quinta-feira, junho 20, 2024

Crítica | Sangue Frio – Suspense da Netflix Tem Boa Premissa, Mas Se Enrola na Própria Proposta

Os eventos climáticos drásticos estão aí para mostrar que, quando eles acontecem, os seres humanos se tornam impotentes. Diante da força da Natureza, pouco se pode fazer. Agora, imagine que no meio de um evento climático extremo a pessoa ainda por cima esteja presa dentro de uma situação ainda mais extrema, refém da violência? Esse é o mote para ‘Sangue Frio’ (Cold Meat), suspense canadense disponível na Netflix que, desde sua estreia, tem se mantido inabalável no Top 10 da plataforma.

Sangue Frio

Ana (Nina Bergman, que trabalhou como modelo para criação de personagem de jogos, como ‘Call of Duty: Black Ops 4’) é uma garçonete numa lanchonete beira de estrada numa cidade no extremo do Canadá. Numa noite, em fim de turno, um cliente entra e pede um café, quando o ex-marido de Ana, Vincent (Yan Tual, de ‘Outlander’) aparece, violento, pedindo para ver a filha deles. É aí que David (Allen Leech, de ‘Bohemian Rhapsody’), o cliente, se mete no assunto e consegue convencer Vincent a ir embora. (Spoiler a seguir!) Ana fica profundamente grata a esse cliente, porém, David tem outros planos para ela e a sequestra-a, levando-a dopada em seu carro. Mas a tempestade de neve se intensifica no caminho, deixando sequestrador e vítima presos buscando sobreviver a um ao outro e às condições climáticas, enquanto ameaças externas rondam o carro misteriosamente.

Sangue Frio’ tem uma premissa interessante, que rapidamente é apresentada nos primeiros minutos do longa, garantindo a atenção do espectador com facilidade. O problema é que após dez, quinze minutos de longa, e todo o plot é apresentado (resumido na sinopse acima), as uma hora e tanta seguintes ficam num arrastar de mais do mesmo com pouca variação. São cenas e mais cenas dos dois personagens presos no carro, com apenas uma saída cada um tentando escapar e falhando miseravelmente. Para preencher o tempo de exibição, o roteiro de James Kermack e Andrew Desmond para a ideia original de Sébastien Drouin soca um bocado de diálogo entre os protagonistas para disfarçar a ausência de eventos no filme.

Sangue Frio

Por conta disso, o diretor Sébastien Drouin tem que se desdobrar para posicionar sua câmera no banco do carona e captar as sutilezas das conversas. É aí que o filme perde o espectador, ao colocar a vítima, Ana, no papel de investigadora, perguntando ao sequestrador, David, os motivos pelos quais ele faz o que faz, tentando recuperar algum senso de bondade nele, interessada mesmo, tal qual uma jornalista investigativa. Há ocasiões em que ambos poderiam se livrar um do outro, mas simplesmente não o fazem, pelas razões mais esdrúxulas. Ainda que o espectador de terror/suspense goste de um clichê, é preciso saber usá-lo, ou, do contrário, corre-se o risco de subestimar a intelectualidade de quem assiste.

Por fim, a resolução do embate ocorre graças a uma citação feita lá no início do filme, mas que parece fora do contexto uma vez que nem os personagens nem a história fazem menção a esse elemento por mais de uma hora de projeção. Aí do nada esse elemento aparece, como que uma cartada final do diretor para solucionar a peça de teatro confinatória que ele criou sem saber como finalizar.

Sangue Frio’ tem uma boa ideia, mas não consegue se sustentar num longa. Teria sido melhor no formato de um curta, mais objetivo e impactante. Vale pelos quinze minutos iniciais apenas.

Sangue Frio

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