem central, o diretor e roteirista se esquece de impregnar a obra com tal elemento, portanto, não é exagero apontar uma burocracia generalizada em todos os departamentos. A direção de arte, por exemplo, não comete nenhuma grande falha, mas se encontra subjugada a uma paleta demasiadamente neutralizada, que por sua vez é filmada sem um grande esmero – tanto em seu enquadramento e movimentação de câmera, quanto na falta de jogo entre campo, contra campo, luz e sombra.

A intenção de trazer simplicidade austera, em nome de um amplo espaço de exploração do eloquente objeto do filme, atinge apenas uma inegável arrogância capaz de afastar mesmo aquele que empregue algum esforço para com o cansativo e nada criativo longa. Jacques Doillon é responsável por obras como Ponette (1996) e mais recentemente Casamento à três (2010), ambos são filmes muito superiores à Rodin em diversos aspectos, o último sobretudo no que se trata da fotografia e Ponette em suas atuações. E acerco das atuações em Rodin havia uma grande expectativa em torno da performance do experiente Vincent Lindon interpretando Rodin, mas sequer essa se descola do entediante restante.

A vida e obra de Rodin é bastante conhecida, seu romance com Camille Claudel – no longa interpretada por Izïa Higelin– também e conta com filmes ferozes e inesquecíveis como Camille Claudel de Bruno Nuytten. Rodin, que  sempre fora visto como alguém que fugia dos cercados normativos, é colocado enquanto um ser rígido demais para expressar suas emoções, e o erro fatal para o filme de Doillon é tentar burocratizar o que havia de latente e inquieto, uma organização capaz de matar qualquer paixão.

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