segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | Screamers – Terror é mais um filhote de ‘A Bruxa de Blair’

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Monstro Genérico

Desde que A Bruxa de Blair se tornou um fenômeno cultural pop no fim da década de 1990, instaurou um novo estilo de cinema, rendendo inúmeros adeptos que se estendem até hoje. Trata-se do chamado found footage, subgênero não somente do terror, mas do cinema em si, no qual um falso documentário do tipo câmera na mão reproduz as imagens (tremidas) que vemos na tela.

Muitos alegam que o estilo está mais do que cansado, mas se muitas produções continuam a ser confeccionadas dentro dele, é porque segue dando resultado com uma parcela do público. Acredito que ainda possa haver criatividade dentro do subgênero e destacaria quatro produções que a meu ver a utilizaram bem: Poder Sem Limites (2012), found footage de super-heróis; Projeto X (2012), found footage de comédias adolescentes, estilo American Pie; No Olho do Tornado (2014), found footage de filmes catástrofe; e Amizade Desfeita (2014), found footage todo visto através de telas de computadores.



Agora chega este Screamers (#Screamers, no original), que infelizmente não é dos mais originais. Na verdade, o longa escrito por Dean Matthew Ronalds (também o diretor aqui) e Tom Malloy (o protagonista Tom Brennan) até começa bem, com certa seriedade e proposta de um eficiente insight no universo empreendedor de um novo site. Em sua segunda metade, o filme esquece qualquer vestígio de inteligência anteriormente apresentada e recai nos mais terríveis clichês e conveniências do gênero terror.

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Na trama, Tom (Malloy) e Chris (Chris Bannow) são jovens empreendedores de uma startup. O site Gigaler (a pronúncia “Guigular” é quase um trocadilho com Google) está no início de seu caminho para se tornar uma empresa de bilhões de dólares, e consiste em um agregador de vídeos, dos mais variados temas. Alguém disse Youtube? Tais vídeos garantem milhares de acessos ao site, que só abrem sua porta ao estrelato. O filme inicia e uma equipe de filmagens está descortinando esta companhia promissora, entrevistando seus funcionários e os donos da ideia. Até aí tudo está ótimo, esta é uma ideia bem interessante.

A guinada ocorre quando eles recebem um novo vídeo, um dos famosos, porém, hoje já mais que batidos “screamer” – vídeo que consiste em dar um baita susto no espectador, quando um monstro surge na frente da tela enquanto a compenetrada vítima prestava atenção em outro detalhe da imagem. A reação dos empresários é ficarem simplesmente maravilhados, como se tivessem descoberto a pólvora, o que faz pensar que talvez o filme se passe há alguns anos no passado, antes do boom da internet, e que de fato esteja satirizando o Youtube, por exemplo.

Quando tentam entrar em contato com a pessoa que enviou o vídeo, e depois repetidas vezes chegar com ela a um acordo de exclusividade, os empresários não são recebidos com o maior dos entusiasmos, ou de fato qualquer coerência. A mulher do outro lado da linha não faz sentido e é pra lá de sinistra, insistindo muitas vezes não poder falar, devido a alguém chamado Francis. Quando um dos funcionários descobre através de comentários no vídeo que a mulher que aparece em tal “screamer” está constando como desaparecida há pelo menos dois anos, uma reviravolta pra lá de gelada é trazida à tona. E que reviravolta, muito creepy.

Está construída uma premissa impactante o suficiente, bem criativa, que serve como base de uma produção de terror empenhada em trazer algo mais para a mesa do que o básico. No entanto, é quando numa das ideias mais idiotas da história, o então inteligente dono do negócio decide ir até a casa de onde o vídeo foi enviado, acreditando que a história toda não passe de uma elaborada brincadeira, que o filme começa a perder credibilidade e desandar. Isso mesmo depois da opinião contrária de toda a sua equipe, que coerentemente apontam o trabalho de se formular uma farsa deste tamanho por tanto tempo, apenas para deixar famoso um vídeo (Joaquin Phoenix, alguém?).

Desse trecho em diante o filme perde nosso respeito, por criar situações inverossímeis nas quais personagens inteligentes e bem construídos jamais cairiam. É como se de uma hora para outra o roteiro decidisse modificar os personagens, idiotizando-os. Como se não fosse o bastante a premissa bem elaborada e intrigante, os realizadores jogam tudo no lugar comum e no esperado, afinal, se não fosse assim, não teríamos um filme. Errado. Este pensamento é o típico  mais baixo denominador equivocado que costuma ser proferido. O filme pode existir, mas cabe aos realizadores pensarem numa solução para ele existir. Se não aguenta, para que veio?

O empresário com tino afiado para os negócios desce ao intelecto de um boçal quando cisma em confrontar o casal suspeito, com sua equipe à tira colo, sem qualquer sinal de polícia ou autoridade com eles. Obviamente, tal história não acaba bem. Não apenas isso, o sujeito decide ir no meio da noite, já que, preste atenção nisso, não quer que o casal os veja chegando com as câmeras. E que tal isso, durante o dia você tem menos probabilidade de morrer.  O filme ainda arruma tempo para enfiar na mistura a lenda de Francis Tumblety, figura que realmente existiu e suspeita-se ter sido a verdadeira identidade de Jack – O Estripador. E por que, você pergunta? Acho que precisavam de um vilão. Tudo que esse monstro faz, no entanto, é correr e gritar. Aqui, temos sequências idênticas, tiradas direta e desavergonhadamente de A Bruxa de Blair.

