Lançada em 29 de janeiro, a primeira temporada da série animada Seu Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha está se encaminhando para o fim. Com um calendário de lançamento especial, a primeira semana trouxe dois episódios, enquanto essas duas últimas vieram com três episódios, cada. Os dois capítulos finais chegarão ao Disney+ na próxima quarta-feira (19).
Apesar de ter um início avassalador, com uma boa introdução dessa realidade alternativa ao MCU e um resgate da essência do personagem dos quadrinhos, esses últimos seis capítulos apresentaram uma incômoda variação de qualidade, muito por conta do foco dos episódios. Enquanto houve capítulos espetaculares, outros beiraram o insuportável de tão chatos e desinteressantes.
Enquanto a primeira semana terminou com o equilíbrio perfeito entre Peter Parker e Homem-Aranha, com o menino utilizando um traje improvisado e penando para equilibrar a vida de estudante com a de combatente do crime, tendo uma boa guinada na vida com o apadrinhamento de Norman Osborn, a segunda semana apostou em desenvolver o gancho bombástico do final do segundo episódio.
Com Norman descobrindo a identidade secreta do Homem-Aranha, a segunda semana caiu no mesmo ‘problema’ da introdução do herói no Universo Cinematográfico Marvel. Em vez de deixar que o menino desenvolvesse suas habilidades, descobrindo que grandes poderes trazem grandes responsabilidades, a série colocou novamente a figura de Peter Parker sob influência de um tutor bilionário e influente na sociedade. Essa relação de mestre e aprendiz já era incômoda com Tony Stark, com o Osborn fica ainda mais complexa, porque o cientista é reconhecidamente um controlador.
O protagonista, então, perde muito da própria personalidade ao ser colocado sob controle de Norman Osborn. Ele não está preocupado em ser um grande herói, ele está preocupado em não desapontar seu novo chefe. Essa dinâmica pode agradar a alguns, mas é muito decepcionante, porque se tem algo que o Peter tem, seja nos quadrinhos, jogos ou filmes, é personalidade. Colocá-lo novamente nessa posição de abdicar de certos ideais por conta do estágio é realmente frustrante.
![YouTube video](https://i.ytimg.com/vi/L_VNGisqMa4/hqdefault.jpg)
Mais do que isso, uma grande parte dos episódios da segunda semana foi dedicada a mostrar o garoto testando os novos uniformes produzidos pela Oscorp. Além disso, mesmo não estando no MCU, esse universo é similar em alguns pontos. Então, novamente, vemos os eventos dos Vingadores influenciarem nos caminhos do Homem-Aranha, como Norman Osborn utilizando o herói como barganha com o governo ante o Tratado de Sokovia. Isso poderia ser bem trabalhado, mas é meramente mencionado.
Porém, há de se ressaltar que os momentos dedicados a desenvolver a relação de amizade com Harry Osborn e a crise com Nico Minoru são excelentes. E isso reflete diretamente na crescente que os episódios entram na terceira semana. Paralelamente ao Peter, a jornada de Lonnie Lincoln para se transformar no supervilão Lápide vem sendo trabalhada de forma muito eficaz e interessante.
De forma geral, as duas primeiras semanas pecam muito na abordagem do Homem-Aranha, mas acertam nos breves momentos dedicados a trabalhar o núcleo do Peter Parker. E eles corrigem isso na terceira semana, que traz um equilíbrio um pouco maior, tendo um episódio quase que 80% dedicado a essas relações de confiança e crises de amizade adolescente entre o trio principal.
Quanto ao Homem-Aranha, Peter consegue partir mais para a ação, enfrentando vilões clássicos e encontrando heróis consagrados. O confronto com o Demolidor é incrível, e só não é melhor porque o estilo de animação investe em uma movimentação mais vagarosa, que reduz muito o impacto das cenas de ação. Há também um embate espetacular contra o Escorpião, que encontra nesta série sua adaptação mais violenta até hoje. É um duelo realmente de alto nível e com muitas surpresas.
Com apenas dois episódios para o fim, Seu Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha entra nesta reta final no ponto mais alto da série. No entanto, esse retrospecto inconstante da segunda semana ainda segue como um incômodo. Esses dois capítulos finais serão decisivos para definir se a série poderá ser considerada um sucesso ou se ficará aquém de seu potencial, dando aquela sensação de frustração. Vamos ver o que vem por aí. A expectativa é boa, já que o traje clássico do herói enfim fez sua estreia.