domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘Ruim Pra Cachorro’ DEFINITIVAMENTE faz jus ao título

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Antes de começar a crítica, vale dar um aviso para evitar maiores constrangimentos. Apesar de ser um filme sobre cachorros falantes, Ruim Pra Cachorro NÃO É UM FILME INFANTIL. Sua classificação indicativa oficial no Brasil é para maiores de 16 anos, apesar de alguns cinemas terem erroneamente colocado sua classificação como para maiores de 12. O longa é um grande besteirol, recheado de palavrões e cenas escatológicas.

Digo isso porque assisti o filme em uma sessão com umas quatro famílias com crianças pequenas, que provavelmente foram ao cinema achando que veriam um tipo de Beethoven do século XXI ou coisa do tipo. E sinceramente, ver até que piada politicamente incorreta ou situação completamente constrangedora eles aguentavam antes de deixar a sessão foi mais divertido que o filme em si. Na última década, tivemos alguns longas que vieram nessa leva de subverter temas geralmente associados à infância em comédias escrachadas recheadas de sacanagem, como Ted e Festa da Salsicha. No entanto, ambos os exemplos citados agora tiveram uma estrutura narrativa bem mais sólida e divertida.



O filme acompanha um cachorrinho cujo único contato com a vida se resume ao que ele acredita ser o amor de seu dono. No entanto, o cara é um completo babaca que passou esse tempo inteiro maltratando o coitado. Então, após atribuir ao bichinho os piores nomes possíveis, tentar abandoná-lo trocentas vezes e ficar se masturbando na frente do coitado, o rapaz recebe uma carta de despejo e atravessa a cidade com o mascote para se livrar do bicho antes de se mudar. Só que o doguinho acha que é apenas mais uma das brincadeiras do dono e decide voltar até lá.

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No entanto, ele conhece outros cachorros de rua no caminho, que abrem seus olhos para os abusos sofridos e como a vida de vira-lata pode ser boa se ele se basear em algumas regras: mije em tudo que quiser possuir, transe com tudo aquilo que te despertar desejo e aproveite a vida nas ruas. O problema é que o cachorrinho abusado fica revoltado e decide voltar para casa para se vingar do dono destruindo aquilo que ele mais ama: o próprio pênis.

 

Pois é, essa premissa meio absurda vem como uma paródia dos clássicos filmes de cachorro, geralmente dramáticos, que são lançados anualmente nos cinemas. Em meio a isso, eles constroem algumas piadas até boas, mas a grande maioria é bem fraca. Eles miram no humor ácido de South Park, repleto de palavrões e escatologia, só que carece das sacadas inteligentes da animação, que ficou famosa por ironizar sem escrúpulos a sociedade em geral. É um filme que segue o nível de tosqueira do infame A Farsa dos Pinguins (2007) e mais constrange do que faz rir.

Você pode até argumentar que existe o humor por constrangimento, amplamente difundido na atualidade por The Office, mas aqui não acerta o timing cômico, então é só constrangedor mesmo. Claro que há momentos realmente engraçados, como na sequência em que os cachorros se drogam acidentalmente com cogumelos. É algo tão bizarro que beira o grotesco, mas definitivamente funciona. O problema é que o filme não escolhe uma vertente do humor para abraçar e acaba ficando cansativo. Eles tentam vários tipos de piadas no longa, o que não deixa a graça coesa.

Há também uma piada sensacional com os filmes ao estilo Marley & Eu, mas é apenas um gracejo muito criativo em meio a um humor duvidoso baseado exclusivamente em: “Olha só o cachorro fofo falando palavrão”. É pouco, sabe? E ter momentos realmente criativos no longa só aumenta a decepção porque passa a impressão de que poderiam ter feito uma comédia daquelas de marcar geração, tipo American Pie, Se Beber Não Case ou até mesmo o igualmente controverso Ted.

Lá fora, o grande chamariz para o projeto foi o elenco de alto nível cômico, encabeçado por Will Ferrell e Jamie Foxx, contando também com Isla Fisher e Randall Park. No Brasil, o filme chegou aos cinemas praticamente só contando com sessões dubladas, porque o estúdio contratou metade do Comedy Central para dar voz aos cachorros. E aí o trabalho foi trágico, porque o protagonista é vivido pelo dublador Wendel Bezerra, que contracena com um monte de humoristas. É complicado, porque a presença de um profissional da área no meio da galera novata mostra a diferença de nível dos trabalhos. E assim, não é culpa dos comediantes que aceitaram. Eles estão tentando fazer o que foram pagos para fazer, e quem não aceitaria ser pago para dar sua voz a um filme de comédia sendo um profissional do humor? A culpa é do estúdio que escalou um elenco de não-dubladores para dublar.

E o mais curioso disso tudo é que foi justamente a decisão do estúdio de ter pelo menos o protagonista sendo dublado profissionalmente que causou um estranhamento ainda maior. Talvez, se todos fossem Star Talents ou todos fossem dubladores profissionais, a diferença do nível das atuações não seria tão grande.

De qualquer forma, o filme tenta ser subversivo, mas acaba sendo apenas bobo. É tanta bobajada sem coesão em sequência que torna a sessão mais cansativa do que divertida, mesmo tendo uma ou outra ideia boa perdida pelo caminho. E de novo, caso o cinema mais próximo a você também esteja dizendo que a classificação indicativa é para maiores de 12 anos, não caia nessa. Sério, uma criança aprende menos palavrão e sacanagem ouvindo um disco do Costinha do que vendo Ruim Pra Cachorro.

