domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Sete Homens e um Destino

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Magnífica Refilmagem

Sete Homens e um Destino chega para quebrar um pouco a máxima de negatividade em relação aos infames remakes. A enxurrada de refilmagens que assola Hollywood há anos não é vista com bons olhos por cinéfilos e críticos, no entanto, alguns raros casos conseguem transcender esse estigma. Funcionou para Bravura Indômita (2010) dos irmãos Coen – que refizeram a obra retentora do único Oscar na carreira da lenda John Wayne, datando de 1969 – e funciona, muito bem, aqui.

No entanto, as refilmagens de Bravura Indômita e Sete Homens e um Destino não são pares. O primeiro funciona mais no sentido tradicional do gênero western, ou faroeste, enquanto o segundo, na realidade, é um blockbuster, um filme de entretenimento, um ótimo exemplar de cinemão pipoca. Historicamente o gênero faroeste não casa bem com cinemão entretenimento, isto é, quando o cerne do gênero não é respeitado. Daí, ao longo de anos recentes, fomos brindados com produções duvidosas, do nível de As Loucas Aventuras de James West (1999), Jonah Hex (2010), Cowboys & Aliens (2011), O Cavaleiro Solitário (2013) e Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (2014).



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Quando a coisa funciona, ela vem na forma de cinema de arte, vide O Atalho (2010), Dívida de Honra (2014) e Slow West (2015) – este último ainda inédito no Brasil – ou estilizada por cineastas como Quentin Tarantino (Django Livre e Os Oito Odiados) e Alejandro G. Inarritu (O Regresso). Sete Homens e um Destino chega para mudar isso, e para mostrar que o faroeste pode sim casar com cinema entretenimento de forma bem satisfatória. Este é um grande mérito desta produção de quase US$ 100 milhões, baseada no filme homônimo de 1960, dirigido por John Sturges, que por sua vez é baseado no clássico japonês Os Sete Samurais (1954), do mestre Akira Kurosawa. A versão original gerou três sequências, A Volta dos Sete Homens (1966), A Revolta dos Sete Homens (1969) e A Fúria dos Sete Homens (1972), além de uma série de TV (1998 – 2000).

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No novo filme, apenas a ideia central foi mantida, tendo personagens, motivações e cenas sido repaginados. Na trama, um homem poderoso e sem escrúpulos (papel de Peter Sarsgaard, o vilão du jour, quando Christoph Waltz está de folga) passa por cima da moral e das vidas de uma pequena cidade. Uma das vítimas mais prejudicadas é a donzela vivida por Haley Bennett (em seu segundo trabalho ao lado de Denzel Washington e do diretor Antoine Fuqua depois de O Protetor). Pronta pra ser uma estrela (eu já sabia disso desde que a vi no obscuro Kaboom, de Gregg Akari), a jovem Bennett tem um dos personagens de destaque aqui e consegue segurar bem o nível ao lado de um elenco tão renomado. É sua personagem quem faz a trama girar, se comportando como as prostitutas do agora clássico de Clint Eastwood, Os Imperdoáveis (1992) – meu faroeste preferido.

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Emma Cullen (Bennett) é quem contrata os serviços do caçador de recompensas Chisolm, papel do sempre maravilhoso Denzel Washington, e ele, por sua vez, reúne mais seis filhos da mãe malvados para despejar um pouco de sua própria justiça nos malfeitores. Esqueça aquela bobagem recente, este é o verdadeiro Esquadrão Suicida, e funciona muito melhor em todos os quesitos almejados pela superprodução da Warner, seja na ação, na introdução de personagens, motivações, montagem e humor. De um em um, Chisolm recruta seu time de loucos desalmados, que faz uso do beberrão inconsequente Faraday (Chris Pratt), do urso eremita Jack Horne (Vincent D´Onofrio), do bandido mexicano (Manuel Garcia-Rulfo, num papel que seria do nosso Wagner Moura), do índio Red Harvest (Martin Sensmeier) e da dupla de golpistas Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke) e Billy Rocks (Byung-hun Lee). Está montada a festa.

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Sete Homens e um Destino mescla e transita bem entre estilos, girando o tom entre humor e drama de forma exímia. Parece fácil. Não é. O filme também nos brinda com um dos melhores elencos do ano, deixando todos bem confortáveis em seus típicos papeis. Na realidade, poucos atuam contra o tipo – quem sabe Ethan Hawke desenvolva melhor um personagem que nunca interpretou anteriormente, e não por acaso é um dos melhores em cena, dono do personagem mais interessante do filme. Pratt faz bem a rotina na qual tem ficado marcado, e Washington igualmente – embora este último exale boa atuação até mesmo de um espirro.

O grande porém se dá pela previsibilidade do roteiro, escrito por Richard Wenk (O Protetor) e Nic Pizzolatto (criador do programa True Detective), que transforma o terceiro ato num grande filme ação, onde tiros correm soltos de maneira incontrolável até que o último corpo esteja de pé. Mas este também não é um duelo de pistolas real, é um confronto esquematizado, no qual a maioria dos tiros atingem somente os inimigos, deixando os protagonistas imunes, ou a serem atingidos somente em momentos chave. Essa fórmula que se alonga um pouco e pode cansar, tira parte do brilho do que poderia ser um verdadeiro achado. Nada que arruíne o resultado final do novo produto do talentoso diretor Fuqua, nesta reunião da neo obra-prima Dia de Treinamento (2001).

