quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | Shippados – Comédia nacional se perde na construção dos protagonistas

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A comédia é um gênero de produção audiovisual que precisa ter cuidado ao ser manejada. Enquanto alguns acertam sem pestanejar desde o início, outros fracassam desde o princípio e existem aqueles em que o começo é excelente, mas se perdem no meio da situação.

Shippados, nova série original da plataforma Globoplay, que teve seu episódio piloto exibido na ‘Sessão Globoplay’, da TV aberta, conta a história de dois jovens azarados, de personalidades peculiares, em busca do amor através dos aplicativos. Rita (Tatá Werneck) possui alguns traumas na bagagem e relata os acontecimentos da sua vida em um vlog. Enzo (Eduardo Sterblitch) divide o apartamento com Valdir (Luis Lobianco), que namora Brita (Clarice Falcão), e os três vivem discutindo devido às diferenças. Após um encontro mal sucedido, eles (Rita e Enzo) se conhecem e vão descobrindo coisas em comum.



A produção tem os nomes Alexandre Machado (Os Normais – O Filme) e Fernanda Young (Os Normais) como criadores, o que já faz com que o público espere por algo, por menor que seja, que lembre Os Normais. Aqui o roteiro está modernizado, acompanhando as tecnologias, os discursos, as construções de identidades atuais, entre outras coisas que se aplicam a geração millenials, que é onde se encaixam os personagens dessa história.

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A dramaturgia tem um começo intrigante, levando o espectador a querer descobrir mais sobre o universo que cerca os protagonistas e esse romance que está iniciando. A princípio, é uma descoberta gostosa e ao mesmo tempo divertida, um roteiro que permite ao público relaxar e aproveitar a trama no fim do dia. Alguns dos pontos levantados permitem a reflexão, enquanto outros estão ali somente para arrancar boas gargalhadas.

Contudo, a linearidade começa a se perder a partir da metade da série e a personagem de Tatá Werneck vai de interessante, cheia de camadas, para um ser humaninho chato, cuja personalidade parece ser desconstruída ao ponto de perder todo o carisma conquistado. E a construção de Enzo, infelizmente, caminha para a mesma situação. Ele, que chega a ser ainda mais peculiar e atrativo, perde parte do brilho e mostra alguns resquícios de babaquice enrustidas, especialmente quando conhecemos seus pais.

Enquanto o roteiro vai desandando na trama principal e na manutenção dos protagonistas, os secundários ganham os holofotes e são eles que conseguem manter os espectadores vidrados até o final. Apesar de poucas cenas e background, Júlia Rabello, que dá vida a Suzete, e Rafael Queiroga, que interpreta Hélio, são personagens tão divertidos, além, claro, das interpretações espetaculares, que é impossível se manter sério quando aparecem em tela. A dupla ganha os momentos em que aparecem e ofuscam até mesmo o protagonismo de Werneck e Sterblitch.

Falcão e Lobianco, apesar de estarem na pele de personagens não tão carismáticos, demonstram bastante confiança ao vivenciarem essas duas pessoas adeptas ao nudismo. Sem contar que a química dos dois é quase palpável de tão verdadeira. Por outro lado, quem vence na categoria pior personagem é Dolores (Yara de Novaes), além de não possuir simpatia alguma, a mãe de Rita tem um desenvolvimento caricato e só funciona nas cenas em que faz com Rabello.

Em quesitos técnicos, a produção tem uma trilha sonora espetacular, em especial quando a situação envolve o Enzo, e a direção de arte segue firme no quesito de excelência. A direção técnica está conforme o roteiro pede e segue fazendo bons alinhamentos nas colisões de acontecimentos que unem esses personagens. Um detalhe que mudaria: a abertura, pois a mesma chega a dar nos nervos assistir.

No geral, Shippados é uma comédia nacional que consegue cativar o telespectador, em full mode, até o episódio sete, mas se perde na construção dos protagonistas e desalinha totalmente aquilo que vinha sendo mostrado da personalidade de cada um, parecendo criar duas novas pessoas com resquícios das que o espectador se apaixonou no início da trama. Por outro lado, possui secundários de primeira classe.