Ruim Pra Cachorro está em cartaz nos cinemas.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Crítica | ‘Ruim Pra Cachorro’ DEFINITIVAMENTE faz jus ao título

Antes de começar a crítica, vale dar um aviso para evitar maiores constrangimentos. Apesar de ser um filme sobre cachorros falantes, Ruim Pra Cachorro NÃO É UM FILME INFANTIL. Sua classificação indicativa oficial no Brasil é para maiores de 16 anos, apesar de alguns cinemas terem erroneamente colocado sua classificação como para maiores de 12. O longa é um grande besteirol, recheado de palavrões e cenas escatológicas.

Digo isso porque assisti o filme em uma sessão com umas quatro famílias com crianças pequenas, que provavelmente foram ao cinema achando que veriam um tipo de Beethoven do século XXI ou coisa do tipo. E sinceramente, ver até que piada politicamente incorreta ou situação completamente constrangedora eles aguentavam antes de deixar a sessão foi mais divertido que o filme em si. Na última década, tivemos alguns longas que vieram nessa leva de subverter temas geralmente associados à infância em comédias escrachadas recheadas de sacanagem, como Ted e Festa da Salsicha. No entanto, ambos os exemplos citados agora tiveram uma estrutura narrativa bem mais sólida e divertida.

O filme acompanha um cachorrinho cujo único contato com a vida se resume ao que ele acredita ser o amor de seu dono. No entanto, o cara é um completo babaca que passou esse tempo inteiro maltratando o coitado. Então, após atribuir ao bichinho os piores nomes possíveis, tentar abandoná-lo trocentas vezes e ficar se masturbando na frente do coitado, o rapaz recebe uma carta de despejo e atravessa a cidade com o mascote para se livrar do bicho antes de se mudar. Só que o doguinho acha que é apenas mais uma das brincadeiras do dono e decide voltar até lá.

No entanto, ele conhece outros cachorros de rua no caminho, que abrem seus olhos para os abusos sofridos e como a vida de vira-lata pode ser boa se ele se basear em algumas regras: mije em tudo que quiser possuir, transe com tudo aquilo que te despertar desejo e aproveite a vida nas ruas. O problema é que o cachorrinho abusado fica revoltado e decide voltar para casa para se vingar do dono destruindo aquilo que ele mais ama: o próprio pênis.

 

Pois é, essa premissa meio absurda vem como uma paródia dos clássicos filmes de cachorro, geralmente dramáticos, que são lançados anualmente nos cinemas. Em meio a isso, eles constroem algumas piadas até boas, mas a grande maioria é bem fraca. Eles miram no humor ácido de South Park, repleto de palavrões e escatologia, só que carece das sacadas inteligentes da animação, que ficou famosa por ironizar sem escrúpulos a sociedade em geral. É um filme que segue o nível de tosqueira do infame A Farsa dos Pinguins (2007) e mais constrange do que faz rir.

Você pode até argumentar que existe o humor por constrangimento, amplamente difundido na atualidade por The Office, mas aqui não acerta o timing cômico, então é só constrangedor mesmo. Claro que há momentos realmente engraçados, como na sequência em que os cachorros se drogam acidentalmente com cogumelos. É algo tão bizarro que beira o grotesco, mas definitivamente funciona. O problema é que o filme não escolhe uma vertente do humor para abraçar e acaba ficando cansativo. Eles tentam vários tipos de piadas no longa, o que não deixa a graça coesa.

Há também uma piada sensacional com os filmes ao estilo Marley & Eu, mas é apenas um gracejo muito criativo em meio a um humor duvidoso baseado exclusivamente em: “Olha só o cachorro fofo falando palavrão”. É pouco, sabe? E ter momentos realmente criativos no longa só aumenta a decepção porque passa a impressão de que poderiam ter feito uma comédia daquelas de marcar geração, tipo American Pie, Se Beber Não Case ou até mesmo o igualmente controverso Ted.

Lá fora, o grande chamariz para o projeto foi o elenco de alto nível cômico, encabeçado por Will Ferrell e Jamie Foxx, contando também com Isla Fisher e Randall Park. No Brasil, o filme chegou aos cinemas praticamente só contando com sessões dubladas, porque o estúdio contratou metade do Comedy Central para dar voz aos cachorros. E aí o trabalho foi trágico, porque o protagonista é vivido pelo dublador Wendel Bezerra, que contracena com um monte de humoristas. É complicado, porque a presença de um profissional da área no meio da galera novata mostra a diferença de nível dos trabalhos. E assim, não é culpa dos comediantes que aceitaram. Eles estão tentando fazer o que foram pagos para fazer, e quem não aceitaria ser pago para dar sua voz a um filme de comédia sendo um profissional do humor? A culpa é do estúdio que escalou um elenco de não-dubladores para dublar.

E o mais curioso disso tudo é que foi justamente a decisão do estúdio de ter pelo menos o protagonista sendo dublado profissionalmente que causou um estranhamento ainda maior. Talvez, se todos fossem Star Talents ou todos fossem dubladores profissionais, a diferença do nível das atuações não seria tão grande.

De qualquer forma, o filme tenta ser subversivo, mas acaba sendo apenas bobo. É tanta bobajada sem coesão em sequência que torna a sessão mais cansativa do que divertida, mesmo tendo uma ou outra ideia boa perdida pelo caminho. E de novo, caso o cinema mais próximo a você também esteja dizendo que a classificação indicativa é para maiores de 12 anos, não caia nessa. Sério, uma criança aprende menos palavrão e sacanagem ouvindo um disco do Costinha do que vendo Ruim Pra Cachorro.

Ruim Pra Cachorro está em cartaz nos cinemas.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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