Screamers é um exemplo de boa ideia tragada para o limbo do lugar comum. Quando a audiência pede pelo esperado, nem sempre os realizadores precisam atender o pedido. Pois os que se sobressaem justamente enveredam pela contramão.

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Muitos alegam que o estilo está mais do que cansado, mas se muitas produções continuam a ser confeccionadas dentro dele, é porque segue dando resultado com uma parcela do público. Acredito que ainda possa haver criatividade dentro do subgênero e destacaria quatro produções que a meu ver a utilizaram bem: Poder Sem Limites (2012), found footage de super-heróis; Projeto X (2012), found footage de comédias adolescentes, estilo American Pie; No Olho do Tornado (2014), found footage de filmes catástrofe; e Amizade Desfeita (2014), found footage todo visto através de telas de computadores.

Agora chega este Screamers (#Screamers, no original), que infelizmente não é dos mais originais. Na verdade, o longa escrito por Dean Matthew Ronalds (também o diretor aqui) e Tom Malloy (o protagonista Tom Brennan) até começa bem, com certa seriedade e proposta de um eficiente insight no universo empreendedor de um novo site. Em sua segunda metade, o filme esquece qualquer vestígio de inteligência anteriormente apresentada e recai nos mais terríveis clichês e conveniências do gênero terror.

Na trama, Tom (Malloy) e Chris (Chris Bannow) são jovens empreendedores de uma startup. O site Gigaler (a pronúncia “Guigular” é quase um trocadilho com Google) está no início de seu caminho para se tornar uma empresa de bilhões de dólares, e consiste em um agregador de vídeos, dos mais variados temas. Alguém disse Youtube? Tais vídeos garantem milhares de acessos ao site, que só abrem sua porta ao estrelato. O filme inicia e uma equipe de filmagens está descortinando esta companhia promissora, entrevistando seus funcionários e os donos da ideia. Até aí tudo está ótimo, esta é uma ideia bem interessante.

A guinada ocorre quando eles recebem um novo vídeo, um dos famosos, porém, hoje já mais que batidos “screamer” – vídeo que consiste em dar um baita susto no espectador, quando um monstro surge na frente da tela enquanto a compenetrada vítima prestava atenção em outro detalhe da imagem. A reação dos empresários é ficarem simplesmente maravilhados, como se tivessem descoberto a pólvora, o que faz pensar que talvez o filme se passe há alguns anos no passado, antes do boom da internet, e que de fato esteja satirizando o Youtube, por exemplo.

Quando tentam entrar em contato com a pessoa que enviou o vídeo, e depois repetidas vezes chegar com ela a um acordo de exclusividade, os empresários não são recebidos com o maior dos entusiasmos, ou de fato qualquer coerência. A mulher do outro lado da linha não faz sentido e é pra lá de sinistra, insistindo muitas vezes não poder falar, devido a alguém chamado Francis. Quando um dos funcionários descobre através de comentários no vídeo que a mulher que aparece em tal “screamer” está constando como desaparecida há pelo menos dois anos, uma reviravolta pra lá de gelada é trazida à tona. E que reviravolta, muito creepy.

Está construída uma premissa impactante o suficiente, bem criativa, que serve como base de uma produção de terror empenhada em trazer algo mais para a mesa do que o básico. No entanto, é quando numa das ideias mais idiotas da história, o então inteligente dono do negócio decide ir até a casa de onde o vídeo foi enviado, acreditando que a história toda não passe de uma elaborada brincadeira, que o filme começa a perder credibilidade e desandar. Isso mesmo depois da opinião contrária de toda a sua equipe, que coerentemente apontam o trabalho de se formular uma farsa deste tamanho por tanto tempo, apenas para deixar famoso um vídeo (Joaquin Phoenix, alguém?).

Desse trecho em diante o filme perde nosso respeito, por criar situações inverossímeis nas quais personagens inteligentes e bem construídos jamais cairiam. É como se de uma hora para outra o roteiro decidisse modificar os personagens, idiotizando-os. Como se não fosse o bastante a premissa bem elaborada e intrigante, os realizadores jogam tudo no lugar comum e no esperado, afinal, se não fosse assim, não teríamos um filme. Errado. Este pensamento é o típico  mais baixo denominador equivocado que costuma ser proferido. O filme pode existir, mas cabe aos realizadores pensarem numa solução para ele existir. Se não aguenta, para que veio?

O empresário com tino afiado para os negócios desce ao intelecto de um boçal quando cisma em confrontar o casal suspeito, com sua equipe à tira colo, sem qualquer sinal de polícia ou autoridade com eles. Obviamente, tal história não acaba bem. Não apenas isso, o sujeito decide ir no meio da noite, já que, preste atenção nisso, não quer que o casal os veja chegando com as câmeras. E que tal isso, durante o dia você tem menos probabilidade de morrer.  O filme ainda arruma tempo para enfiar na mistura a lenda de Francis Tumblety, figura que realmente existiu e suspeita-se ter sido a verdadeira identidade de Jack – O Estripador. E por que, você pergunta? Acho que precisavam de um vilão. Tudo que esse monstro faz, no entanto, é correr e gritar. Aqui, temos sequências idênticas, tiradas direta e desavergonhadamente de A Bruxa de Blair.

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