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A comédia é um gênero de produção audiovisual que precisa ter cuidado ao ser manejada. Enquanto alguns acertam sem pestanejar desde o início, outros fracassam desde o princípio e existem aqueles em que o começo é excelente, mas se perdem no meio da situação.

Shippados, nova série original da plataforma Globoplay, que teve seu episódio piloto exibido na ‘Sessão Globoplay’, da TV aberta, conta a história de dois jovens azarados, de personalidades peculiares, em busca do amor através dos aplicativos. Rita (Tatá Werneck) possui alguns traumas na bagagem e relata os acontecimentos da sua vida em um vlog. Enzo (Eduardo Sterblitch) divide o apartamento com Valdir (Luis Lobianco), que namora Brita (Clarice Falcão), e os três vivem discutindo devido às diferenças. Após um encontro mal sucedido, eles (Rita e Enzo) se conhecem e vão descobrindo coisas em comum.

A produção tem os nomes Alexandre Machado (Os Normais – O Filme) e Fernanda Young (Os Normais) como criadores, o que já faz com que o público espere por algo, por menor que seja, que lembre Os Normais. Aqui o roteiro está modernizado, acompanhando as tecnologias, os discursos, as construções de identidades atuais, entre outras coisas que se aplicam a geração millenials, que é onde se encaixam os personagens dessa história.

A dramaturgia tem um começo intrigante, levando o espectador a querer descobrir mais sobre o universo que cerca os protagonistas e esse romance que está iniciando. A princípio, é uma descoberta gostosa e ao mesmo tempo divertida, um roteiro que permite ao público relaxar e aproveitar a trama no fim do dia. Alguns dos pontos levantados permitem a reflexão, enquanto outros estão ali somente para arrancar boas gargalhadas.

Contudo, a linearidade começa a se perder a partir da metade da série e a personagem de Tatá Werneck vai de interessante, cheia de camadas, para um ser humaninho chato, cuja personalidade parece ser desconstruída ao ponto de perder todo o carisma conquistado. E a construção de Enzo, infelizmente, caminha para a mesma situação. Ele, que chega a ser ainda mais peculiar e atrativo, perde parte do brilho e mostra alguns resquícios de babaquice enrustidas, especialmente quando conhecemos seus pais.

Enquanto o roteiro vai desandando na trama principal e na manutenção dos protagonistas, os secundários ganham os holofotes e são eles que conseguem manter os espectadores vidrados até o final. Apesar de poucas cenas e background, Júlia Rabello, que dá vida a Suzete, e Rafael Queiroga, que interpreta Hélio, são personagens tão divertidos, além, claro, das interpretações espetaculares, que é impossível se manter sério quando aparecem em tela. A dupla ganha os momentos em que aparecem e ofuscam até mesmo o protagonismo de Werneck e Sterblitch.

Falcão e Lobianco, apesar de estarem na pele de personagens não tão carismáticos, demonstram bastante confiança ao vivenciarem essas duas pessoas adeptas ao nudismo. Sem contar que a química dos dois é quase palpável de tão verdadeira. Por outro lado, quem vence na categoria pior personagem é Dolores (Yara de Novaes), além de não possuir simpatia alguma, a mãe de Rita tem um desenvolvimento caricato e só funciona nas cenas em que faz com Rabello.

Em quesitos técnicos, a produção tem uma trilha sonora espetacular, em especial quando a situação envolve o Enzo, e a direção de arte segue firme no quesito de excelência. A direção técnica está conforme o roteiro pede e segue fazendo bons alinhamentos nas colisões de acontecimentos que unem esses personagens. Um detalhe que mudaria: a abertura, pois a mesma chega a dar nos nervos assistir.

No geral, Shippados é uma comédia nacional que consegue cativar o telespectador, em full mode, até o episódio sete, mas se perde na construção dos protagonistas e desalinha totalmente aquilo que vinha sendo mostrado da personalidade de cada um, parecendo criar duas novas pessoas com resquícios das que o espectador se apaixonou no início da trama. Por outro lado, possui secundários de primeira classe.

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