terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | ‘Rua do Medo – Parte 2: 1978’ é muito mais SANGRENTO, assustador e divertido que o 1º filme

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Na semana passada, os escritos de R.L. Stine ganhavam vida mais uma vez com o primeiro capítulo da trilogia Rua do Medo. Ambientada em 1994 e centrada na bizarra cidade de Shadyside, Ohio, o resultado do longa-metragem foi o bastante para divertir o público, mas falhou em contar alguma coisa além do óbvio quando pensamos no gênero slasher, misturando inúmeros acontecimentos em prol de uma narrativa circinal e complicada. Apesar de engrenar nos momentos finais para um gancho interessante, é inegável dizer que o tom do filme inicial deixou a desejar – mas nada poderia nos preparar para a sanguinolenta aventura que viria pouco depois.

Rua do Medo: 1978’ continua o enredo de onde parou, dessa voltando-nos para uma taciturna e amedrontada jovem chamada Constance Berman (Gillian Jacobs), a única sobrevivente do trágico massacre que se abateu sob o Acampamento Nightwing décadas atrás. Tendo observado inúmeros colegas e a própria irmã falecer nas mãos de assassinos sobrenaturais, Constance (que mais tarde revela ser outra pessoa) tornou-se a única pessoa a conseguir ajudar Deena (Kiana Madeira) e Josh (Benjamin Flores Jr.) a impedir a terrível bruxa Sarah Fier de completar mais um reinado de caos e morte. E é nessa conjuntura que somos transportados para meados da década de 1970, em que mais informações sobre os mistérios inexplicáveis de Shadyside se desenrolam no melhor estilo gore que possamos pensar.

Se a diretora Leigh Janiak já havia demonstrado uma fruição invejável dos clássicos filmes de terror do século passado com ‘1994’, a nova entrada da saga prova ser ainda mais mimética que a anterior: cuidando para fornecer uma perspectiva única e um pouco mais atrelada ao drama adolescente do que à repetitividade enfastiosa de tantas produções similares dos últimos anos, é notável a forma como a realizadora finca seus pés na rotineira execução de Sexta-Feira 13 e derivados; ora, apenas o fato da trama ser ambientada em um acampamento já nos remete à magnum opus de Sean S. Cunningham, quanto mais o fato dos eventos que se desenrolam. E, se a nostalgia slasher não te chamou a atenção, leve em conta a potente atuação de um elenco de ponta que inclui Sadie Sink, Jordana Spiro e a novata Emily Rudd.

Todo o centro gravitacional é canalizado para Sarah Fier e para o embate impreciso entre o otimismo insuportável de Sunnyvale e a maré de azar e de catástrofes de Shadyside – que ganha uma dimensão mais concreta e aprazível em ‘1978’. Em Nightwing, jovens de ambas as cidades se juntam para competir uns contra os outros, sem imaginar os horrores que os aguardam em uma fatídica noite em que a bruxa resolve atacar mais uma vez. E o mais interessante é que já sabemos o que irá acontecer, pelos comentários do longa anterior e por um foreshadowing que até nos revela quem é o assassino – Tommy Slater (McCabe Slye), namorado da prudente e certinha Cindy (Rudd).

Apesar das revelações precipitadas, Janiak mantém-se firme aos arquétipos (e estereótipos) que quer explorar e, no final das contas, nos envolve por uma tensão crescente e um banho de sangue que parece jorrar da tela. Aqui, as subtramas se englobam para um “bem” comum, nunca se esquecendo de dar valor aos personagens adolescentes e à constante descoberta de uma identidade que se perde na profusa amálgama de decepções e sonhos inalcançáveis. Nesse quesito, as personalidades de Cindy e Ziggy (Sink) se chocam para nos convencer de um relacionamento conturbado entre duas mãos marcadas pelo trauma e que terão de unir forças para ficarem vivas – e, mesmo com as obviedades, o arco de ambas ganha profundidade a cada cena delineada.

Faz-se necessário comentar o ótimo trabalho artístico de Marco Beltrami e Brandon Roberts, que ficam a encargo da trilha sonora. Buscando referências nas tétricas composições de John Carpenter, as redundâncias propositais aumentam as expectativas do encerramento e funcionam muito melhor aqui do que no filme anterior – em que nenhuma das partes conseguia se completar de modo convicto. Há, também, a construção de uma atmosfera onírica através da fotografia de Caleb Heymann, que opta pela fórmula vibrante de um evento de verão para jovens até transmutá-la em um confronto de cores complementares à la George A. Romero e Greg Nicotero.