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No entanto, as refilmagens de Bravura Indômita e Sete Homens e um Destino não são pares. O primeiro funciona mais no sentido tradicional do gênero western, ou faroeste, enquanto o segundo, na realidade, é um blockbuster, um filme de entretenimento, um ótimo exemplar de cinemão pipoca. Historicamente o gênero faroeste não casa bem com cinemão entretenimento, isto é, quando o cerne do gênero não é respeitado. Daí, ao longo de anos recentes, fomos brindados com produções duvidosas, do nível de As Loucas Aventuras de James West (1999), Jonah Hex (2010), Cowboys & Aliens (2011), O Cavaleiro Solitário (2013) e Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (2014).

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Quando a coisa funciona, ela vem na forma de cinema de arte, vide O Atalho (2010), Dívida de Honra (2014) e Slow West (2015) – este último ainda inédito no Brasil – ou estilizada por cineastas como Quentin Tarantino (Django Livre e Os Oito Odiados) e Alejandro G. Inarritu (O Regresso). Sete Homens e um Destino chega para mudar isso, e para mostrar que o faroeste pode sim casar com cinema entretenimento de forma bem satisfatória. Este é um grande mérito desta produção de quase US$ 100 milhões, baseada no filme homônimo de 1960, dirigido por John Sturges, que por sua vez é baseado no clássico japonês Os Sete Samurais (1954), do mestre Akira Kurosawa. A versão original gerou três sequências, A Volta dos Sete Homens (1966), A Revolta dos Sete Homens (1969) e A Fúria dos Sete Homens (1972), além de uma série de TV (1998 – 2000).

No novo filme, apenas a ideia central foi mantida, tendo personagens, motivações e cenas sido repaginados. Na trama, um homem poderoso e sem escrúpulos (papel de Peter Sarsgaard, o vilão du jour, quando Christoph Waltz está de folga) passa por cima da moral e das vidas de uma pequena cidade. Uma das vítimas mais prejudicadas é a donzela vivida por Haley Bennett (em seu segundo trabalho ao lado de Denzel Washington e do diretor Antoine Fuqua depois de O Protetor). Pronta pra ser uma estrela (eu já sabia disso desde que a vi no obscuro Kaboom, de Gregg Akari), a jovem Bennett tem um dos personagens de destaque aqui e consegue segurar bem o nível ao lado de um elenco tão renomado. É sua personagem quem faz a trama girar, se comportando como as prostitutas do agora clássico de Clint Eastwood, Os Imperdoáveis (1992) – meu faroeste preferido.

sete-cinepop5

Emma Cullen (Bennett) é quem contrata os serviços do caçador de recompensas Chisolm, papel do sempre maravilhoso Denzel Washington, e ele, por sua vez, reúne mais seis filhos da mãe malvados para despejar um pouco de sua própria justiça nos malfeitores. Esqueça aquela bobagem recente, este é o verdadeiro Esquadrão Suicida, e funciona muito melhor em todos os quesitos almejados pela superprodução da Warner, seja na ação, na introdução de personagens, motivações, montagem e humor. De um em um, Chisolm recruta seu time de loucos desalmados, que faz uso do beberrão inconsequente Faraday (Chris Pratt), do urso eremita Jack Horne (Vincent D´Onofrio), do bandido mexicano (Manuel Garcia-Rulfo, num papel que seria do nosso Wagner Moura), do índio Red Harvest (Martin Sensmeier) e da dupla de golpistas Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke) e Billy Rocks (Byung-hun Lee). Está montada a festa.

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Sete Homens e um Destino mescla e transita bem entre estilos, girando o tom entre humor e drama de forma exímia. Parece fácil. Não é. O filme também nos brinda com um dos melhores elencos do ano, deixando todos bem confortáveis em seus típicos papeis. Na realidade, poucos atuam contra o tipo – quem sabe Ethan Hawke desenvolva melhor um personagem que nunca interpretou anteriormente, e não por acaso é um dos melhores em cena, dono do personagem mais interessante do filme. Pratt faz bem a rotina na qual tem ficado marcado, e Washington igualmente – embora este último exale boa atuação até mesmo de um espirro.

O grande porém se dá pela previsibilidade do roteiro, escrito por Richard Wenk (O Protetor) e Nic Pizzolatto (criador do programa True Detective), que transforma o terceiro ato num grande filme ação, onde tiros correm soltos de maneira incontrolável até que o último corpo esteja de pé. Mas este também não é um duelo de pistolas real, é um confronto esquematizado, no qual a maioria dos tiros atingem somente os inimigos, deixando os protagonistas imunes, ou a serem atingidos somente em momentos chave. Essa fórmula que se alonga um pouco e pode cansar, tira parte do brilho do que poderia ser um verdadeiro achado. Nada que arruíne o resultado final do novo produto do talentoso diretor Fuqua, nesta reunião da neo obra-prima Dia de Treinamento (2001).

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