terça-feira, março 19, 2024

Crítica | Sobibor – Selecionado da Rússia ao Oscar aborda o Holocausto

Fugindo do Inferno

Longa russo que foi a escolha do país para uma chance entre os indicados ao Oscar de produção estrangeira este ano, Sobibor narra uma edificante história real sobre a resiliência do espírito humano em seus momentos de maior desespero e desamparo. O filme não entrou entre os cinco postulantes, mas definitivamente retrata uma digna jornada por um dos períodos mais negros da humanidade, embalada por muita coragem e instinto de sobrevivência.

Sobibor, dirigido pelo ator e cineasta estreante Konstantin Khabenskiy, chega aos cinemas brasileiros bem próximo ao relançamento do neoclássico de Steven Spielberg, A Lista de Schindler (1993), com ele formando uma interessante dobradinha de tópicos. A obra russa também se propõe a descortinar o terrível período dos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, onde milhares de Judeus eram covardemente torturados e massacrados.

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Já numa das primeiras cenas, onde acompanhamos a chegada dos prisioneiros ao cativeiro, o filme trata de puxar o tapete debaixo de nossos pés ao apresentar os possíveis protagonistas, destacando certos personagens, e logo em seguida tratando de eliminá-los como algumas das primeiras vítimas da horripilante situação na qual se encontram. O recado é claro: “não se apegue a ninguém, esta é uma carnificina sem regras ou sentido”.

A proposta é louvável e digna de grandes cineastas – em suas estruturas corajosas, eliminando ainda no primeiro ato os pseudo protagonistas. O problema de Sobibor é que os personagens com os quais de fato ficamos e que somos convidados a acompanhar não se destacam o suficiente. A proposta pode inclusive ser proposital. São criadas diversas subtramas com alguns dos presos. Por outro lado, não aproxima o público da história, como fez Spielberg, por exemplo, em seu citado épico do Holocausto.

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O segundo ato de Sobibor se arrasta por entre trucidações e trechos difíceis de serem assistidos. Humilhações, torturas físicas e psicológicas e um verdadeiro reinado de medo imperam durante a projeção. A volta por cima é dada no derradeiro ato, no qual o longa consegue pescar novamente nosso interesse, criando suspense narrativo na forma em que os prisioneiros planejam sua fuga. E caso você não conheça a história real, saiba que o filme relata um dos mais notórios casos de escapada de um campo de concentração por parte dos prisioneiros, que se insurgiram contra seus captores.

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Curiosamente, Sobibor foi gravado simultaneamente em outras quatro línguas além do russo – visando sua distribuição internacional. No elenco, chama atenção o eterno Highlander, Christopher Lambert, que interpreta um oficial do alto escalão nazista. Acostumado a papéis de heróis no cinema, o ator dá vida a seu antagonista com gosto. No entanto, Lambert foi o único membro do elenco que gravou suas cenas em inglês – e precisou ser dublado, o que terminou prejudicando sua performance.

Não deixe de assistir:

Sobibor é um filme correto, dono de palpáveis resquícios históricos, recomendado para os aficionados e todos aqueles que tenham interesse pelo período e por estudar o tema. Para os demais, não é uma obra que se destaque, ou que adicione muito cinematograficamente ao que se propõe a dizer ou fazer. Mesmo assim, não se torna dispensável de forma alguma.

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