Os deslizes podem até persistir, mas com uma durabilidade muito menos significativa – em outras palavras, os equívocos técnicos não atuam com tanto impacto nos laços entre os espectadores e a obra e se restringem ao segundo plano (como é o caso da melodramática conclusão entre Cindy e Ziggy ou de diálogos afetados que tentam ser mais metafóricos do que conseguem). A verdade é que, eventualmente, Rua do Medo: 1978’ representa uma clara evolução na trilogia e nos prepara para um finale memorável, mesmo com todos os obstáculos enfrentados no caminho.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Rua do Medo: 1978’ continua o enredo de onde parou, dessa voltando-nos para uma taciturna e amedrontada jovem chamada Constance Berman (Gillian Jacobs), a única sobrevivente do trágico massacre que se abateu sob o Acampamento Nightwing décadas atrás. Tendo observado inúmeros colegas e a própria irmã falecer nas mãos de assassinos sobrenaturais, Constance (que mais tarde revela ser outra pessoa) tornou-se a única pessoa a conseguir ajudar Deena (Kiana Madeira) e Josh (Benjamin Flores Jr.) a impedir a terrível bruxa Sarah Fier de completar mais um reinado de caos e morte. E é nessa conjuntura que somos transportados para meados da década de 1970, em que mais informações sobre os mistérios inexplicáveis de Shadyside se desenrolam no melhor estilo gore que possamos pensar.

Se a diretora Leigh Janiak já havia demonstrado uma fruição invejável dos clássicos filmes de terror do século passado com ‘1994’, a nova entrada da saga prova ser ainda mais mimética que a anterior: cuidando para fornecer uma perspectiva única e um pouco mais atrelada ao drama adolescente do que à repetitividade enfastiosa de tantas produções similares dos últimos anos, é notável a forma como a realizadora finca seus pés na rotineira execução de Sexta-Feira 13 e derivados; ora, apenas o fato da trama ser ambientada em um acampamento já nos remete à magnum opus de Sean S. Cunningham, quanto mais o fato dos eventos que se desenrolam. E, se a nostalgia slasher não te chamou a atenção, leve em conta a potente atuação de um elenco de ponta que inclui Sadie Sink, Jordana Spiro e a novata Emily Rudd.

Todo o centro gravitacional é canalizado para Sarah Fier e para o embate impreciso entre o otimismo insuportável de Sunnyvale e a maré de azar e de catástrofes de Shadyside – que ganha uma dimensão mais concreta e aprazível em ‘1978’. Em Nightwing, jovens de ambas as cidades se juntam para competir uns contra os outros, sem imaginar os horrores que os aguardam em uma fatídica noite em que a bruxa resolve atacar mais uma vez. E o mais interessante é que já sabemos o que irá acontecer, pelos comentários do longa anterior e por um foreshadowing que até nos revela quem é o assassino – Tommy Slater (McCabe Slye), namorado da prudente e certinha Cindy (Rudd).

Apesar das revelações precipitadas, Janiak mantém-se firme aos arquétipos (e estereótipos) que quer explorar e, no final das contas, nos envolve por uma tensão crescente e um banho de sangue que parece jorrar da tela. Aqui, as subtramas se englobam para um “bem” comum, nunca se esquecendo de dar valor aos personagens adolescentes e à constante descoberta de uma identidade que se perde na profusa amálgama de decepções e sonhos inalcançáveis. Nesse quesito, as personalidades de Cindy e Ziggy (Sink) se chocam para nos convencer de um relacionamento conturbado entre duas mãos marcadas pelo trauma e que terão de unir forças para ficarem vivas – e, mesmo com as obviedades, o arco de ambas ganha profundidade a cada cena delineada.

Faz-se necessário comentar o ótimo trabalho artístico de Marco Beltrami e Brandon Roberts, que ficam a encargo da trilha sonora. Buscando referências nas tétricas composições de John Carpenter, as redundâncias propositais aumentam as expectativas do encerramento e funcionam muito melhor aqui do que no filme anterior – em que nenhuma das partes conseguia se completar de modo convicto. Há, também, a construção de uma atmosfera onírica através da fotografia de Caleb Heymann, que opta pela fórmula vibrante de um evento de verão para jovens até transmutá-la em um confronto de cores complementares à la George A. Romero e Greg Nicotero.

Os deslizes podem até persistir, mas com uma durabilidade muito menos significativa – em outras palavras, os equívocos técnicos não atuam com tanto impacto nos laços entre os espectadores e a obra e se restringem ao segundo plano (como é o caso da melodramática conclusão entre Cindy e Ziggy ou de diálogos afetados que tentam ser mais metafóricos do que conseguem). A verdade é que, eventualmente, Rua do Medo: 1978’ representa uma clara evolução na trilogia e nos prepara para um finale memorável, mesmo com todos os obstáculos enfrentados no caminho.

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