domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Última Noite: Terror cômico natalino com Keira Knightley poderia ser incrível, mas se perde

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2021

Temas apocalípticos nunca foram tão palpáveis em nossas vidas. E em uma Hollywood que ama uma catástrofe global de proporções bíblicas, filmes como A Última Noite facilmente encontram em nós um cantinho, um apreço natural. E no longa dirigido e roteirizado por Camille Griffin, nossos conflitos com o meio ambiente chegam ao seu epicentro, resultando em uma reação em cadeia onde a morte chegará no exato dia em que celebramos o nascimento de Cristo. Mas no terror cômico natalino estrelado por Keira Knightley, o que poderia ser uma oportunidade valiosa de debater privilégios e outras injustiças sociais se transforma em uma experiência incompleta, onde ficamos tanto à deriva quanto os próprios personagens.



O que A Última Noite traz de cativante é a conflitante e constante tensão entre os personagens, por todos saberem e temerem o instante de suas mortes. Durante aquele que será o último jantar entre um grupo de amigos e suas respectivas famílias, questões existenciais, traumas do passado e problemas mal resolvidos voltam à vida como zumbis, enquanto todos esperam pelo momento em que poderão tomar aquela pílula “mágica” que garantirá uma morte indolor – em meio a um cenário onde o ar tóxico causa uma asfixia mortal digna de um filme de terror. Mas Griffin se perde na sua própria narrativa.

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Ainda que tente abordar questões fundamentais como diferenças sociais – em um contexto onde apenas os ricos tiveram acesso à pílula da morte -, a roteirista é incapaz de se aprofundar em seus apontamentos, deixando aquelas reflexões existenciais, que deveriam ser tão conflitantes para a audiência, como meras frases de pára-choque. Mesmo com um background instigante, ainda parece que estamos diante de conversas vazias e cheias de privilégios e o que deveria soar como uma ácida e quase metalinguística crítica socioambiental, acaba perecendo como um grande vazio ao final do filme.

E A Última Noite tem os elementos certos. Consegue ser angustiante até certo ponto, mas é raso demais para nos fazer importar até mesmo com as suas questões mais sérias. Com personagens pouco cativantes, não nos identificamos com suas histórias e dilemas e passamos boa parte do tempo em conflito. Será que o filme é tão ruim que nos deixou vazios de sentidos e sentimentos ou seria ele bom demais para dimensionarmos? Os erros de sua construção nos apontam mais para a primeira opção.

O filme é sobre um fragmento, o hiato final da existência humana, mas mesmo tendo a oportunidade de explorar assuntos existenciais mais fundamentais – naturais do fim da vida, o roteiro nunca chega lá, não nos confronta na nossa própria e apocalíptica realidade de pandemia. E ainda que Knightley e Matthew Goode se esforcem com vontade, apenas Roman Griffin Davis (conhecido por estrelar Jojo Rabbit) é quem realmente brilha, como a personificação da histeria do iminente fim.

Mas A Última Noite não é de todo mal. Ainda que seja esquecível, o thriller consegue acertar em alguns raros momentos e cresce vertiginosamente em seu terceiro e último ato, ainda que seja um pouco tarde demais. De modo geral, o filme nos intriga. Mas quando analisado de perto, sua falta de substância grita a plenos pulmões e seus debates pobres e simplistas demais infelizmente tornam aquilo que poderia ser uma ótima experiência em um terror melancólico ambicioso demais para conseguir suprir suas próprias expectativas.

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Temas apocalípticos nunca foram tão palpáveis em nossas vidas. E em uma Hollywood que ama uma catástrofe global de proporções bíblicas, filmes como A Última Noite facilmente encontram em nós um cantinho, um apreço natural. E no longa dirigido e roteirizado por Camille Griffin, nossos conflitos com o meio ambiente chegam ao seu epicentro, resultando em uma reação em cadeia onde a morte chegará no exato dia em que celebramos o nascimento de Cristo. Mas no terror cômico natalino estrelado por Keira Knightley, o que poderia ser uma oportunidade valiosa de debater privilégios e outras injustiças sociais se transforma em uma experiência incompleta, onde ficamos tanto à deriva quanto os próprios personagens.

O que A Última Noite traz de cativante é a conflitante e constante tensão entre os personagens, por todos saberem e temerem o instante de suas mortes. Durante aquele que será o último jantar entre um grupo de amigos e suas respectivas famílias, questões existenciais, traumas do passado e problemas mal resolvidos voltam à vida como zumbis, enquanto todos esperam pelo momento em que poderão tomar aquela pílula “mágica” que garantirá uma morte indolor – em meio a um cenário onde o ar tóxico causa uma asfixia mortal digna de um filme de terror. Mas Griffin se perde na sua própria narrativa.

Ainda que tente abordar questões fundamentais como diferenças sociais – em um contexto onde apenas os ricos tiveram acesso à pílula da morte -, a roteirista é incapaz de se aprofundar em seus apontamentos, deixando aquelas reflexões existenciais, que deveriam ser tão conflitantes para a audiência, como meras frases de pára-choque. Mesmo com um background instigante, ainda parece que estamos diante de conversas vazias e cheias de privilégios e o que deveria soar como uma ácida e quase metalinguística crítica socioambiental, acaba perecendo como um grande vazio ao final do filme.

E A Última Noite tem os elementos certos. Consegue ser angustiante até certo ponto, mas é raso demais para nos fazer importar até mesmo com as suas questões mais sérias. Com personagens pouco cativantes, não nos identificamos com suas histórias e dilemas e passamos boa parte do tempo em conflito. Será que o filme é tão ruim que nos deixou vazios de sentidos e sentimentos ou seria ele bom demais para dimensionarmos? Os erros de sua construção nos apontam mais para a primeira opção.

O filme é sobre um fragmento, o hiato final da existência humana, mas mesmo tendo a oportunidade de explorar assuntos existenciais mais fundamentais – naturais do fim da vida, o roteiro nunca chega lá, não nos confronta na nossa própria e apocalíptica realidade de pandemia. E ainda que Knightley e Matthew Goode se esforcem com vontade, apenas Roman Griffin Davis (conhecido por estrelar Jojo Rabbit) é quem realmente brilha, como a personificação da histeria do iminente fim.

Mas A Última Noite não é de todo mal. Ainda que seja esquecível, o thriller consegue acertar em alguns raros momentos e cresce vertiginosamente em seu terceiro e último ato, ainda que seja um pouco tarde demais. De modo geral, o filme nos intriga. Mas quando analisado de perto, sua falta de substância grita a plenos pulmões e seus debates pobres e simplistas demais infelizmente tornam aquilo que poderia ser uma ótima experiência em um terror melancólico ambicioso demais para conseguir suprir suas próprias expectativas.

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