domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Sky Rojo – 2ª temporada não acelera a trama e roda em círculos

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Álex Pina tem um negócio meio esquisito no seu DNA artístico. Ele tem ideias muito ótimas para filmes e séries – ideias que devem soar muito boas quando vende seus projetos para as produtoras. Aí a coisa sai do papel e se transforma em um sucesso na Netflix, conquistando fãs imediatamente. Tudo garantido, a impressão que se tem é que ele deixa o projeto em modo automático e vai se dedicar a outras ideias, deixando o barco boiando sem capitão. É exatamente aí que a coisa toda desanda. Aconteceu isso com ‘La Casa de Papel’, com ‘Vis a Vis’ e acontece agora com a recém estreada segunda temporada de ‘Sky Rojo’ na Netflix.



Depois de terem enterrado vivo a Moisés (Miguel Ángel Silvestre), Gina (Yany Prado) e Wendy (Lali Espósito) tentam sobreviver no deserto e ir ao encontro marcado, porém, Christian (Enric Auquer) segue na cola delas. Enquanto isso, Coral (Verónica Sánchez) decide arriscar tudo e voltar ao bordel de Romeo (Asier Etxeandia) para acertar as contas com ele e liberar as outras meninas que seguem trabalhando lá, devolvendo-lhes seus passaportes. Porém, o plano de Coral não dá nada certo, e logo o jogo vira, de modo que ela e suas amigas voltam a ter que lutar para sobreviver das garras dos capangas de Romeo.

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Sky Rojo’ teve uma primeira temporada ótima, que ia aumentando a dose de emoção capítulo a capítulo, tornando-a facilmente maratonável como um bom produto de entretenimento. Nesta segunda parte, porém, parece que o roteiro de David Barrocal, Esther Martínez Lobato e David Oliva se perde em si mesmo, e fica andando em círculos sem conseguir sair do lugar. Como viciados em adrenalina, o roteiro faz com que os personagens repitam as mesmas situações constantemente, incapazes de seguir adiante com suas decisões. Assim o espectador se depara com a inconsistência do enredo, que se apresenta sem história; sem ter para onde ir, a segunda temporada parece uma eterna enchessão de linguiça, recheada de flashbacks enfadonhos do passado e de sonhos dos personagens – que, por suas vezes, estão mais reflexivos, sentimentais e, consequentemente, mais desinteressantes do que na primeira impressão que tivemos.

Apesar de sem sentido, a direção geral de David Victori mantém a agilidade que dá o tom das produções de Álex Pina, corroborada por uma montagem impecável que confere ritmo e imersão nas cenas de ação e de introspecção. Uma das sacadas mais legais é vista na cena em que as três protagonistas estão sufocando dentro de um carro enterrado debaixo de concreto: para passar a sensação de confinamento e sufoco, a tomada vai fechando nas laterais, de modo que o rosto das personagens vai preenchendo os quadrados da tela, como se o ar estivesse acabando.

Para a infelicidade dos fãs, a segunda temporada de ‘Sky Rojo’ é bem chata e cansativa. Pega tudo que gostamos na primeira e bota no congelador, e, no lugar, nos apresenta um prato requentado morno e insosso. Do jeito que termina, nem precisa voltar para uma terceira temporada, e, a bem da verdade, teria sido melhor ter parado na primeira mesmo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Álex Pina tem um negócio meio esquisito no seu DNA artístico. Ele tem ideias muito ótimas para filmes e séries – ideias que devem soar muito boas quando vende seus projetos para as produtoras. Aí a coisa sai do papel e se transforma em um sucesso na Netflix, conquistando fãs imediatamente. Tudo garantido, a impressão que se tem é que ele deixa o projeto em modo automático e vai se dedicar a outras ideias, deixando o barco boiando sem capitão. É exatamente aí que a coisa toda desanda. Aconteceu isso com ‘La Casa de Papel’, com ‘Vis a Vis’ e acontece agora com a recém estreada segunda temporada de ‘Sky Rojo’ na Netflix.

Depois de terem enterrado vivo a Moisés (Miguel Ángel Silvestre), Gina (Yany Prado) e Wendy (Lali Espósito) tentam sobreviver no deserto e ir ao encontro marcado, porém, Christian (Enric Auquer) segue na cola delas. Enquanto isso, Coral (Verónica Sánchez) decide arriscar tudo e voltar ao bordel de Romeo (Asier Etxeandia) para acertar as contas com ele e liberar as outras meninas que seguem trabalhando lá, devolvendo-lhes seus passaportes. Porém, o plano de Coral não dá nada certo, e logo o jogo vira, de modo que ela e suas amigas voltam a ter que lutar para sobreviver das garras dos capangas de Romeo.

Sky Rojo’ teve uma primeira temporada ótima, que ia aumentando a dose de emoção capítulo a capítulo, tornando-a facilmente maratonável como um bom produto de entretenimento. Nesta segunda parte, porém, parece que o roteiro de David Barrocal, Esther Martínez Lobato e David Oliva se perde em si mesmo, e fica andando em círculos sem conseguir sair do lugar. Como viciados em adrenalina, o roteiro faz com que os personagens repitam as mesmas situações constantemente, incapazes de seguir adiante com suas decisões. Assim o espectador se depara com a inconsistência do enredo, que se apresenta sem história; sem ter para onde ir, a segunda temporada parece uma eterna enchessão de linguiça, recheada de flashbacks enfadonhos do passado e de sonhos dos personagens – que, por suas vezes, estão mais reflexivos, sentimentais e, consequentemente, mais desinteressantes do que na primeira impressão que tivemos.

Apesar de sem sentido, a direção geral de David Victori mantém a agilidade que dá o tom das produções de Álex Pina, corroborada por uma montagem impecável que confere ritmo e imersão nas cenas de ação e de introspecção. Uma das sacadas mais legais é vista na cena em que as três protagonistas estão sufocando dentro de um carro enterrado debaixo de concreto: para passar a sensação de confinamento e sufoco, a tomada vai fechando nas laterais, de modo que o rosto das personagens vai preenchendo os quadrados da tela, como se o ar estivesse acabando.

Para a infelicidade dos fãs, a segunda temporada de ‘Sky Rojo’ é bem chata e cansativa. Pega tudo que gostamos na primeira e bota no congelador, e, no lugar, nos apresenta um prato requentado morno e insosso. Do jeito que termina, nem precisa voltar para uma terceira temporada, e, a bem da verdade, teria sido melhor ter parado na primeira mesmo.

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